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“Paris Haussmann” e “Desenhos de Marques da Silva” @ CCB

Duas exposições de Arquitectura ligadas por Paris! Para todos os públicos…

“Haussmann, Modelo de Cidade” com visita guiada por Maxime Enrico e “Desenhos de Marques da Silva, no Atelier Laloux 1890–1896” com apresentação de André Tavares, encontram-se, a partir deste momento, na programação da Garagem Sul do Centro Cultural de Belém em Lisboa.

Duas mostras, unidas por Paris, em que uma abraça a outra. A mais pequena ao centro e maior que a envolve. Geometria de um núcleo central para Marques da Silva e um largo “deambulatório” em sua volta para Haussmann.

A de Haussmann foi selecionada pela valorização da combinação interdisciplinar. Uma nova forma de analisar a cidade, de um modo muito bem estruturado. A de Marques da Silva, escolhida pelo princípio de complementaridade. Trabalhos enriquecedoramente académicos, do tempo em que trabalhou com Laloux.

É apresentada pela primeira vez no estrangeiro e procura essencialmente gerar perguntas! A constante dúvida do caminho a seguir para a cidade no futuro?

Haussmann personifica o modelo urbano de Paris desenvolvido no século XIX e ainda hoje mais de 60% está construído e activamente a receber o modo de vida contemporâneo. Ao longo da exposição, caminhamos em paralelo com fotografias de Cyrille Weiner, que nos mostram a realidade presente e terminamos com um filme de uma viagem de Vespa, pelas ruas emocionantes desta cidade.

Porque terá Paris, formalmente tanto potêncial? Funcionalmente tamanha resiliência? Tectonicamente conseguir envelhecer tão discretamente?

Um estudo afincado de 2 anos, alerta para pontos como conectividade, densidade, resiliência, identidade, sobriedade, intensidade, mistura e atractividade e permite fazer um balanço bem consolidado. Conseguido numa síntese coerente, objectiva e homogénea, que promove uma leitura intuitiva, clara e aprazível.

Abordagem em desenhos, mapas, gráficos, tabelas e maquetes, transformados em documentos poéticos cheios de conteúdo. Verifica-se que Paris é muito densa. Mas porque se sente tão pouco? 66% da cidade está construída. Mas como é tão sustentável?

Tenta compreender-se como o modelo urbano do Segundo Império Francês conseguiu este equilíbrio. Procuram encontrar-se matrizes capazes de resolver os problemas de hoje.

Encontra-se o conceito de matéria | cheio em estreita cooperação e também o conceito de anti-matéria | vazio, possivelmente materializado em saudável tensão. Em modo conclusivo o vazio passa a cheio e temos uma possível interpretação da construção contemporânea. Elementos autónomos já valorizados por si só, a procurarem relacionar-se para qualificar todo o contexto.

Curioso como se verifica, em termos de mobilidade, que as emblemáticas estações de metro, se encontram estrategicamente posicionadas em espaços categorizados como excepção, quase estrategicamente resultantes do construído, mas sensivelmente acidentais.

Compreendem-se as inteligentes regras criadas por Haussmann para flexibilizar todo o seu modelo. Os mesmos princípios, mas revelados em elementos diferentes. No que diz respeito à escala, hierarquia e estrutura, verifica-se uma forte liberdade arquitectónica. O arquétipo até ao contexto económico consegue ajustar-se. Tantas histórias e tantos programas diferentes, que esta urbe tem capacidade de absorver tão naturalmente.

Foi certamente o conjunto destas condições, que contribuíram para o carácter da forte identidade Parisiense. Mas não será exactamente por estas questões mais técnicas que existe a vontade de conhecer a capital francesa? O cunho está nos mais pequenos detalhes. A macro escala é facilmente identificável na micro escala, e talvez por isso seja tão especial, fazer cinema em Paris.

Que marca é esta? O que podemos aprender? Que direcção queremos tomar?

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A Exposição do “arquitecto do Porto” representa o início do século XX e inaugura a série Arquivo. De uma forma simples e ao longo de várias exibições, vai pôr-nos em contacto com documentação de acervos de instituições, que outrora estavam menos acessíveis ao público em geral.

São 62 desenhos de um conjunto de 78, bem restaurados e organizados cronologicamente, pertencentes à Fundação Instituto Marques da Silva. Revelam uma enorme competência que concilia pragmatismo e beleza. Traduzem a monumentalidade da obra eclética, através da representação tecnológica e artística.

Marques da Silva foi um aluno não bolseiro, da École Nationale et Spéciale des Beaux-Arts e discípulo de Victor Laloux, o permitiu que o material produzido pudesse permanecer mais concentrado, por não ser entregue a nenhuma instituição que o financiasse.

A escola ou método de ensino era mais radical, com teoria e prática, próximas e a complementarem-se mutuamente. O desenho era o instrumento da formalização, o veículo da materialização, a ferramenta de aferição de projecto. O processo era desenvolvido através da cópia exaustiva, pelo treino da representação da figura humana, pelo aperfeiçoamento da reprodução do modelo nu.

Seu mestre, desenvolvia particularmente estações de comboio | gares, a título de exemplo, projectou a Gare d’Orsay em Paris, pelo que, nessa continuidade, Marques da Silva desenvolveu a Estação de São Bento no Porto.

A Arquitectura assumia-se como uma das 3 Belas Artes. De facto arte, pela componente sensorial, expressiva e emocional, mas ao mesmo técnica, com a recurso a plantas, cortes e alçados e não perspectiva.

Sem a sistematização de Haussmann, este ambiente revela alguma nostalgia em relação ao antigo regime, demonstra programas da aristocracia, com carácter nobre e de soluções criativas.

O desenho número 28, tem uma surpresa! Procurem na Garagem Sul até 17 de Junho



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