Truby & Kruder
Quem sabe nunca esquece…
Antes de fazer qualquer tipo de crítica ao set protagonizado por estes dois senhores que visitaram a renovada pista do Lux, é fundamental realçar que Rainer Truby e Peter Kruder não perderam de forma alguma o “gás” de outros tempos. A evolução da música de dança é que se direccionou por caminhos em que o Nu-Jazz deixou de ser venerado como há bem pouco tempo atrás. Assim, enchentes como faziam os pais do mix, Kruder n´ Dorfmeister, no início do século, deram lugar, no passado dia 11 de Maio, a uma casa a meio gás apenas lotada pelos menos esquecidos.
Rainer Truby realizou um set de cerca de hora e pouco tendo sido igual e si mesmo, sem grandes subidas, tecnicamente quase perfeitas, mas… parece que já não é isto que a plateia do Lux procura.
Já Peter Kruder parece ter ficado no coração dos menos esquecidos e, com uma entrada em tons de Headman, realizou um set muito mais arrojado que cativou a assistência do princípio ao fim. Talvez influenciado pelo seu novo projecto com os Fauna Flesh, os Voom Voom (editaram este ano “Peng Peng”), Kruder parece explorar novos caminhos na sua música, loops mais “arranhados”, batidas mais aceleradas sem esquecer a razão de todo o sucesso alcançado com remisturas fortíssimas. De destacar o épico dos pais da música electrónica, Kraftwerk – «It´s More Fun to Compute»,versão ousada da qual os próprios Kraftwerk decerto se orgulhariam.
Sem recorrer aos sons do citado projecto Voom Voom, o set do Dj proveniente de Viena manteve-se bastante agradável até que, no final, já com Truby a assistir nos pratos revelou-se verdadeiramente arrasador levando à apoteose a multidão presente naquele início de manhã nublada de 12 de Maio.
A noite acabou com uma segunda performance do DJ de Freiburg que desta feita apresentou-se com bastante mais groove, relembrando o êxtase que os seus sets proporcionavam há bem pouco tempo atrás.
Longe vão os tempos (ou perto) em que todos esperavam pela nova mistura da dupla-maravilha de Áustria (K&D) como de um novo hit dos Beatles. No entanto, Kruder não esquece aquilo que faz, pois fá-lo como poucos. Truby continua igual a si mesmo, mestre nas passagens, “cromo” da selecção, puro bom gosto em formato electrónico.
Dorfmeister, esse, sem dúvida que estará ruído de inveja (sem, claro, menosprezar o seu excelente projecto Tosca).
Há quem já não os enquadre dentro do panorama actual da electrónica e, como tantas outras coisas, há quem esteja bastante enganado ou esqueça muito depressa…
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