You Should Go Ahead

Os anos 80 são agora...em Entrevista.

De há um par de anos para cá, os anos 80 voltaram a estar na ordem do dia, no que diz respeito ao quotidiano musical internacional. Tal revivalismo iniciou-se, sensivelmente, na altura em que o rock’n’roll voltou a cair na rotina, depois uma fase de maior estímulo mediático, graças a bandas como os The Strokes ou os The White Stripes.

Graças a bandas como os Yeah Yeah Yeahs, os Radio 4 ou, até mais recentemente, os Interpol ou os She Wants Revenge, começou a ser comum sermos regularmente assaltados por vagas nostálgicas que nos fazem recordar os Gang Of Four, os Joy Division ou os The Fall.

Os anos 80 estão, definitivamente, na ordem dia dia. Felizmente, este revivalismo parece ter-se ficado pelo pós-punk, deixando em paz os penteados e a moda de uma década que foi particularmente infeliz nesse campo, onde o sentido de ridículo das pessoas parece ter andado adormecido.

No entanto, Portugal parecia querer manter-se à parte desta nova tendência. Os X-Wife seriam a excepção que confirmava a regra. Eis então que surgem os You Should Go Ahead, colectivo de Lisboa que parece querer inscrever definitivamente a música nacional no campeonato do revivalismo dos anos 80.

Os You Should Go Ahead são quatro – Pedro Lourenço (voz e guitarra), David Ferreira (guitarra), Inês Vicente (baixo) e Tiago Salsinha (bateria) – e acabam de lançar o seu álbum de estreia, de título homónimo. Apesar de dispensarem levemente o cenário urbano-depressivo, os YSGA resgatam aos anos 80, ao pós-punk e à new-wave, as guitarras angulares e a urgência punk aliada a uma componnte electrónica.

Depois do burburinho que levantaram no TMN Garage Sessions do ano passado, a Rua de Baixo foi falar com eles após a passagem pelo palco do Lisboa Soundz, o mesmo que acolheu a estreia dos The Strokes em Portugal.

RDB: Quem são afinal os You Should Go Ahead?

Inês Vicente:  São quatro pessoas que têm um grande gozo a fazer música!
David Ferreira: São uma banda de música rock que toca sem preconceitos…

Apesar de se terem formado apenas em 2005, a vossa carreira tem sido vertiginosa. Depois de terem estado na final do TMN Garage Sessions, tiveram oportunidade de tocar no Sudoeste e no Lisboa Soundz, onde partilharam o palco com grandes vultos da música internacional, como os Oasis ou os Strokes. Que significou isso para uma banda com tão pouco tempo de vida?

IV: Pouco tempo de vida, é verdade, mas tentamos que cada minuto sirva para nos trazer algo de novo.

Pedro Lourenço: A verdade é que todos os elementos dos You Should Go Ahead têm experiência de projectos anteriores… Tudo o que tem acontecido, tem sido muito positivo, mas ao contrário do que parece, foi uma evolução progressiva desde o início das nossas carreiras como músicos. Nunca demos um passo maior do que aquele que iríamos conseguir dar e nunca fomos levados ao colo. Apenas tentamos não parar…

DF: Significou que o nosso esforço por tentar atingir essas metas valeu a pena… acreditem que trabalhámos bastante para isso e continuamos a trabalhar para tentar ir mais além…

No Lisboa Soundz chamaram os espectadores de “preguiçosos”, algo que parece não ter caído bem junto de uns e empolado outros. Afinal o que se passou realmente?

PL: Como alguém já comentou, foi um insulto um bocado frouxo, devia tê-los mandado para algum sítio mais feio… A verdade é que “infelizmente” não se passou nada de especial! Talvez pudéssemos ter mais protagonismo…

DV: Isso foi o que comentaram …eu estava no palco e não vi ninguém a queixar-se… mas enfim, nada a dizer a não ser que adorámos lá estar e penso que quem viu também gostou…

IV: Fez-se um grande alarido à volta dessa afirmação… aparentemente em inglês as pessoas entendem melhor o significado de algumas coisas e conseguem lidar com elas pacificamente… é ridículo considerar ofensiva uma tentativa de agitar a audiência!

Quando oiço os YSGA, vêm-me a memória o movimento pós-punk, dos Gang Of Four aos Sonic Youth. São estas as vossas influências ou falhei redondamente?

PL: Vinte anos a ouvir música! Torna-se difícil dizer quais são as maiores influências. Pessoalmente gosto de muito de The Chameleons e Killing Joke, mas também gosto de muita música actual (para teenager)!

IV: O engraçado no meio disto tudo é que cada pessoa faz determinadas associações às suas próprias referências… e isso é bom! As nossas referências pessoais, tão distintas de uns para outros, tornam-se absolutamente irrelevantes!

Os anos 80 estão, claramente, na ordem do dia. Como encaram este revivalismo? Consideram-se uma parte dele?

PL: Não queremos apenas fazer parte do movimento revivalista, nunca foi o nosso objectivo ser parte desse movimento! Aconteceu de forma natural. No entanto, queremos trazer mais qualquer coisa… talvez o revivalismo dos 90 [risos].

O vosso single de apresentação, «Like When I Was Seventeen», foi gravado nos Estados Unidos da América. Como foi ter Howie Weinberg na cadeira de produtor?

PL: … a masterização foi feita nos EUA! A gravação foi feita em Portugal no estúdio GroundZero pelo Bruno Lobato e por nós. Felizmente cá também há pessoas com alguma experiência e bom material… A masterização é o processo pós-gravação e, como tal, deve ser feito por alguém não envolvido na gravação, que tenha muita experiência em preparar as músicas para disco, rádio ou TV. Para tal, escolhemos o Howie…

Muita da projecção dos YSGA tem-se feito pela Internet, nomeadamente pelo mediático Myspace. É por aí que passa o futuro da música?

PL: Também… Mas a rádio e a televisão ainda são os maiores meios de promoção. São eles que levam a música a quem não a procura, enquanto o MySpace é dirigido a um público mais específico, que sabe o que quer e por isso procura-o.

IV: Sem dúvida que cada vez mais a Internet assume uma importância vital na divulgação da música. O único problema é exactamente o excesso de informação que leva a que as coisas sejam encaradas levianamente… ainda me lembro de comprar um álbum e devorá-lo vezes sem conta, até o saber de cor, e à centésima audição estava a descobrir coisas novas… hoje em dia ouve-se uma vez um álbum, ou os primeiros segundos de cada música e, se não agradar a 100%, apagam-se os ficheiros!

Como encaram o fenómeno da pirataria musical? Incomoda-vos que as pessoas saquem a vossa música da Internet?

PL: Não nos incomoda. Nesta fase queremos que o maior número de pessoas goste da nossa música e para isso as pessoas têm de a conhecer! No meu tempo, muitas vezes, não íamos aos concertos porque já tínhamos gastado dinheiro no álbum… hoje em dia é diferente. Muita gente vai a festivais sem conhecer ou gostar das bandas e poupam dinheiro não comprando discos.

E antes de terminar – por onde vão andar os YSGA nos próximos tempos? Está a internacionalização à espreita?

DF: Esperamos que sim…vamos movimentar-nos nesse sentido. Mas agora queremos é tocar e promover o disco. Se der para irmos lá fora dar um concerto melhor ainda.

PL: A internacionalização faz parte dos planos a médio prazo, mas para já queremos que Portugal nos conheça. Vamos dar mais concertos e continuar a promover o disco.
Para quem quiser saber mais sobre os You Should Go Ahead pode sempre visitar a página oficial da banda (www.youshouldgoahead.com) ou o seu sítio no MySpace (www.myspace.com/ysga), onde podem escutar alguns dos seus temas, incluíndo o single de apresentação «Like When I Was Seventeen». Lembramos ainda que os YSGA vão apresentar-se ao vivo no Santiago Alquimista, em Lisboa, no próximo dia 22 de Setembro e no Maus Hábitos, no Porto, no dia seguinte.



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