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Franz Ferdinand: Campo Pequeno

Surpreendente e explosiva actuação da banda escocesa perante uma Praça de Touros completamente rendida. Dia 2 de Dezembro 2009.

Em Agosto de 2004, poucos meses depois do lançamento do homónimo disco de estreia, os Franz Ferdinand foram as grandes estrelas do Festival Sudoeste num concerto que ficará para sempre na memória de quem teve a felicidade de estar presente. A actuação da banda ficou marcada pela energia contagiante em palco e pelo excelente conjunto de temas que compõem o seu disco de estreia, em que “Take me out” se destacou nas rádios como um dos temas do Verão. Cinco anos depois, a banda actuou pela primeira vez em Lisboa, em nome próprio, e perante um Campo Pequeno praticamente esgotado, apresentou um espectáculo surpreendente, muito diferente daquele que, à 5 anos, “incendiou” a Herdade da Casa Branca na Zambujeira do Mar.

Editar um bom disco de estreia pode ser o pontapé de saída para uma carreira de sucesso mas, quando um primeiro disco entra na história da música, o peso da responsabilidade pode significar o desmoronamento da mesma. Ao contrário de outras bandas, da mesma geração, que lançaram discos de estreia muito promissores – os Kaiser Chiefs por exemplo – os Franz Ferdinand souberam gerir a sua carreira de uma forma hábil, piscando um olho a temas mais pop em disco e apostando em actuações explosivas e surpreendentes ao vivo, como foi o caso daquela a que podemos assistir no Campo Pequeno.

A noite contou com duas bandas na primeira parte. Os esforçados The Doups, trouxeram de Setúbal um rock musculado e apresentaram algumas faixas do primeiro disco, “Night Out e Now I’m Going”, que será editado em 2010 . O concerto terminou com o primeiro single, “Try Lie Die Whatever”. Seguiram-se os nova-iorquinos The Phenomenal Hand Clap Band, que actuaram pela primeira vez em Portugal. Um concerto com muitos altos e baixos, que sofreu de uma má setlist numa actuação que tinha como objectivo preparar o público para os Franz Ferdinand. Este não terá sido o concerto ideal para tirar conclusões sobre o projecto. Ficamos à espera de uma nova passagem da banda pelo nosso país, em outras circunstâncias.

Com um atraso considerável (um concerto durante a semana a começar quase às 23 horas?), a entrada de Alex Kapranos, Nick McCarthy, Robert Hardy e Paul Thomson foi recebida com euforia e muito histerismo, principalmente do público mais jovem. Com um enquadramento cénico perfeito, colunas e amplificadores com ar vintage e um suporte visual bastante bem conseguido, os escoceses mostraram-se muito felizes por estarem, pela primeira vez, a tocar em Portugal (palavras de Alex Kapranos) sem os constrangimentos de um Festival, arrancando para uma actuação explosiva com “No You Girls”, tema do mais recente trabalho da banda, “Tonight: Franz Ferdinand”.

Intercalando os novos temas com os singles dos discos anteriores, a banda conseguiu colocar o público em total delírio. “This Fire”, tema que em 2005 a banda teve pudor de apresentar no palco do festival Lisboa Soundz devido aos fogos que tinham varrido o país, mostrou a capacidade dos Franz Ferdinand surpreenderem, optando por uma versão totalmente diferente daquela que se pode encontrar em disco, repetindo até à exaustão o refrão, que funcionou muito bem ao vivo. A partir desse momento ficou-se com a certeza que este seria um concerto muito diferente das anteriores passagens da banda por Portugal.

Como seria expectável, “Take me Out”, foi recebido de uma forma estrondosa e até teve direito a pirotécnica caseira, com um dos espectadores a acender um foguete (daqueles que se costumam ver nos estádios de futebol) no meio da plateia e que lhe valeu uma escolta para fora do recinto por parte da segurança. O concerto terminou com uma long version de “Outsiders” com direito a uma estrondosa performance dos 4 elementos da banda a tocar bateria, montada em segundos em frente do palco, que colocou todo o campo pequeno a dançar como se a praça de touros se tivesse transformado numa discoteca.

A festa prolongou-se mais uns minutos no encore. Após o regresso mais calmo com “Walk Away”, o ritmo começou de novo a aumentar em “Michael” e “All My Friends”, a versão do tema dos LCD Soundsystem que foi a maior surpresa no alinhamento do concerto, culminando com os sintetizadores estridentes de “Lucid Dreams”.

Não terá sido o concerto do ano (esse titulo já está entregue a Faith no More desde Agosto) mas a entrega da banda, com o guitarrista Nick McCarthy em grande destaque, a capacidade de surpreender e a união com os fãs, foram características que proporcionaram um momento muito especial, que deverá ser repetido mais vezes a curto/médio prazo.



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