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Tindersticks @ Tivoli (26.10.2016)

Consulta de rotina

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A sala de espera dificilmente poderia ser mais bonita que o anfiteatro do Tivoli e os senhores doutores de Nottingham apareceram uns meros 10 minutos depois da hora marcada, não ferindo de morte a pontualidade bem famosa do seu País de origem.

“The Waiting Room” foi a previsível estrela da noite, com 7 dos 11 temas do disco a merecerem fazer parte desta bela noite, tendo o mote sido dado desde logo pelas duas primeiras canções entoadas pela formação dos Tindersticks desde 2009: David Boulter, Neil Fraser e Stuart A. Staples a parte que resta da fundação, Earl Harvin e Dan McKinna.

Inicialmente o volume da guitarra de Neil Fraser parecia estar algo abusado em relação à calmaria que predomina no som dos Tindersticks, mas ao fim de poucos temas o som estava equilibrado, e permitia desfrutar ainda melhor de toda a qualidade que têm para oferecer, e que é transversal ao seu repertório. Além do novo álbum, foram visitados os discos “Something Rain”, “Tindersticks II”, “Simple Pleasure”, “The Hungry Saw” e “Waiting for the Moon”.

Desde «Medicine», que provou ser um dos melhores temas da banda nos últimos largos anos, à familiaridade de «If You’re Looking For A Way Out», fica provada a premissa muitas vezes difundida de que os Tindersticks ainda nunca conceberam um mau disco.

Para o tema-título da obra mais recente a banda reduz-se a trio, com Dan McKinna a apoderar-se dos teclados, que acompanham com a bateria a carismática voz de Stuart Staples, conseguindo tornar «The Waiting Room» num momento digno duma religioso. Esta toada mais minimalista estende-se ao instrumental «Follow Me», apenas com teclados e percussão, num acto que devolve David Boulter ao seu instrumento de eleição.

Quando a banda regressa por inteiro ao palco do Tivoli a energia volta a subir, em grande parte à boleia do positivismo de «We Are Dreamers» e ao jogo de vozes em «Show Me Everything».

É na derradeira música antes do encore que Stuart Staples vai além dos sussurrados Thank You no final dos temas e, além dos agradecimentos costumeiros, refere que não lhe resta muita voz naquele momento. Ainda assim o quinteto não resistiu aos pedidos da plateia que praticamente esgotou o teatro e brindou-a com mais um par de temas.

A banda de Nottingham é um autêntico médico de família para o público português, numa relação em que ambos conhecem sobremaneira os tiques um do outro, deixando sempre o seu paciente numa estado de bem-estar superior. E já nos encontramos de novo na sala de espera, aguardando a próxima consulta.

Fotografia por José Eduardo Real

Alinhamento:

– Last Chance Man

– Were We Once Lovers?

– Sleepy Song

– Medicine

– Johnny Guitar (Peggy Lee cover)

– She’s Gone

– If You’re Looking For A Way Out

–  The Other Side Of The World

– Hey Lucinda

– How He Entered

– The Waiting Room

– Follow Me (Bronislau Kaper cover)

– We Are Dreamers

– Show Me Everything

– Say Goodbye To The City

– A Night So Still

(encore)

– Sometimes It Hurts

– My Oblivion

 



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