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Wolfenstein 2: The New Colossus | Análise

Bem-vindos à revolução, soldados!

Wolfenstein: The New Colossus tem início imediatamente após os eventos do seu antecessor, The NEW Order, o jogo que nos introduziu a esta história alternativa na qual o regime Nazi saiu vitorioso da Segunda Guerra Mundial. O protagonismo cai mais uma vez sobre B.J. Blascowicz e ao acompanhar a sua história, dei por mim numa montanha-russa de emoções que no final se traduziu numa das mais espectaculares experiências que já tive oportunidade de jogar.

A história ainda mal tinha começado e já estava colado ao ecrã, depois dar de caras com B.J. gravemente ferido e numa cadeira-de-rodas (devido aos eventos do jogo anterior), a bordo do enorme submarino que conseguiu furtar ao regime Nazi com a ajuda dos restantes membros do Kreisau Circle. Os nossos resistentes não perdiam pela demora… Como se o tom não fosse já negro o suficiente, o jogo não tardou a colocar-me bem no meio da acção com o protagonista (severamente debilitado mas com um inabalável sentido de justiça, dever e lealdade) a ver-se obrigado a lutar pela sua vida e a dos seus amigos, à medida que percorria o enorme submarino matando nazi atrás de nazi. O resto, como dizem, é história… e que história!

Sempre que pensava que a fasquia já estava alta o suficiente, desde percorrer as ruas de Nova Orleães montado num enorme cão metálico que cuspia fogo, a percorrer as ruas de Roswell onde membros do KKK debatiam com nazis a importância dos americanos aprenderem a língua alemã ou até ao mais “simples” casting para um filme, The New Colossus lá arranjava novas maneiras de me surpreender e de me deixar ainda mais colado ao ecrã. No que toca à acção, as primeiras horas serão certamente desafiantes (este não é um jogo fácil) mas foi gratificante ver o meu estilo de jogo a ser constantemente aprimorado graças a novos Perks (habilidades passivas) que ia desbloqueando, apenas por jogar à minha maneira.

A narrativa vai transportar-nos para os mais variados cenários, desde túneis subterrâneos, a ruas em chamas no momento de uma purga levada a cabo pelo regime nazi. Uns mais amplos do que outros, os níveis que vamos percorrer estão concebidos de modo a que nos ofereçam um variado leque de abordagens. Cabe ao jogador saber alternar entre uma acção mais furtiva ou mais propensa à acção. Pessoalmente optei por um misto entre as duas. Cravar machados em nazis desprevenidos nunca me aborreceu, tanto que lá para a frente já tinha espaço para trazer mais dois no inventário para arremesso (estão a ver o que quis dizer sobre o sistema de perks?). Muitas vezes é possível atravessar secções inteiras sem que ninguém dê por nós mas existem outras em que abrir fogo se torna inevitável, sobretudo se dermos de caras com unidades munidas de poderosas armas e armadura.

Desde pistolas a granadas, metralhadoras, espingardas, canhões laser e por aí fora, argumentos não faltam a Blascowicz para virar o campo de batalha a seu favor e o melhor é que todas estas armas são passíveis de serem melhoradas, mediante algumas peças que vamos encontrando escondidas pelos cenários. Desde a hipótese de aumentar a sua capacidade de munições ou força de impacto, um simples upgrade pode até, por vezes, mudar completamente a forma de utilizar algumas destas armas. Vale a pena explorar e brincar com tudo isto, de modo a que possamos complementar ainda mais o nosso estilo de jogo e responder aos mais exigentes confrontos. Com o passar das horas, desbravar hordas de nazis nunca me aborreceu. Um tiro na cabeça aqui, uma granada ali, correr feito um louco com uma arma em cada mão acolá (uma vertente que agora surje mais aprimorada), o tenente Aldo Raine havia de ficar orgulhoso porque vezes houve em que me senti um autêntico “Sacana Sem Lei”. Aponto no entanto que o exagerado espaçamento entre alguns checkpoints roçou a frustração mas uma vez que o jogo me permite gravar sempre que quero, felizmente que esse foi um aspecto relativamente fácil de contornar.

Por muito aliciante que seja a jogabilidade – que (convenhamos) de alguma forma compromete a mensagem do jogo, ao obrigar-nos a responder à violência com tanta ou ainda mais violência – a história foi a cereja no topo do bolo! Terminado um confronto e alcançado um objectivo, a história avançava e mais uma vez mergulhava no mundo distópico de Wolfenstein 2: The New Colossus. Para meu deleite ou horror, a verdade é que consegue ser assustadoramente credível e para esse feito ajuda a que seja extremamente rico em detalhe, onde cada recanto parece ter uma história para nos contar. Exemplo disso foi o sentimento de revolta que senti ao atravessar uma das suas cidades. Toda ela transpirava vida e foi impossível ficar indiferente às suas paredes cheias de propaganda e não ficar revoltado ao ouvir atrocidades que apoiavam este novo regime. Isto, depois de há pouco ter passado por outra onde reinava o silêncio e onde paredes cravejadas de balas ou em chamas me contavam tudo o que precisava de saber sobre o que se tinha ali passado…

A narrativa de The New Colossus aborda, sem nunca cair no forçado, temas que ainda hoje são difíceis de encarar mas que cada vez mais têm vindo a evidenciar-se na nossa sociedade. Abuso infantil, ideais de supremacia branca, racismo e a passividade face ao clima de violência, física e psicológica e de terror que se vive e respira em redor são apenas a ponta do icebergue e são temas que se refletem e dão vida às personagens com quem o protagonista terá de conviver até ao final da sua aventura. A seu lado Belowicz tem um fiel grupo de amigos, cada um com uma personalidade bem vincada e uma história para contar que depois de completada nos dá como recompensa um novo perk. Foi um enorme prazer trocar dois dedos de conversa com todos eles. De facto, para cada momento mais difícil de digerir, houve sempre um raio de luz, um momento espontâneo de humor ou de esperança que em vez de deixar o protagonista e o jogador sucumbir às “trevas” deste mundo cruel, lhe dão algo pelo qual lutar.

Chegando ao fim, há ainda muito por fazer com novos objectivos que ficaram por cumprir e outros que agora ficam desbloqueados. Com uma nova playthrough posso tomar decisões diferentes e com elas ganhar acesso a novas personagens, eventos, armas e habilidades para explorar. Wolfenstein 2: The New Colossus é já para mim um jogo de referência e um óptimo exemplo de que há ainda espaço para elevar a fasquia no género sem precisar de se acompanhar por um modo multijogador online. Se és fã do género e gostas de uma boa narrativa, este é um jogo que não podes deixar escapar!



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