Tudo vem de Jah

Spaceboys & Mercado Negro ao vivo na Aula Magna

Depois de uma noite mais pesada com a passagem dos Bizarra Locomotiva e Mão Morta pela Aula Magna, a Semana da Juventude de Lisboa continuou com dois projectos que, embora muito diferentes à partida, têm bastante em comum à chegada: ritmo, palavras e dança.

Com o anunciado semi-regresso dos Cool Hipnoise, é natural que os Spaceboys estejam um pouco menos activos do que aquilo a que nos habituaram durante estes últimos dois anos, onde usaram e abusaram do álbum de estreia, “Sonic Fiction”. Mesmo assim, o trio composto por Francisco Rebelo, João Gomes e Tiago Santos, não deixou os créditos em mãos alheias e apresentou um espectáculo bastante agradável, sem grandes sobressaltos mas também sem nenhum “pico” que é sempre desejável.

O alinhamento do concerto teve duas fases bem distintas: com e sem Kalaf. Durante as três primeiras faixas, completamente instrumentais, foi possível captar a incrível diversidade de sonoridades que a banda pode proporcionar. Se numa certa altura, tocam como os Thievery gostavam de tocar, depois encalham numa vertente mais electro e mais dançante, para acabar num dub/ska muito interessante.

Esta variedade de influências fica ainda mais consolidada com a presença de Kalaf em palco que empresta a sua característica forma de vocalizar as faixas à música do trio. Nesta segunda parte da actuação, foram tocados os inevitáveis temas que deram a conhecer o projecto ao público, terminando no incontornável e estrondoso  “Space is the Place”, original de Sun Ra.

Para os Mercado Negro, o espaço não é o lugar preferido para fazer a festa, mas sim uma qualquer praia de areia branca das Caraíbas, onde apenas são necessárias boas vibrações, paz, amor e muita erva. Com um auditório bastante composto e as doutorais finalmente abertas a todo o público, a banda de Messias veio provar que o reggae está bem vivo em Portugal e que a comunidade está unida como uma família.

A festa começou com “Tudo vem de Jah”, uma explicação sobre a origem de tudo aquilo em que acreditam, e prosseguiu noite fora com um alinhamento totalmente baseado no registo homónimo da banda, editado no decorrer do ano passado. O palco da Aula Magna serviu de estação para “O comboio pra terra prometida”, assistiu ao eclipse inevitável de “Oh Lua”, que teve direito a repetição no encore e deixou-se beijar pelo “Beija-Flor”, a faixa com que a rádio apresentou a banda durante o ano passado.

Em palco, os Mercado Negro vivem muito da energia contagiante de Messias que espalha sorrisos e boas vibrações por todos, mas por detrás do vocalista existe uma banda bastante coesa, com um guitarrista que faz lembrar o Lenny Kravitz dos velhos tempos (a nível visual) e uma voz feminina que acompanha muito bem todas as faixas. De realçar também a presença de João Gomes, dos Spaceboys, nos teclados.

O público esteve com a banda do princípio ao fim do espectáculo, que se transformou numa festa entre músicos e audiência na celebração da música, da paz do amor e felicidade.



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