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The Ruby Suns @ Salão Brazil, Coimbra.

Taste the rainbow.

A pop psicadélica tomou conta, no passado dia 26 de Março, do secular Salão Brazil, situado nas ruas estreitas da Baixa de Coimbra. Numa co-produção da Rádio Universidade de Coimbra (RUC) e da produtora Lugar Comum, os Ruby Suns, nome que já nos soa familiar, trouxeram consigo um festejo colorido em forma de canção.

Num concerto efervescente, em jeito de celebração colectiva, a banda neo-zelandesa – representada por Ryan MacPhun e Bevan Smith (não esteve presente Amee Robinson) mostrou como se traz o Verão para dentro de quatro paredes, exibindo uma mistura única de sons exóticos que fizeram suar as cerca de 160 pessoas presentes.

A visita dos The Ruby Suns (o grupo, passou ainda nos Maus Hábitos, no Porto, e na ZDB, em Lisboa) – inédita em Portugal – teve como desculpa a apresentação do segundo álbum de originais, “Sea Lion”, editado no ano passado, e que tem recolhido elogios de órgãos britânicos como The Independent, New Musical Express e a revista Mojo.

Com o grupo neo-zelandês – formado em 2004 e originalmente conhecido como Ryan McPhun & the Ruby Suns – depressa se esquecem as impossibilidades. As palavras tornam-se desnecessárias e os corpos movimentam-se de forma quase involuntária, ao som de uma pop reverberada e de múltiplas texturas. Sentem-se laivos de Beach Boys, Animal Collective ou Mercury Rev, mas há algo de único em The Ruby Suns. A sensação de que estamos a provar um bocadinho de arco-íris ou a assistir a uma orquestra informal invade-nos não raras vezes.

No palco, Ryan McPhun – epicentro da banda – é múltiplo e intenso, numa timidez que torna a sua música despretensiosa e perene. Num concerto de Ruby Suns, fica-se com a sensação de que os protagonistas sofrem de hiperactividade sonora, qualidade que vicia qualquer ouvido mais atento. O palco, vestido de uma panóplia de instrumentos de percussão, precisa de pouco mais do que isso: a música dos neo-zelandeses não necessita de ser vista: entra no corpo e confunde-se com a pele.

A palavra eclética ganha todo um novo sentido com os The Ruby Suns: McPhun, jovem líder da banda, nasceu na cidade de Ventura, Califórnia, mas cedo partiu numa descoberta aventureira pelo mundo. Rumando ao Quénia, passou ainda pela Tailândia, assentando finalmente em Auckland, na Nova Zelândia. Sempre acompanhado de um dictafone (gravador portátil), McPhun recolheu ritmos, vozes e sons dos locais por onde passou, amalgamando tudo num cocktail musical vibrante que se comprova ao vivo.

É imediata a sensação de que somos levados nessa viagem pelo mundo fora ou não fosse o álbum “Sea Lion” uma ode às paisagens exóticas que o líder de The Ruby Suns conheceu: «Tane Mahuta», cantando em Maori (idioma austronésio, falada pelos nativos da Nova Zelândia e das Ilhas Cook), é sobre uma árvore da floresta neo-zelandesa Waipoua, «Adventure Tour» canta uma viagem pela Ilha Sul da Nova Zelândia e «Kenya dig it», uma óbvia passagem pela música tradicional queniana.

Quando lhe pediram uma descrição da sua banda, Ryan McPhun respondeu: “Música pop, noise, psicadelismo, flamenco, Pacífico Sul, África, gravação caseira, caminhadas, viagens, animais, praias, comida vegetariana, especialmente falafel”. Nós apenas podemos concordar: não existe pudor ou barreira na música dos The Ruby Suns. A  tempestade sonora que recai sobre quem os vê ao vivo faz corar o mais clássico dos músicos: um concerto de Ruby Suns não é música ao vivo, é música viva.



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