Uma Outra Pessoa
O manual didático da nobre arte de mudar de vida. Conheçam este excelente romance.
Olha que a vida não
não é nem deve ser
como um castigo que
tu terás que viver
António Variações
A sociedade de consumismo e do imediato, associada à necessidade de ter sucesso (e dinheiro), tem levado muitas pessoas e enveredar por um caminho que possivelmente não seria aquele com que sempre sonharam.
Quantos de nós nunca pensaram em transformar-se numa outra pessoa e tornar em actos as palavras de António Variações, interpretadas agora por Manuela Azevedo, quando apela à mudança numa das faixas que ganharam vida com os Humanos: “muda de vida se não vives satisfeito, muda de vida se há vida em ti a latejar”.
Imaginem dois individuos, completamente desconhecidos, que um dia após uma partida de ténis e alguns copos, apostam mudar de vida e tornarem-se numa outra pessoa, sendo que três anos depois estariam ali no mesmo bar para verificar quem tinha sido o verdadeiro vencedor.
Este é o mote para o premiado romance de Tonino Benacquista, “Uma Outra Pessoa”, editado pela Gradiva.
Com descendência italiana e nascido em França no ano de 1961, Tonino Benacquista desde pequeno se mostrou um talentoso escritor e romancista. A sua primeira tentativa de romance saiu numa altura em que Benacquista supostamente ocupava o seu tempo a estudar para os exames finais do secundário.
A sua criatividade tem estado associada a argumentos de BD, histórias para televisão e cinema, como por exemplo o filme de Jacques Audiard, “Nos meus lábios”, vários romances policiais, entre outras obras mais fáceis de arrumar numa tradição literária mais «respeitável», umas e outras entre as mais populares e bem vendidas dos últimos anos na sua e noutras línguas.
Durante as páginas que compõem este romance, somos confrontados com a história de Thierry Blin e Nicolas Gradzinski que apenas nos demonstram que a necessidade de mudança, forçada ou aleatória, não é mais que uma busca pelo verdadeiro “eu”.
A mudança de Nicolas Gradzinski teve início na mesma noite em que começou a aposta. Nunca tinha bebido uma gota de alcool na sua vida e a partir dessa noite transformou-se num amante da vodka e dos pecados etílicos, a luxúria por exemplo, associados a tão nobel bebida. A vida de Nicolas não mudou devido a iniciativa própria, apenas prosseguiu o inevitável caminho que o iria levar às portas da morte.
Thierry Blin levou a aposta a sério e no dia seguinte começou logo a colocar o seu plano em movimento. Abandonou a companheira, fez uma plástica, transformou-se num detective privado e acabou a investigar o seu próprio desaparecimento.
Três anos depois, juntaram-se no mesmo bar em que tudo começou. Quem terá ganho a aposta?
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