Titanfall 2 | Análise
Uma vez mais a Respawn mostra que é capaz de “pilotar” o género FPS rumo a novos horizontes!
“A guerra nunca muda…” É o que dizem alguns mas, para mim, foi inegável a enorme lufada de ar fresco que Titanfall, da Respawn Entertainment, conseguiu trazer ao género FPS. “Titanfall vem assim mostrar que o género FPS ainda tem muito para dar. Repleto de acção e adrenalina e complementado por uma jogabilidade inovadora, este é um jogo que vai fazer as delícias dos fãs do género.” Foi com este remate que dei por concluída a minha análise ao primeiro Titanfall, para mim uma das melhores experiências multi-jogador que o género alguma vez recebeu. Estávamos ainda no dia 6 de Maio de 2014. Bem recebido pela crítica mas sobretudo aclamado por quem o jogou, não deixaram de haver críticas ao facto do conteúdo do jogo ter sido exclusivamente virado para a vertente online. A Respawn escutou e eis que no dia 28 de Outubro deste ano de 2016, Titanfall 2 desceu dos céus e aterrou a toda a velocidade pronto a tomar de assalto os computadores e consolas lá de casa. De regresso está a tão apreciada experiência online – seja em terra ou no comando de um enorme Titan – que apesar de pouco mudar (e ainda bem) em relação ao jogo anterior, não deixa de trazer, ainda assim, elementos que conferem aos jogadores um sentimento de aprimoramento e novidade. Se a isso aliarmos a estreia de um modo campanha na série, agora sim totalmente virado para o single-player, a Respawn promete mostrar que um raio pode de facto cair duas vezes no mesmo sítio e provar, uma vez mais, que é capaz de “pilotar” o género FPS em direcção a novos horizontes! Não percamos mais tempo… Standby for Titanfall!!!
Uma semana após o seu lançamento cá estamos para falar sobre Titanfall 2 e posso já adiantar que este é um enorme passo em frente, se o compararmos com o seu antecessor. Comecemos pela grande novidade introduzida neste título que é o modo campanha, agora exclusivamente virado para o single-player. Quando um império tenta subjugar toda uma galáxia, das sombras insurge-se um grupo de rebeldes para lhe fazer frente. O resultado é uma luta sem tréguas, com confrontos que se alastram já a vários planetas. Para os ajudar a alcançar a vitória, ambos os lados chamam para o campo de batalha uma unidade de combate muito especial. Os membros desta unidade são designados apenas por “Pilotos”, devido ao treino que recebem e que lhes permite pilotar enormes mechs chamados Titans. Fora do cockpit do seu Titan não deixam de ser uma força a ter em conta, mostrando-se igualmente letais em terra, devido à impressionante mobilidade com que percorrem o campo de batalha, alvejando com enorme precisão todos os que se cruzarem no seu caminho.
O protagonismo desta história cai sobre Jack Cooper, um novato que está ainda a ser treinado para vir a ser um piloto. Sem querer estragar-vos a história, muito resumidamente, depois dos eventos trágicos que envolvem Cooper e os restantes membros do seu esquadrão, num misterioso planeta verdejante, o nosso herói dá por si promovido a piloto, ao comando do Titan B.T e com uma missão secreta por cumprir: recolher um “objecto” designado como Ark. O ponto alto desta história é sem dúvida a relação entre o herói improvável Cooper e a Inteligência Artificial B.T. que me fez recuar no tempo, para a altura em que percorria ainda a história do primeiro Zone of the Enders. Apesar de ser um novato, Cooper compensa a sua falta de experiência com o seu carisma e ambição, aproveitando cada oportunidade para provar o seu valor no campo de batalha e em momentos de paz “meter-se” com o seu aliado robótico. B.T. Este, por sua vez assume uma postura naturalmente mais fria. Tudo o que faz é em prol dos princípios pelos quais se rege, como “cumprir a missão” ou “proteger o piloto” e nunca aborrece a forma literal como interpreta as brincadeiras e expressões de Cooper.
Nas seis horas de jogo que oferece, o modo campanha coloca-nos em missões com um trajecto linear rumo ao objectivo que temos de cumprir e que nos permitirá avançar para o próximo nível. Ainda assim, menos linear é o percurso até lá, visto que o leque de abordagens que os cenários conferem ao jogador é bem interessante. Todos eles são bem diferentes e abertos o suficiente para que os encontros com as forças inimigas nunca decorram da mesma forma. Será que vou recorrer à camuflagem que, temporariamente, me deixa praticamente invisível e incapacitar os meus inimigos um a um? Será que avanço de armas em riste a disparar sobre tudo e todos ou será que contorno simplesmente as forças armadas à minha frente e deixo o combate para outra altura?
A ajudar a toda essa diversidade de abordagens, está uma concepção de cenários muito bem executada e uma jogabilidade irrepreensível que continua muito igual à que foi introduzida no título anterior. E ainda bem que assim é. Muitas vezes os confrontos são inevitáveis e, apesar de podermos recorrer às mecânicas tradicionais do género FPS, sempre colados ao chão e recorrendo à cobertura oferecida pelas estruturas espalhadas pelo cenário em questão, é a abraçar as mecânicas introduzidas pela série que realmente iremos desfrutar do combate deste jogo. Atravessar os cenários, com saltos duplos que culminam no rápido atravessar de paredes, ao mesmo tempo que alvejamos os nossos inimigos, é algo que nunca aborrece.
O armamento disponível é extenso e vale a pena explorá-lo para que mais tarde saibamos o que queremos levar para o campo de batalha online. Só que a acção atinge toda a sua glória quando nos coloca ao comando do “simpático” B.T. Dilacerar por completo os soldados inimigos é aliciante e mais ainda quando os confrontos escalam para a luta contra outros Mechs. A história vai também colocar-nos em níveis que fazem com que Titanfall 2 assuma uma postura de jogo de plataformas. Em jeito de puzzle alguns são mais simples de atravessar do que outros, havendo pelo meio momentos bem memoráveis como uma missão que nos permite alternar entre o passado e o presente da estrutura que estamos a percorrer. Saltar de plataforma em plataforma, activando e desactivando esta componente foi sem dúvida um dos pontos altos do jogo.
A história de Titanfall 2, apesar da premissa interessante, está longe da perfeição. Num plano geral a narrativa é repleta de clichés e a personalidade dos vilões e aliados com quem nos vamos cruzar oferece pouca profundidade, pelo que é mais uma desculpa para toda a acção que decorre no ecrã. Sobretudo, foi a jogabilidade e a crescente relação entre Cooper e B.T (esta sim, nada cliché e com maior profundidade) o que realmente me prendeu a atenção. Nunca pensei, quando comecei a percorrer a história que viesse a dar por mim a preocupar-me tanto com o carismático novato e o seu gigante de ferro. O trabalho de voz irrepreensível que lhes dá vida e alma, só ajudou a que ficasse ainda com mais vontade de levar a sua aventura até ao final, sempre com um sorriso na cara a escutar o diálogo entre eles.
Convenhamos que à grande maioria dos jogadores de Titanfall a história, por muito interessante que possa parecer, pouco ou nada interessa. O que realmente importa saber é o que esperar da vertente online, essa sim a principal razão que os fará regressar ao campo de batalha em Titanfall 2. O facto é que a Respawn Entertainment pouco mexeu na fórmula que tanto sucesso garantiu à série, pelo que os veteranos depressa se irão sentir em casa. Mas não quer isto dizer que não existam novidades suficientes para fazer desta uma entrada na série bem superior à anterior.
Em termos de habilidades, os pilotos podem contar agora com um leque mais extenso de habilidades para explorar. De regresso está a camuflagem que nos garante uma quase invisibilidade temporária mas podem agora contar também com uma lâmina que ao funcionar como um Sonar, revela a presença de inimigos nas imediações e um grampo. Este último elemento pode ser utilizado para diminuir a distância entre nós e os Titans presentes no mapa mas pode também ser aplicado num jogador inimigo, resultando num vertiginoso e letal pontapé! Já no que aos Titans diz respeito, estes surgem agora divididos em várias classes, cada uma com o seu respectivo armamento. Desde que recolham a peça de armamento necessária, podem experimentar todas estas classes no modo campanha. Sempre que desejarem, podem alternar entre elas, o que acaba por ser a forma ideal de poderem explorarem todo o potencial que estas classes podem desencadear mais tarde no campo de batalha online.
No que toca a modos de jogo online a variedade continua a não desapontar, traduzindo-se num total de 13 (se bem que alguns são uma variante ou combinação de outros) e quanto a mim onde passei mais tempo foi no Attrition e Bounty Hunt. Já no que diz respeito ao sistema de progressão, também aqui Titanfall 2 continua muito igual ao seu anterior só que agora recompensa os jogadores com um impressionante leque de artigos com os quais os jogadores irão personalizar não só o aspecto mas também o armamento do seu piloto e do respectivo Titan. Pode parecer pouco para alguns mas saibam que tal como a Blizzard fez com Overwatch, todo o conteúdo que irá ser acrescentado ao jogo no futuro, desde mapas a novos modos de jogo, será feito de forma gratuita para os jogadores.
É de louvar o trabalho que a Respawn Entertainment teve e que marca o seu regresso à indústria mais uma vez provando que existe espaço para inovar e para a criatividade no género FPS, tão acusado de cair na mesma receita. Apesar da história curtinha e de alguns clichés, a relação entre os protagonistas da história de Titanfall 2 vai garantir um sorriso no nosso rosto à medida que a percorremos. O grafismo é impressionante do início ao fim e isso traduz-se no robusto modo online, aqui contando com um leque de personalização invejável e que uma vez mais coloca a série no topo das nossas preferências no género. A jogabilidade continua irrepreensível e termino da mesma forma que terminei a minha análise à primeira entrada na série. Titanfall vem mostrar que o género FPS ainda tem muito para dar. Repleto de acção e adrenalina, complementado por uma jogabilidade inovadora, este é um jogo que vai fazer as delícias dos fãs do género!
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