CA Vilar de Mouros 2023 | Dia 1 (23.08.2023)
Festejar como se fosse 1999
Limp Bizkit: os anos passam, mas o entusiasmo fica. Que o diga a multidão que rumou até Caminha para ver a banda de Fred Durst, logo a abrir a edição 2023 do Vilar de Mouros.
Este ano, o rio Coura recebeu o Festival mais cedo, numa versão alargada e que acomodou as grandes estrelas da noite, os Limp Bizkit, que faltaram o ano passado. O entusiasmo, por isso, era mais que muito para ver os reis do nu metal – e as t-shirts de quem se encontrava, bem cedo, pelo recinto, não o escondiam: muitos vestiam literalmente a camisola dos Limp Bizkit, outros optaram por homenagear bandas como Linkin Park ou Slipknot… Estavamos oficialmente a viver o saudosismo do virar do século.
À hora certa, Fred Durst lá apareceu, como prometido, em palco, para delírio dos muitos jovens (e menos jovens) de negro que povoavam as primeiras filas. De barba grisalha e bem menos interativo que noutros tempos (a idade pesa e nota-se a diferença entre este concerto e, por exemplo, o que deram no Rock In Rio Lisboa, em 2012), conseguiu, mesmo assim, dar voz à raiva adolescente que todos alimentamos no final do milénio.
A força que lhe faltava pedia-a a quem assistia… e o público correspondia, com tentativas de mosh, invasões de palco – embora tímidas – e muito headbang. A dada altura, dois fãs foram chamados ao palco para dançar com a banda, mas não parecem ter chegado para satisfazer os desejos de Durst que, pouco depois, voltou a deixar que o público brilhasse: chamou a palco o Márcio, trabalhador do Aeroporto do Porto que se tinha cruzado com a banda uns dias antes e que pedira para cantar com eles.
O Márcio acabou por roubar o estrelato e participar num dos momentos mais explosivos de uma atuação por si só bastante efusiva, tudo ao som de “Full Nelson”, que cantou de forma exímia numa noite que – arriscamo-nos a vaticinar – tão cedo não vai esquecer.
Destaques naturais para «My Generation», «Rollin’», «Take A Look Around», «My Way», «Nookie» e, já nos “descontos” – e com a banda a dizer que estava a ser expulsa para dar espaço ao concerto dos The Last Internacionale (estavam enganados… eram os Xutos que iam tocar a seguir) – «Behind Blue Eyes», «Boiler» e «Break Stuff». Fora as mini pausas para descanso, valeram todos os segundos desta viagem no tempo até 1999.
Antes, a prata da casa abriu as hostilidades via Micomaníacos que não foram, de resto, os únicos portugueses em palco nesse dia. Para além dos The Last Internationale – norte-americanos, mas com o luso descendente Edgey Pires -, os Xutos e Pontapés também não faltaram à festa e foram os últimos a atuar.
Dos últimos não há muito a dizer: os Xutos serão sempre Xutos e fizeram em Vilar de Mouros o que sempre fazem, para gáudio da geração mais velha, que estava lá em peso. Já os revolucionários The Last Internationale fizeram questão de protestar, como é seu apanágio. Com o quê? Um pouco de tudo, desde a guerra até à luta de classes e culminando com um emotivo «Grândola Vila Morena» que lhes assentou que nem uma luva.
Para terminar a apreciação deste primeiro dia não nos podemos esquecer de mencionar os Enter Shikari, também bastante conhecidos do público alvo desta edição made in the 00’s. Vieram apresentar o novo «A Kiss for the Whole World», mas foram os hits «Labyrinth», «Juggernauts» ou «Havoc B» que preencheram as medidas dos festivaleiros.
O nu metal pode ter morrido, o rock pode já não estar na moda, mas ambos estiveram bem vivos naquela quarta-feira em Caminha e prometem continuar a festa nos restantes dias com nomes como Prodigy, Within Temptation, Pendulum, Peaches, Guano Apes, James ou Ornatos Violeta.
.
Leiam aqui a reportagem do segundo, terceiro e quarto dia de festival.
There are no comments
Add yoursTem de iniciar a sessão para publicar um comentário.
Artigos Relacionados