The Walkmen @ TMN Ao Vivo (4.11.2012)

The Walkmen @ TMN Ao Vivo (4.11.2012)

Prometemos-lhes Lisboa, eles prometem o Céu

Em casa. Lisboa não é uma cidade desconhecida para os The Walkmen. “Lisbon” (2010) prova-o. A banda de Hamilton Leithauser trouxe, mais uma vez, na noite de 4 de Novembro no TMN Ao Vivo, a elegância do seu garage rock. Desta vez para apresentar “Heaven”, o sétimo disco de estúdio da banda de Nova Iorque e Filadélfia (e Lisboa, quase).

“Boa noite, eu sou o Filho da Mãe e vocês também”, assim se apresentou Rui Carvalho. Sozinho em palco, mas não só. Acompanhado da sua guitarra acompanhou-nos durante mais de meia hora com a intimidade das suas histórias musicadas. «Sobretudo», «Vaca Velha» ou «Helena Aquática» ensinaram a alguns que “não é playback, são loops”, como ouvimos alguém dizer.

Roubemos a questão ao filme português deste ano, com realização de Mónica Santa Baptista, e a participação dos The Walkmen na banda sonora, “O que Há de Novo no Amor?”. Que lição nos ensinam este cinco cavalheiros que escondem lamentos do passado e boas-novas do presente entre melodias e charme. Uma banda de “culto” para os que sabem saborear a intensidade de um romantismo vadio e de fato inteiro.

Com uma entrada discreta em palco, «Line by Line» e «Love You Love», do recente “Heaven”, ditou o que se haveria de esperar das primeiras músicas. Uma economia entre o silêncio do público, o carisma e protagonismo de Leithauser e a reserva no desempenho e qualidade da banda que o acompanha. A mensagem de «Heartbreaker» foi recebida e o refrão (“I’m not your heartbreaker”) cantado em coro e alma (quantas vezes não tivemos vontade de o dizer?).

Nome inspirado em anteriores passagens pela cidade, “Lisbon” (2010) é revisitado com «Blue as Your Blood» e «Angela Surf City». E os The Walkmen mexem na sua escolha de temas e bagagem com a mesma leveza com que nos levam ao passado e aclaram antigas emoções. «On the Water», «In The New Year» e «Dónde está la playa» do “You&Me” (2008) deixam um desconforto agradável e as feridas voltam a doer. Pelo meio, «138th Street» de “Bows + Arrows” (2004). Continuamos a marcha (de lenta, pouco) sobre datas passadas e ruas perdidas.

O silêncio “respeitador” quebra-se com «All Hands and the Cook» do pouco aclamado “A Hundred Miles Off” (2006). As vozes libertam-se às primeiras notas de «Juveniles» e os corpos balançam sobre si ao som da energética balada. «The Rat», muito provavelmente a mais esperada da noite, dispara as vozes em uníssimo numa mistura eléctrica de nervos com guitarra e bateria. Seguem-se «Love Is Luck» e «We Can’t Be Beat», mas seria «Heaven» a apoteose final. Entre “Remember, remember, all we fight for” e “oh oh ohhh”, Hamilton Leithauser, Paul Maroon, Walter Martin, Peter Bauer e Matt Barrick agradecem e despedem-se (por agora). “Oh oh ohhh” ecoa repetidamente na sala.

Um encore muito desejado e demorado faz regressar a banda a palco. O Domingo termina com «I Lost You», «Everyone Who Pretended To Like Me Is Gone» e «Another One Goes By». Faltou a «Lisbon», ora.

Fica a dúvida: seria o Coliseu demasiado grande ou foi a sala TMN Ao Vivo demasiado pequena?

Fotografia por José Eduardo Real



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