Tiga DJ Set
E o Casino… não veio abaixo.
Em noite de tempestade, o sempre charmoso Salão Preto e Prata do Casino Estoril ignorou o clima e vestiu-se de cores gritantes para dar as boas-vindas a Tiga, um dos principais precursores do electroclash do princípio deste milénio. Aconteceu no último dia de Janeiro, a partir das 00h30.
O jet set fez questão de aparecer. Na área VIP comentava-se o horror das garrafas de vinho e copos de plástico brancos espalhados pela outrora imaculada relva do Casino Estoril.
Alguns saudosos da velha guarda electro vislumbravam-se por entre a massa de jovens rendidos à onda do maximal, que prevaleceu durante toda a festa. Com iluminação e efeitos visuais que o Salão provavelmente nunca tinha visto, dançarinas, dançarinos e malabaristas ajudaram Tiga a contagiar a audiência. O guarda-roupa longe de ortodoxo, capaz de fazer saltar os olhos das órbitas, tanto a meninos como a meninas, desviaram por vezes as atenções da estrela da noite.
Assim decorreram as cerca de três horas do set de Tiga. Música electrónica de batida forte acompanhada, como sempre, de luz e dança. O volume baixo prejudicou ainda assim a experiência de alguns fãs mais fiéis, que se aproximaram da mesa de mistura para incentivar Tiga. Este manteve-se impávido e sereno enquanto calculava a próxima passagem. O mesmo aconteceu com os seus decibéis, que na pista deixavam ouvir sem grande esforço as conversas dos vizinhos do lado.
O excesso de gente que já se adivinhava tornou-se evidente quando por toda a parte pessoas se acotovelavam para chegar aos bares, ir à casa-de-banho, ou simplesmente movimentar-se na pista. A partir das três da manhã já se sentia o desconforto do staff do casino em acolher um público mais jovem que o habitual. Quando bateram as quatro da manhã, tudo terminou de uma forma um pouco abrupta. Fez-se silêncio no Casino Estoril, enquanto as pessoas se acotovelavam, desta vez para sair.
Uma festa destas exige woofers cansados no final. Gente suada, risonha e ainda tocada pelo êxtase da experiência. Pois a realidade foi diferente. Os woofers foram tão usados como num pôr-do-sol de chillout em Ibiza. Em vez de gente suada conversando relaxadamente, havia gente penteada e engomadinha a fazer tempo para não ir logo para o frio da rua.
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Quando vi aqui esta reportagem até tive medo, após ler dei graças a deus de serem independentes e não "deverem" nada a ninguém. Não poderia concordar mais com a opinião dada. De forma nostálgica desloquei-me ao Casino na esperança até de assistir a algo diferente devido ao espaço e de relembrar alguns shows que vi de Tiga em Berlim, Londres e Praga.
Mas mal cheguei arrependi-me de ter estado presente o ambiente era assustador, cheio de tiazocas quarentonas cheias de laca que nem sabiam quem era o Sr.Tiga que embora um pouco ultrapassado, as boas memórias deixadas dificilmente alguma vez vão desaparecer. A turminha new-radical das botas timberland marcavam presença em força. Talvez tenha sido a demonstração que o electro/maximal após alguns anos tornou-se num género de massas definitivamente.
O volume era tão forte quanto uma festa kinder garden e na minha opinião, este evento acabou por dos mais fracos que tive o azar de marcar presença nos últimos 8 anos.
Parabéns à rua de baixo pelo artigo e por serem um canal directo e puro e pelo novo website.
Deixa que acrescente a tudo isso, a lotação completamente exagerada, não dava nem para mexer, estava tão bom que eram 02h e já estava eu a encaminhar-me à saída do recinto, que diga-se estava uma treta.