Yardangs @ Incrível Almadense (01.02.2013)
Stoner-rock is not dead!
O Cine-Incrível de Almada foi cenário para uma festa que se queria de celebração colectiva, convidando-nos a entrar numa carruagem cujos passageiros estavam dispostos a usufruir de uma viagem com destino ao mundo rock.
A primeira parte aquecida pela mão dos Corda, banda cuja prestação se demonstrou enérgica e virtuosa. Composta por um colectivo de cinco elementos, destapava assim uma noite de cariz alternativo.
Formada por Luís Fernandes (guitarra e voz), Ricardo Espiga (bateria), Henrique Branco (baixo) e José Pedro Esteves (guitarra) – os Yardangs, anfitriões da noite, brindavam-nos então com a apresentação do videoclip do tema «0.5», pela mão da produtora Bamp, cuja realização e edição se revelou muito bem conseguida e arrojada: quer pela intensidade do tema, quer pelas imagens charmosas e sedutoras.
Estava assim concluída a abertura daquele que se iria transformar num concerto cheio de riffs de guitarra com headbanging à mistura ou, segundo os próprios, um wind carved rock ‘n’ roll.
Com uma estética despojada de grandes artefactos, os riffs projectados e a presença dos elementos fizeram-se sobrepor ao que faltava de complemento, criando assim uma atmosfera semelhante à que se vivia nos passados anos 90, em que nada existe para além do momento.
Escutámos uma voz forte, rouca e melódica, que nos transportou para o universo mais stoner da cena, chegando a lembrar-nos um Ian Astbury dos The Cult, e que serviu de mestre de cerimónias. Foi este elemento que interagiu com o público e que apresentou as músicas do primeiro EP homónimo e do próximo trabalho, com destaque para «Cut Deep», música que entra na memória com as suas harmonias, ou o novo single «0.5»; pelo meio falou-se de raparigas com olhos azuis e ironizou-se ao falar de um primeiro EP que ninguém conhece.
O que nos foi servido foram canções no seu estado mais puro, que em certos momentos sofrem uma transmutação e nos levam por viagens interiores. Não está aqui em causa o dinheiro, o êxito; não se pretende criar heróis, nem fábulas; apenas se procura o prazer imediato, sensações intensas através da linguagem áspera de cada riff poeirento, de cada palavra debitada.
Se as sonoridades nos reportam para bandas como os Queens of the Stone Age, ou até mesmo uns Unida, a presença impõe-se mais numa ambiência de um ensaio descontraído ou de um concerto de amigos.
Não descurando a boa execução dos intervenientes, apuramos que se trata de um círculo bem definido a nível conceptual das músicas apresentadas, deixando uma sensação de que o rock vive e está de boa saúde. Como eles próprios afirmam, “o limite está à distância do horizonte”.
Fotografia por João Folgosa
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