db53be714e8fbb44c94981934c60e517

“Uma brancura luminosa” de Jon Fosse

Olá, solidão.

Com pouco mais de que 50 páginas, Uma brancura luminosa (Cavalo de Ferro, 2024) é um breve, mas extraordinário exercício inquietante e lírico sobre o universo do escritor norueguês Jon Fosse, prémio nobel da literatura e autor da consagrada obra denominada Septologia, tendo como ponto de partida a viagem acidental de um homem que conduz sem destino e que quando vê a sua viatura atolada em plena floresta opta por se abandonar à sua sorte em vez de procurar ajuda.

Essa experiência ajuda-o a testar limites e a sua capacidade de sobrevivência, enquanto aprende a lidar com a própria solidão, encurralado entre a brancura imaculada da neve e o negrume do céu, sem qualquer estrela que o guie, proporcionando uma leitura carregada de significado(s), metáforas, entre o real e o onírico, o espiritual a fé ou a sua ausência, que leva a passagens como esta:

“Tenho de levantar-me. Só tenho de ir numa ou noutra direção, e então hei-de encontrar o caminho. Não sei que direção tomar, e uma vez que não sei, não importa a direção que vou tomar. Apenas tenho de caminhar. Caminho. Caminho sempre em frente.” 



E tal com em todas as obras de Fosse, pede-se ao leitor uma entrega total e algum sentido de resiliência, já que a narrativa é construída, em especial nas primeiras páginas, como se fosse uma sequência evolutiva de frases monossilábicas e incisivas que, naturalmente, se transformam numa história forte, comovente, atmosférica, mística e arrepiante, com o isolamento do protagonista a sublinhar uma envolvência única.



There are no comments

Add yours

Pin It on Pinterest

Share This