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Prima Donna @ Musicbox

Voltem noutro dia.

Não estão mais que uma dezena de fãs hardcore, daqueles de fila da frente, quando passamos a hora marcada para o início do concerto. Espectáculos à terça-feira não são prática comum na programação semanal do Musicbox, aquele que é, de momento, o melhor e mais eclético espaço musical lisboeta. Talvez por um concerto à terça-feira ser prática rara neste espaço, talvez por isso tenhamos visto uma sala vazia, vazia como nunca antes a vimos. Talvez tenha sido do preço dos bilhetes, um pouco exagerado para o culto (um nicho) da banda no nosso Portugal.

Ainda antes do espectáculo, os músicos dos Prima Donna cumprimentam os fãs e tiram-lhes fotografias para mais tarde recordar. O positivo neste tipo de concerto de sala despida é a proximidade entre os poucos fãs e o(s) artista(s) em questão. Mais tarde, durante o concerto, este aspecto haveria de tomar contornos bem maiores. Os Prima Donna, que abriram para os Greenday há sensivelmente um ano, sobem ao palco após uma longa intro. “Are you ready for some Rock  n’ Roll?”, pergunta o vocalista Kevin Preston. E de repente parece que estamos num estádio.

Há muito glam rock via New York Dolls e muito punk via The Clash e via Stooges – os verdadeiros grandes fundadores do movimento. A atitude de Kevin Preston chega mesmo a lembrar a de um Iggy Pop. Por vezes entra um saxofone (sexy, segundo o myspace da banda)  e um teclado que nos traz os T. Rex à memória. Ouvimos muitos “Auuuhh!”, vemos muita cerveja e notamos muita pose. Quando entra o saxofone sentimo-nos entusiasmados, quando entra a pandeireta quase não damos por ela.

A coisa dá-se sem paragens e, quando o quinteto pára, é para anunciar uma nova canção – justificou-se, por exemplo, quando a banda anunciou uma cover da excelente «Rebel Rebel» de David, o Bowie, o grande David Bowie. O mestre-de-cerimónias que é Preston, um verdadeiro entertainer, ora brinca com o público, ora o deixa tocar guitarra – um sofrimento para os nossos ouvidos -, ora faz a espargata ou oferece o cabelo às mãos dos fãs. Ora despe a camisa, ora atira o suporte do microfone para o chão e fica de joelhos.

Em encore lá veio o hit, «I Don’t Want You To Love Me». A meio da canção, Preston refere ter-se esquecido da letra. Mentira. É apenas um teste aos conhecimentos dos fãs. Duas meninas gritam “I ain’t ever gonna call you / Won’t even pick up the phone”.  «”sso soa bem”, atira o vocalista. E dá-se um final de concerto apoteótico.

“Foi bom?”, pergunta o líder dos Prima Donna no final. A assistência responde afirmativamente. «Então passem a mensagem», conclui. Passem a mensagem, os Prima Donna têm que voltar, mas nunca a uma terça-feira.



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