Villa Nazca
O elo da comunicação melodiosa entre nós e o mundo. Entrevista com Filipe Miranda (Nico) e Lisete Santos (Lee)
O titulo “Nós” do seu recente EP define este projecto caseiro intenso na simplicidade a duas vozes. Começam por situar-se no mundo português. A liberdade sente-se como sua a natureza na sua forma de comunicação com o mundo.
Com uma música no peito ficámos depois de escutá-los.
Queremos ouvi-los ao vivo num espaço próximo deles e perto de nós.
Com o tema «Com uma dança no Peito» foram incluídos em 2011 nos novos talentos da música FNAC. O que significou este reconhecimento?
Lisete Santos: Foi muito bom termos participado, muito simpático o convite do Henrique Amaro. Depois dessa música ter figurado no alinhamento da compilação, houve muitas mais pessoas interessadas em ouvir a nossa música e, muito sinceramente, foi o pequeno empurrão que faltou para nos decidirmos a lançar finalmente um primeiro disco.
Contem-nos o porquê da escolha do nome do grupo relacionado com o deserto peruano “Villa Nazca”
Filipe Miranda: O princípio das linhas de Nazca parece ser o de comunicação para o mundo. Isto é, também, o que nos move. Villa Nazca foi o nome que demos à nossa primeira casa; a partir disto, com as nossas gravações e edições, também pretendemos comunicar com o mundo à nossa maneira.
O EP “ Nós” tem como última canção «Livre». Qual a mensagem desta?
Filipe Miranda: «Livre» é assente no tema do diálogo estabelecido entre nós, pessoas, com a natureza. Neste caso, um diálogo com o oceano e o céu e aquilo que projectamos dentro de nós, aquela forma livre como estes elementos se nos apresentam.
Escolham uma música preferida do EP…
Lisete Santos: «Com uma dança no peito», porque a letra é algo de muito pessoal, é uma coisa nossa. Gosto da forma como ela ficou no final, do ritmo, da melodia…
Filipe Miranda: No meu caso, «Kikku», porque teve a participação do nosso sobrinho Tomás na voz, a partir de uma gravação de quando tinha apenas 6 meses. É ele o Kikku, a música foi feita para ele quando nasceu.
Como foi a gravação caseira? Demorou muito a gravar?
Filipe Miranda: Completamente caseira. Os instrumentais e algumas das vozes foram gravados em três ou quatro dias, em 2010. Depois, em 2012, fomos recuperar essas gravações e acrescentámos as vozes que faltavam. Não demorou muito a gravar, o que demorou foi a decisão para partir para uma edição.
Querem repetir a experiência?
Lisete Santos: Sim, queremos repetir, sem dúvida. Se não for num registo assim mais íntimo, poderá ser explorando outras formas de produzir as músicas. Como temos a possibilidade de gravar em casa, será mais fácil, porque a qualquer momento o podemos fazer.
Quais são as influências musicais assumidas pelos dois? Têm os vossos músicos incontornáveis?
Filipe Miranda: Ouvimos um pouco de tudo, não existe um estilo ou autor que nos influencie particularmente em Villa Nazca.
Conseguem “rotular” a vossa música?
Lisete Santos: Não escolhemos nenhum estilo musical, as músicas surgiram de forma natural. Os rótulos vêm depois, de outras pessoas.
Têm opinião formada sobre o protagonismo que o Indie Pop tem assumido nos últimos anos?
Lisete Santos: Não. Sinceramente, nunca parámos para pensar nisso…
“Hoje, os artistas da dita música pop produzem os seus discos, a sua arte. São mais indies do que as bandas indie” (Jules de Martino). Discordam desta ideia?
Filipe Miranda: Existe de facto uma auto-produção. Mas é muito complicado responder a isso nestes termos, essa rotulagem não é de todo uma questão simples. Acho que nem pode ter essa forma acabada de o tentar sintetizar.
Para quando o primeiro concerto?
Lisete Santos: Nunca demos concertos como Villa Nazca. Apesar de nos terem convidado algumas vezes, a intenção foi apenas de gravar as músicas e não de as tocar ao vivo. Mas, entretanto, provavelmente faremos apresentações ao vivo. A ideia é: se estivermos para aí virados e se se proporcionar, porque não?
Como tem sido a reacção do público ao lançamento deste primeiro EP?
Lisete Santos: Tem sido boa, tem sido bastante positivo e é bom sentir que as pessoas gostam e ouvem a nossa música.
Moram em Esposende? Sentem-se afastados da cena musical (do Porto, de Lisboa)?
Filipe Miranda: Actualmente, moramos em Esposende. Não nos sentimos afastados de nada, é impossível com a tecnologia e a informação que temos actualmente sentirmo-nos alienados do que se faz por aí. É óbvio que, morando numa cidade que não é tão central, o estar envolvidos na chamada “indústria musical” não faz parte do nosso dia-a-dia.
Como vêem o futuro da música em Portugal?
Filipe Miranda: Espero que bom, que haja boa música como sempre houve no passado e como a que há actualmente.
Portugal chama por um novo 25 de Abril?
Filipe Miranda: Portugal e o mundo chamam por mudança, para algo melhor, mais justo e humano.
Com que músico(s) ou banda(s) gostariam de tocar no futuro?
Lisete Santos: Uma vez, o Filipe tocou com Damon & Naomi, com o projecto que tem a solo chamado The Partisan Seed. Tivemos a oportunidade de jantarmos juntos e, pelo meio de conversas, identificando com o modo como eles fazem as coisas, descobrimos que temos afinidades, tanto musicais como pessoais. Seria giro podermos partilhar o mesmo palco numa outra altura em que eles passassem por cá.
Filipe Miranda: Eu gostava de tocar com tanta gente que nem sei…
Qual a vossa maior aspiração musical?
Filipe Miranda: É algo muito simples, é a de ficarmos satisfeitos com o vamos criando. Se nós estivermos bem com isso, é o suficiente.
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