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Vodafone Paredes de Coura 2019 | Dia 1 (14.08.2019)

Não há como contornar que foram os The National os grandes propulsionadores da lotação estar esgotada neste dia.

Como tem sido hábito, o dia inaugural do festival tem um cartel mais reduzido que os restantes dias, funcionando quase como um exercício de aquecimento. Dizemos quase devido ao gabarito dos intervenientes em palco e também porque não será usual um aquecimento esgotar, tal como sucedeu neste caso.

Os Bed Legs foram os primeiros a dar à perna, e aproveitaram sobremaneira a convocatória para cortar a fita desta edição de 2019. O colectivo bracarense retirou tanto ou mais prazer que a audiência, finalizando a sua enérgica actuação com a distribuição de merchandising pelo público, por entre o qual Fernando Fernandes terminou de cantar “Dance!”.

À altura do final dos Bed Legs arrancou o concerto de Julia Jacklin, que não perdeu tempo e atirou-se aos lobos com o potentíssimo «Body». E depressa se percebeu, durante os primeiros temas, que muito boa gente no recinto conhecia o trabalho desta cantautora oriunda das Blue Moutains australianas, dado o número de pessoas filmadas a cantarolar. Acompanhada por um trio de músicas de Toronto, Julia Jacklin foi desenrolando as suas torch songs, entre a folk, os blues e o indie, mostrando-se progressivamente pasmada pela multidão que havia comparecido para ouvi-la.

E seriam outros australianos a vencer claramente o prémio de popularidade neste primeiro dia. Os Parcels, que passaram bastante despercebidos há dois anos pelo SBSR, pareceram agradar a toda a gente que estava no mítico recinto de Paredes de Coura. Entre uns Jungle e uns Whitest Boy Alive, com um par de piscadelas de olho aos Bee Gees (caso estes tivessem virado hipsters), as composições obrigam toda a gente a abanar a anca, ou pelo menos a bater o pezinho (ainda que sem a perícia do teclista/vocalista Patrick Hetherington). O concerto dos Parcels demonstrou um notório crescimento em relação à primeira passagem por cá, com interlúdios e pormenores que acabam por enriquecer a actuação (como o pormenor de Louie Swain sintonizar o rádio em directo para os milhares de pessoas, preparando a passagem entre temas). Trouxeram entretenimento e levaram certamente do Minho uma imensidão de novos fãs, mostrando-se igualmente estupefactos pelo tamanho da multidão presente.

Não há como contornar que foram os The National os grandes propulsionadores da lotação estar esgotada neste dia. Matt Berninger e seus comparsas são velhos conhecidos do público nacional e, apesar de trazerem o novíssimo “I Am Easy to Find” na bagagem, denotou-se alguma falta de factor surpresa ao longo do concerto. Muito provavelmente, a maioria do público tê-los-á visto por múltiplas vezes, à qual não ajudaram algumas deficiências na definição do som: as guitarras dos manos Dressner mostraram-se sempre demasiado estridentes nos momentos de maior explosão sónica, não permitindo desfrutar dessas excursões instrumentais da banda, além de que a parte rítmica soou na maioria do tempo demasiado embrulhada. Por estes factores, e certamente alguns outros, o público pareceu sempre demasiado afastado do que decorria em palco, apesar da estreita comunicação que existe há vários anos entre ambas as facções. Foi pena, porque a noite poderia ter ficado nos anais da história do Vodafone Paredes de Coura, mas ainda assim houve canções como «Graceless», «Guilty Party», «Fake Empire», além de algumas retiradas do novo disco, como «Light Years», «Rylan» e «Where is Her Head».

Após este desfile de concertos no palco principal do festival, o palco Vodafone FM foi estreado pelos Kokoko! que incendiaram os vastos resistentes com os seus ritmos ganeses e uma energia que foi contagiando mesmo os mais desgastados.

Podem encontrar aqui as reportagens do segundo, terceiro e quarto dia aqui.



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