ALLA PRIMA de Tiago Cadete no NEGÓCIO – ZDB

Alla Prima

A imagem triste de um corpo colonizado.

Tiago Cadete um bolseiro de artes performativas português a residir no Rio de Janeiro, despe o corpo e a história da colonização do Brasil para ser veículo de cerca de 400 imagens de um certo triste trópico, em Lisboa, no Negócio – Galeria Zé dos Bois a partir de 27 de Janeiro.

Um corpo puro, nú sem a violência da colonização do Outro é uma contra proposta nos dias que correm que pode ser celebrada em Lisboa e Porto nas próximas semanas.A ideia de um corpo despido mas preso, reflexo das imagens que vão surgindo por meio de vozes que descrevem as posições a que este deverá obedecer, em que a nudez surge como o simbolismo de uma liberdade, beleza e inocência perdida é uma ideia por si só desformatadora da noção presente na consciência colectiva actual.

Repensar a história do Brasil e de todos os “Brasis” que nasceram desde que o Homem surge na demanda da civilização é harmoniosamente explicitada num corpo português perdido perante a diversidade de imagens em catadupa que são projectadas num ecrã.A coreografia transcende as escolas e a dança europeia para ser um simbólico movimento de atrocidades e perplexidades geradas pela colonização portuguesa do Brasil.Um trabalho primorosamente original de preencher Alla Prima um nú, como na técnica de pintura a óleo, através de camadas sucessivas sem secagem das mesmas. E as imagens sucessivas vão aumentando numa cadência atonal até à final do corpo do artista projectado na tela expiado de toda a violência deixando-nos a questão do que se fala quando falamos do ser humano na contacto com o Outro diferente, especificamente no encontro entre os portugueses e os índigenas e a escravatura desde África.Tiago Cadete consegue um feito único nas artes portuguesas, sendo um viajante por vários países, em que se vai camuflando dos simbolismos do corpo por onde quer que passe, num corpo umas vezes em mutação porque viver no Brasil altera a temperatura do corpo, numa transformação que nos leva à consciência de que somos essencialmente explicitação do mais que humano: a Liberdade.

 



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