TIGUANA GO!
Galeria Zé dos Bois, 25 de Junho.
A Galeria Zé dos Bois, recebeu no passado dia 25 deste mês, a visita de Tiguana Bibles.
Depois da estreia em Londres, no Clube “Bardens Boudoir”, e de alguma estrada, nomeadamente em Coimbra e no Porto, os Tiguana Bibles rumam à capital transportando na bagagem a lúxuria lubrica, na voz de Tracy Vandal (ex companheira de Alex Kapranos – actualmente dos Franz Ferdinand- em tempos idos no projecto Karelia). “Child of the Monn” é o primeiro trabalho da banda que se divide entre Coimbra e Londres e foi produzido por Boz Borrer (director musical do britânico Morrissey). integrando, com outras bandas como Madame Godard ou Bombazines, a primeira fase de lançamento e sugestões da “Optimus Discos”, sob a selecção de Henrique Amaro.
A locomotiva carrega ainda considerável experiência e nela viajam a força da inseparável guitarra de Víctor Torpedo (Tédio Boys, Parkinsons, Blood Safari), a eficiente bateria de Kaló (Tédio Boys, Garbage Catz e Bunnyranch) o arranjo do contrabaixo de P-rocka (Ruby Ann and the Boppin´Boozers e Portuguese Pedro Radio Show) e a execução atenta de Paul Hofner (também dedicado nas teclas), desta vez só na guitarra.
Num tropismo imparável, as derivas sónicas de Tiguana Bibles lembram-nos um qualquer bar, de décor arrojado nas margens do Mississipi. De facto, o universo do quinteto faz eclodir, num sentido de perfeita ligação, tendências diversas que nos levam numa viagem pelo Delta – de onde se ouve um blues, não tão feérico como o de Chicago, é certo, mas nem por isso carecendo da amplitude complexa que este carregava. Em Tiguana soam, assim, as desilusões, separações, o universo sexual, as incompreensões e o paradigma ambivalente da discriminação e resignação cosmopolitas mas, de igual modo, as pulsões, tão ingénuas como diabólicas do rock insígnia de 50, da rthythm´n´blues ou mesmo rockabilly.
A mestiçagem é perfeitamente compatível e sem o descortínio poder-se-á tão simplesmente afirmar que isto é rock´n´roll. Embora, sem demasiado afastamento, ténues momentos hajam em que as ressonâncias da pop, sem exagerada telúria, se revisitem.
Entre o rito cerimonial de devoção e o sacrilégio Tracy Vandal encarna na perfeição a opulência da feminilidade pura. A voz é melodiosa e melíflua. Insinua sem presunção vagueando entre o público que a acompanha em «Lonesome town»(original de Ricky Nelson).
A filantropia de grupo é notável em Tiguana Bibles e tudo encaixa com harmonia, quando se toca com e para amigos ou interessados curiosos.
O vigor controlado de Víctor Torpedo, na guitarra, o esmero nas cordas do contrabaixo de P-Rocka, a realização ritmada da bateria de Kaló e o atentar experiente e exógeno de Paul Hofner credenciam no projecto bagagem mais que suficiente para muitas e longas viagens.
A salientar, «Lost words», «Child of the moon» e «Against the law».
Existe 1 comentário
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Muito bem com a tua descriçao da para ver que terá sido fenomenal e com o som daqueles que já sabemos que nao defrandam, pena que nunca estou em Portugal quando passam estes eventos, se bem que a ultima vez que fui a Coimbra tive a oportunidade de ver os Dixie nas docas e foi de rebenta,arrasaram por completo, beijos