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Moonspell @ Lisboa ao Vivo (31.10.2017)

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Estava marcada para o dia de Halloween a segunda data, em Lisboa, de apresentação do novo álbum dos Moonspell, intitulado “1755”. Este é o primeiro disco da banda a ser cantado integralmente em português, sendo que as letras do mesmo são inspiradas no terramoto que ocorreu em 1755, em Lisboa, destruindo grande parte da capital portuguesa.

Às 22:30 em ponto ouviu-se, na sala de espectáculos Lisboa ao Vivo, a versão orquestral de «Em Nome do Medo», que inicia o novo álbum dos Moonspell, ainda sem a banda se encontrar em palco. Com a ajuda do coro de dois elementos – que actuou com os Moonspell durante o concerto – o público começou a ensaiar a voz para o espectáculo propriamente dito.

O quinteto entrou em palco e logo interpretou o poderoso tema título do seu novo trabalho, sendo este bem recebido pelos presentes, deixando antever que o disco, provavelmente, iria ser tocado na íntegra. Fernando Ribeiro deu as boas-vindas a 1755, ao público, antes de ser tocada «In Tremor Dei», uma das músicas em destaque do novo álbum e que tem como convidado Paulo Bragança. O fadista compareceu nesta festa para os fãs de Moonspell, tendo protagonizado um bem-sucedido e aplaudido dueto com Fernando Ribeiro.

«Desastre» também demonstrou ser uma faixa fortíssima ao vivo e promete ser uma das mais tocadas ao vivo, assim como a faixa anterior. A viagem até 1755 – como prometeu Fernando Ribeiro – foi feita com «Abanão», tema que realmente fez abanar algumas cabeças. Nesse momento já tínhamos ouvido metade do novo álbum, ao vivo, e os sinais de aprovação eram mais do que visíveis, não fossem as constantes ovações que o grupo obteve.

A pesada e orelhuda «Evento» é uma das melhores músicas do novo disco e, ao vivo, mostrou bem a sua força, com o público a deixar bem claro que já conhece a letra. Ribeiro afirmou que é um prazer iniciar em Lisboa, a nova tournée que levar a banda longe no mundo. Com este disco e esta digressão os Moonspell vão levar a língua portuguesa muito longe, isso é certo!

«1 de Novembro» não é um tema tão forte como outros do disco mas aqui, valeu pela performance convicta de Fernando Ribeiro.

Na medida em que a parte cénica/teatral é também algo importante nos espectáculos, estava guardada uma surpresa para o tema «Ruínas». Proferidas as palavras “cinzas ao ar”, no início do seu refrão, centenas de pequenos pedaços de papel foram projectados para o público, simulando a queda de cinzas.

Empunhando um crucifixo com uma luz vermelha, Fernando Ribeiro, deu mote para o penúltimo tema de “1755”: «Todos os Santos». A avaliar pela reacção bastante fervorosa por parte dos fãs, esta música promete tornar-se mais um clássico do colectivo, devendo ser incluída nas setlists vindouras.

Já em «Lanterna dos Afogados», uma interessante cover dos brasileiros Paralamas do Sucesso que os Moonspell gravaram para este álbum, o vocalista apresentou-se em palco com uma lanterna antiga na mão. Esta música encerrou em bom plano a primeira parte do concerto, que se baseou na apresentação do novo álbum, na sua totalidade, respeitando a ordem da tracklist. Pela excelente receptividade dos fãs, nesta noite, aos temas de “1755”, é seguro afirmar que este vai ser mais um bem-sucedido capítulo da rica história da banda.

A noite não podia terminar sem serem tocados alguns dos clássicos obrigatórios do grupo. Após uma breve ausência, os Moonspell regressaram ao palco arrancando em força com a sempre bem recebida «Everything Invaded». O concerto continuou pesado com «Night Eternal», com quase todo o público a fazer headbanging e os habituais metal horns.

De regresso à língua de Camões, os Moonspell tocaram a versão original de «Em Nome do Medo», com direito a uma pequena surpresa. Rui Sidónio compareceu para um dueto com Fernando Ribeiro. A cumplicidade entre os dois vocalistas é por demais evidente e Fernando terminou às cavalitas do conhecido membro dos Bizarra Locomotiva.

Segundo o vocalista dos Moonspell, não podia faltar uma das figuras do Halloween. De imediato o público apercebeu-se que o tema seguinte seria «Vampiria», tema emblemático do grupo, que com ou sem Halloween não deixaria de ser tocado. Mantendo o registo nos seres fantásticos da literatura, foi tocada a igualmente importante «Mephisto». Depois de terminada a interpretação do tema, Fernando Ribeiro prestou homenagem a Sérgio, um fã dos Moonspell que faleceu na sequência do trágico incêndio de Pedrógão Grande.

No verdadeiro hino «Alma Matter», os presentes deram uma ajuda a Fernando Ribeiro nas lides vocais, cantando em conjunto com o frontman. Ao terminarem este tema, os músicos executaram ainda excertos de músicas como «Reckoning Day» dos Megadeth e «No Remorse» dos Metallica mas não havia tempo para mais covers, para além da supracitada «Lanterna dos Afogados». Para esta bela noite de festa, já só estava programada a «Full Moon Madness», música que encerrou em grande um concerto que marcou o início de mais uma importante etapa, na vida da maior banda de metal portuguesa.

 

Texto por Mário Rodrigues e fotografia por Igor Ferreira.



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