Vodafone Paredes de Coura 2013 | Dia #3 (15.08.2013)
Ao terceiro dia: os controversos The Knife lideram as hostes, com os britânicos Hot Chip e Toy no encalço
As honras de abertura do primeiro concerto a soar no palco principal coube aos Everything Everything. Desde cedo que o festival nos habitou a nomes que galopam o mercado, na grande maioria, de forma destrutiva numa média de 1/2 anos. A banda britânica de rock alternativo era, provavelmente, a mais esperada das bandas emergentes programadas para esta edição. Ocupando o seu lugar e cientes do que era esperado e do que tinham de dar, tanto a banda como o frontman, Jonathan Higgs, possuidor de uma voz bastante melódica e com atitude energética, fizeram com que esta se tornasse uma prestação de excelência.
Os quatro britânicos encantaram o recinto principal que merecia um anfiteatro com mais festivaleiros.
Perto das 20h00, os Jagwar Ma entraram em cena.
Uma hora de concerto bastou para colocar em cena os Jagwar Ma no roteiro do Paredes de Coura. Os australianos, oriundos de Sidney, trouxeram o psicadelismo do seu primeiro álbum, “Howlin”. Uma combinação do que do que melhor se retira da pop, aliada a um rock e a uma electrónica irreverentes. Com sons oriundos dos sintetizadores providenciados por Jono Ma, que acompanhando o punho forte de Winterfield na voz e de Jack Freeman nas linhas baixas, protagonizaram um concerto que encaixaria numa hora mais tardia do festival. Se se souberem renovar ao longo dos tempos, teremos aqui uma banda para o futuro.
Perto das 20h30, no palco Vodafone FM, os londrinos Toy que num único ano estiveram presentes em dose dupla nos festivais de verão portugueses. Em Julho, no Super Bock Super Rock, e agora, no Paredes de Coura. Daquilo que pudemos apurar da actuação no Meco, a monotonia repetiu-se por cá. Um rock de guitarras desvanecidas, de uma atitude frágil quando se deveriam impor de forma robusta. O concerto terminou com aplausos de um público que parace ter gostado do que viu, mas que nunca durante o concerto havíamos sentido nostalgia nos corpos e caras das pessoas. Como já dissemos, monótono e desequilibrado; apetece até dizer que quase um sacrifício para os próprios músicos, que nunca conseguiram sentir-se suficientemente seguros e capazes da sua própria sonoridade.
Os Hot Chip que entraram em palco sobre um blackout de luz e ao som de «Living for the City» do enorme Stevie Wonder, cumpriram o seu papel, mas não surpreenderam. Numa actuação muito insípida em alguns momentos para uma banda da qual se espera a festa que se faz ouvir em álbum, não conseguiram ser mais do que meros executantes das suas próprias criações, fazendo-o de forma algo enfadonha.
A verdade é que o ritmo e o balanço que os caracteriza invadiu muitos dos festivaleiros, principalmente em êxitos como o maravilhoso «Over and over», ou «Night and day» e «Ready for the floor».
E mesmo com algumas opções erradas na equalização, o quinteto liderado por Alexis Taylor, conseguiu manter o ritmo impulsor que tanto caracteriza a banda que vem da escola de James Murphy e da DFA Records. Dos sintetizadores, à maravilhosa bateria de Sarah Jones, uma sonoridade que esteve sempre equilibrada, mas onde um pouco mais de consistência não lhe ficaria mal.
E, no fim, chega a palco um dos nomes mais esperados da 21ª edição do Festival Paredes de Coura: The Knife.
A banda sueca dos irmãos Karin e Olof Dreijer é já conhecida pela sua irreverência tanto nos surgimentos em público como nos raros concertos que dão. No entanto, nem de perto nem e longe, se esperava aquilo que vimos junto das 18 mil pessoas que anteontem estiveram pela Praia Fluvial do Taboão.
Logo à partida com uma entrada incomum e em jeito de warm-up, entra em cena uma espécie de guru indiano, devidamente equipado que ao som de hits de bandas como Rapture ou Golfrapp, foi impulsionando o público para que no fim, que exageradamente tardou, todos estivéssemos ansiosos e extasiados para o momento da entrada onde se fez ouvir “Quando dançamos juntos movemos a terra.”
Num concerto em que mesmo querendo abstrair-nos, era impossível parar de questionar do que estava a acontecer em palco: seja pelo lado daquilo que víamos enquanto espaço performativo seja por aquilo que ouvíamos de forma desconfiada.
The Knife não foi um concerto, foi um happening! The Knife foi mais do que um concerto, não foi nada! The Knife suou a falso, mas um falso bom!
Para muitos, a própria presença dos músicos em palco é uma dúvida. Mas estavam! É verdade que longe das luzes e da nitidez que por norma se tem dos músicos em palco e que é absolutamente necessária nestes casos. Escondida ou disfarçada, a sua presença foi brutalmente aniquilada por uma crew de bailarinos que foi manipulando aquilo que devia ser um concerto e que acabou (ou logo começou) transformado numa battle ao som de um play feito ao álbum “Shaking The Habitual”, ironicamente, dos The Knife!
Se Paredes de Coura, independentemente da consistência do cartaz, consegue sempre que haja um caso enorme de sucesso, ou de insucesso, aqui não há meio-termo. Uns desistiam, desiludidos com toda a plasticidade e falsidade, outros, estacaram desejosos por mais, ainda assim, mais penetrados nas coreografias do que no que ia saindo pelas colunas.
Aquilo que se foi comentando durante o dia de ontem é revelador de que, independentemente de todas as opiniões, este será um concerto para a história do festival, se pelas melhores ou piores razões, é uma coisa que todos os que cá estivemos ainda temos de analisar.
Esta sexta-feira subiram aos palcos do festival Vodafone Paredes de Coura bandas como Echo & the Bunnymen, The Horrors, Peace, Cold Cave, Iceage, Citizens!, Noiserv e The Glockenwise – a reportagem continua dentro de momentos.
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