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World of Final Fantasy | Análise

Um admirável novo mundo para os novos jogadores de Final Fantasy

Do constatar pela Square Enix de que as novas gerações de jogadores conheciam mal os antigos jogos Final Fantasy, surge como solução este World of Final Fantasy. Um jogo dirigido maioritariamente aos mais novos, tanto no seu aspecto visual, como na forma como a narrativa se desenvolve. Não obstante, pela forma como vão surgindo enormes referências aos jogos anteriores da linha principal de Final Fantasy, os jogadores mais graúdos vão encontrar aqui também bastantes pontos positivos para os entreter até ao aguardado lançamento, lá mais para o final do mês de Novembro, de Final Fantasy XV.

Para os fãs dos clássicos Final Fantasy, há também outra coisa que World of Final Fantasy executa de uma forma exemplar que é a forma como abraça a fórmula clássica das batalhas por turnos que, até há bem pouco tempo, acompanhava a série de mãos dadas e que sempre agradou aos fãs mais hardcore. Entretanto o mundo dos videojogos virou-se completamente para os jogos em mundo aberto e passadas mais rápidas e as batalhas por turnos têm vindo a ser, progressivamente, abandonadas. Um facto que não foi muito consensual entre os fãs mais conservadores da série e a sua ânsia pelas batalhas por turnos originais em Final Fantasy foi respondida, primeiro, por Bravely Default na 3DS e, agora, por World of Final Fantasy que parece querer seguir pela mesma linha estratégica. Uma fórmula geral que até parece simples à primeira vista mas que, após algumas experiências, consegue mostrar que por detrás há muita profundidade a explorar.

As personagens principais de World of Final Fantasy são Reynn e Lann e é com elas que exploramos Grymoire, o mundo onde a verdadeira acção da narrativa tem efeito, enquanto vamos assistindo a várias aparições de algumas personagens clássicas dos jogos Final Fantasy. Seja como for, a narrativa principal centra-se nos dois gémeos, Reynn e Lann, enquanto tentam perceber quem realmente são, já que aparentemente tiveram um papel fundamental naquele mundo mas que dão por si desprovidos de qualquer memória que os ajude a recordar-se sobre qual. A narrativa desenvolve-se com bastante mistério a envolvê-los, um pouco ao género de Kingdom Hearts, muito lentamente a início até arrancar para a sua conclusão a grande velocidade na última metade do jogo. Apesar de misteriosa, a narrativa faz tudo para não se levar muito a sério e ganha contornos de comédia, precisamente devido à intenção dos seus criadores em apelar aos mais novos. As personagens principais são trapalhonas e fazem-se acompanhar por um pequeno ajudante (bastante irritante, diga-se) mas, no final, a procura da nostalgia acaba por ser suficiente para fazer com que os fãs mais conhecedores e experientes na saga continuem agarrados a este jogo até ao seu final.

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Ao estilo de Bravely Default, as batalhas desenvolvem-se por turnos, como já havíamos mencionado, ao género dos antigos jogos Final Fantasy, mas com laivos de modernidade que tornam tudo muito mais satisfatório nos dias que correm para o actual paradigma de jogador de videojogos. Apesar de possuir uma passada lenta, através do aguentar do pressionar da tecla R1, podemos acelerar a velocidade das batalhas. Da mesma forma, com o pressionar do touchpad, a batalha entra no modo automático e repete as últimas acções que executámos com as duas personagens. Em conjunto com o sistema tradicional, surge o sistema Mirage de captura e batalhas de monstros a fazer lembrar não só Pokémon mas sobretudo Ni No Kuni: Wrath of the White Witch, por ser um sistema aparentemente secundário ao jogo mas que, apesar de tudo, pela profundidade que lhe oferece, se torna num dos seus maiores atractivos. À medida que progredimos, vamos podendo “apanhar” os Mirages que enfrentamos durante as batalhas, utilizando um dispositivo chamado prismarium para os capturar. Os Mirages surgem em tamanhos diferentes (divididos por três classes: S, M e L) e o seu aspecto não passará indiferente a nenhum fã da série, com várias referências aos monstros clássicos que recorrentemente enfrentámos nos vários capítulos de Final Fantasy. As suas capacidades podem ser desenvolvidas através das Mirage Boards, por intermédio do consumo dos pontos de Skill ou, de forma abreviada, os ‘SP’ que vamos ganhando à medida que os vamos evoluindo.

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A complexidade do sistema Mirage torna-se ainda maior quando, para os equiparmos na nossa equipa, temos de utilizar o sistema de Stacks. Equipando os Mirages por cima da cabeça de Reynn ou Lann, as suas capacidades específicas, tal como o seu HP, são combinadas com o das nossas personagens. Através de combinações específicas pelo tipo de Mirage, conseguimos versões mais poderosas das capacidades que, quando usadas de forma singular, não têm metade do impacto que poderiam ter se fossem usadas em Stack. Por exemplo, se usarmos duas Mirages com a skill Fire, em stack, vamos poder usar a versão superior dessa skill chamada Fira. Se adicionássemos um terceiro elemento com Fire, desbloqueávamos o Firaga. O mesmo acontece para as restantes capacidades dos Mirages e das nossas personagens quando os usamos em conjunto nos Stacks, cuja capacidade máxima vai até 3 por cada stack. A lógica por detrás desta mecânica define que um Mirage de classe S terá de ficar por cima de um Mirage de classe M que, por sua vez, só poderá ficar por cima de um Mirage de classe L. As nossas duas personagens principais, dependendo da forma que assumem (se é a versão chibi ou normal) também variam de classe. O sistema Mirage e o sistema de Stack permitem que o jogador jogue como bem gosta e assuma a disposição que melhor entenda para cada situação que enfrente no jogo. Apesar da profundidade que ambos os sistemas atribuem a World of Final Fantasy, não deixa de ser estranho ver duas pilhas de personagens a batalhar com claras semelhanças aos totens que caracterizavam os povoados indígenas norte-americanos. Alguns Mirages vão permitir ainda aos nossos protagonistas voar sobre precipícios no cenário, ou andar mais rápido através destes, mediante o desbloqueio de certas capacidades na respectiva Mirage Board.

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À medida que vamos explorando Grymoire, as referências aos jogos da linha original de Final Fantasy são muitas e inevitavelmente, mesmo que o jogador não tenha jogado muitos jogos da série, acabará por reconhecer algumas personagens, monstros e até mesmo algumas cidades e cenários. E os cameos são mais do que muitos – desde a cidade de Cornelia do primeiríssimo Final Fantasy, ao mais que conhecido Cloud de Final Fantasy VII ou mesmo Yuna de Final Fantasy X e X-II – e atravessam todos os jogos da série. Concretamente nas personagens clássicas que vão aparecendo, podem contar com as vozes originais e as próprias deixas musicais que normalmente os acompanhavam. Estas entradas nostálgicas na narrativa são sempre bem-vindas, apimentam a experiência de World of Final Fantasy e os heróis que conhecemos podem ser utilizados como Champions para nos auxiliar durante os combates.

O aspecto visual apesar de não ser o meu preferido, cumpre para aquilo a que os seus criadores se propuseram que foi apelar a uma camada mais jovem com o aspecto chibi da maioria das personagens que aparecem no jogo. E a prova disso é que o meu filho pequenote cá por casa não ficou indiferente a este aspecto mais infantil das personagens Final Fantasy. Todas as personagens clássicas surgem adaptadas a este aspecto mais “fofo” e toda a experiência cumpre visualmente. A banda sonora, apesar de alguns altos e baixo, brilha nos momentos em que os temas clássicos surgem remixados com nova qualidade pela mão de Masashi Hamauzu.

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World of Final Fantasy não é um jogo fora de série mas penso que também não era isso que os seus criadores tinham em mente quando o projectaram. A verdade é que este é um jogo que pretende servir de introdução ao mundo Final Fantasy a muitos novos jogadores, ao mesmo tempo que apela ao sentimento nostálgico dos jogadores mais experientes na série. E nesse aspecto, World of Final Fantasy parece resultar muito bem. O estilo mais tradicional de batalha volta em grande, complementado pelos novos sistemas Mirage e Stack, mantendo toda a experiência bastante profunda e moderna. A espera até ao grande lançamento de Final Fantasy XV, já no próximo dia 29 de Novembro, não podia ser feita de melhor forma do que com este World of Final Fantasy.



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