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Zona Desenha

O Décimo volume da "Zona" já se encontra disponível. No dia 12 de Novembro a Baixa-Chiado PT Bluestation vai receber a melhor banda desenhada nacional

A “Zona Desenha” já se encontra disponível desde o passado Sábado, 3 de Novembro, dia em que foi apresentada no festival “Amadora BD”. Antes de falar da revista em si, é importante relembrar no que consiste este projecto.

Foi há cerca de dois anos que falámos pela primeira vez com Fil e André Oliveira sobre a revista “Zona”, após o lançamento da “Zona Fantástica” durante o “Fantasporto”. Era a terceira revista a ser publicada e falava-se, na altura, da vontade em criar uma associação que desse um maior suporte a este e outros projectos.

A vontade era de facto muita e não passaram, após essa entrevista, mais de dois meses para que a Associação Tentáculo nascesse. Nas palavras dos criadores:

Inaugurada em Julho de 2010, a Associação Tentáculo, de cariz artístico e cultural, tem vindo a albergar e motivar o plano de jovens autores dos mais variados quadrantes, na criação de novos suportes e desafios de exposição comercial.

Impulsionada pela revista Zona, um projecto editorial de banda desenhada e ilustração com expressão no universo nacional das artes, reuniu uma bolsa de artistas portugueses e estrangeiros que têm vindo a fundamentar um avanço criativo e de colaboração entre amigos e desconhecidos movidos pela mesma missão: criar até cair.

Nestes dois últimos anos, muita coisa aconteceu: a Tentáculo tem sido a responsável, não só pela edição de todas as revistas “Zona”, como também de outros projectos relacionados com a ilustração e a poesia; e Miguel Peres juntou-se ao projecto como editor, ao lado dos já mencionados Fil e André Oliveira. Todas as informações sobre esta associação -incluindo a compra de livros ou como se tornarem sócios – encontram-se no site oficial.

Voltando à “Zona Desenha” – o décimo volume desta revista – convém referir que se trata de uma edição diferente das anteriores. Começa por ser um projecto inserido na primeira Trienal Movimento Desenho e que por isso mesmo se foca particularmente na relação entre o autor e o desenho. Aqui, o desenho é o grande, aliás, o único, protagonista.

Por isso se estiverem à procura de histórias curtas de BD como a “Zona” nos tem vindo a habituar, esta não é a edição certa para adquirirem. No entanto, se amam o desenho, se querem conhecer trabalhos de alguns dos melhores desenhadores nacionais da actualidade, bem como a sua relação com o desenho e a forma como o trabalham, então sim, este é o número ideal e o objectivo foi, na nossa opinião, muito bem alcançado.

Este novo desafio da “Zona” foi lançado a 20 autores, sendo que cada um teve direito a quatro páginas dedicadas ao seu trabalho. As primeiras duas consistem em duas pranchas de BD originais sob a temática “O desenho e eu” e as restantes duas contêm uma curta biografia, uma entrevista, esboços, fotos do local de trabalho e o URL de cada autor.

É muito interessante ver o leque de autores reunidos. A começar por alguns dos que acompanham a “Zona” desde o início, tais como a Carla Rodrigues, o Manuel Alves, a Joana Afonso, o Pedro Carvalho e o Rui Alex – sem eles a “Zona” não seria certamente a mesma; outros que já haviam participado no projecto, tais como André Caetano, André Lima Araújo, António Valjean, Carlos Páscoa (autor da capa), Filipe Andrade e Richard Câmara; e outros ainda que surgem pela primeira vez nestas páginas, Luís Figueiredo, Jorge Coelho, Osvaldo Medina, Ricardo Venâncio e Rui Lacas. Para quem está a par da BD nacional, certamente que a maioria destes nomes são tudo menos desconhecidos. Esta é, sem margem para dúvidas, a “Zona” que consegue reunir o leque de desenhadores mais interessante até à data, unindo alguns dos nomes mais consagrados com alguns dos mais promissores.

O resultado final, como esperado, é bastante heterogéneo. Todos têm uma relação muito forte e pessoal com o desenho – Osvaldo Medina chega a dizer que nasceu de lápis na mão – o que resulta num conjunto de pranchas amplamente diversificadas, não só na forma de abordar o tema, como no próprio estilo de contar esta relação.

Alguns optam por abordar o tema mostrando a influência que o desenho desempenha nas suas vidas desde a infância (Jorge Coelho, Miguel Santos, Osvaldo Medina). Outros optam por mostrar algumas das suas inspirações, sejam provenientes da BD (António Valjean), da música (André Lima Araújo), ou da vida (Joana Afonso, Rui Lacas) – no caso de Rui Alex essa inspiração chega a tomar a forma de uma Musa retratando essa busca incessante pela ideia certa, no meio de tantas outras. Desenhar é poder e é também uma viagem, seja na folha do papel (André Caetano) ou mais além (Ricardo Reis) até novos mundos (Carlos Páscoa). Richard Câmara por sua vez tem a abordagem mais experimental e abstracta, porque nem tudo tem que ser desenhado nem interpretado da mesma forma.  E, tal como um músico manipula os sons da vida, também um desenhador manipula as suas linhas (Filipe Andrade), tornando-se ele e o desenho num só (Ricardo Venâncio) e, quem sabe um dia, passando-o para outros (Fil).

A título negativo, apenas a impressão do preto que apresenta uma fraca qualidade, mas que, felizmente, não senti afectar as pranchas dos desenhos, que no fundo é o que aqui interessa.

De salientar que dia 12 de Novembro será inaugurada na Baixa-Chiado PT Bluestation uma exposição dedicada a esta revista que contará com a presença de vários autores e com desenho ao vivo. Esta exposição decorre no âmbito da parceria entre a RDB e a PT e irá manter-se durante uma semana.



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