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Eels @ Coliseu dos Recreios

Homens de barba rija.

Calhou em sorte que no dia em que os Eels regressaram a Portugal – no passado dia 19 de Setembro e nove anos depois da última vez – decorresse simultaneamente um dérbi lisboeta. Por essa razão, o concerto de Mr. E e companhia foi sendo adiado até deixar de ser razoável – altura em que Óscar Cardozo já tinha feito as pazes com os adeptos benquistas, duas vezes. Assim, tivemos duas primeiras partes para as primeiras dezenas de fãs. Primeiro um espectáculo de um fantoche, o Toninho, coisa pouco apropriada para este tipo de público. Depois Emmy Curl que este Verão esteve, por exemplo, no Sudoeste TMN. De guitarra acústica nos braços, Curl é mais uma escritora de canções. Em jeito de comparação, Emmy Curl está na linha do que Minta aka Francisca Cortesão faz a solo, mas com canções menos arranjadas. No fim das primeiras partes a casa já está composta e o público preparado para o prato forte da noite.

Após uma longa introdução, Mr. E surge todo de branco, de barba longa, óculos escuros e pano a tapar o cabelo. Atira-se logo a «Grace Kelly Blues» e reconhecemos a marca de água do som dos Eels. À segunda canção entra um guitarrista e à quarta o resto da banda. Todos os membros da banda têm algo na cabeça, à excepção da baterista, e todo o grupo está de óculos de sol – requisito para tocar com os Eels? Mr. E privilegiou a trilogia que começou com «Hombre Lobo», continuou com «End Times» e agora se conclui com «Tomorrow Morning». As primeiras canções permitem alguma intimidade e vêm quase todas de “End Times”, o álbum do divórcio, a par de “First Days of Spring” dos Noah And The Whale, o álbum de dor de corno mais sincero dos últimos tempos.

O concerto em si foi um “combo” de blues, rock, country e folk, ou seja, toda a América coube na música dos Eels. Pausas? Foram raras. O intervalo entre as canções só deu tempo para as muitas mudanças (rápidas) da guitarra de Mr. E. Grande parte do tempo a coisa não foi menos que excitante e entusiasmante. A belíssima «In My Dreams» serve apenas para fazer descansar o pé que está cansado de bater no chão.

O mentor dos Eels só se dirigiu ao público para agradecer e apresentar a (excelente) banda. Da apresentação destaque para uma “lenda viva”, Koool G Muder – parece um membro perdido dos ZZ Top -, e para o baterista Knuckles que deu show – solo de bateria incluído – numa grande “funkalhada”. Houve espaço para algumas versões («She Said Yeah» dos Rolling Stones, «Summer in the City» dos The Lovin’ Spoonful e «Summertime» de George Gershwin) numa viagem pelos 60’s e 70’s. Já antes do encore temos a sensação de não faltar nada, mas a plateia pede mais um e grita por «Novacaine For The Soul», ainda hoje o grande sucesso da banda. Mr. E não deu nem uma coisa nem outra. Grande concerto.



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