TEATRO 2013 – AS NOSSAS ESCOLHAS
Cinco peças que marcaram o ano.
Não queremos deixar de fazer um balanço sobre uma das artes mais queridas da RdB e que procuramos acompanhar de perto: o teatro. 2013 presenteou-nos com projectos que marcaram a diferença e que gostaríamos de recordar, em jeito de Top 5.
Roleta +info
Com texto de Eric L. da Silva, encenação de Rosa Villa, que partilhavam o palco com Hugo Costa Ramos, Sofia Arruda, Sofia Nicholson e Gonçalo Oliveira, Roleta passou pelo Teatro Turim e Junho de 2013. Uma peça que nos conquistou pelos excelentes momentos de humor e pela “química” que a equipa de actores transmitia para o público.
Roleta é uma comédia que surgiu «de uma ideia muito maluca do meu irmão», confessou Eric: «A imagem com que abrimos a peça surgiu e foi a partir daí que escrevi o texto. Foram uns cinco dias, em casa, a escrever.».
«Todas as personagens têm um pedaço de mim», disse-nos Eric, numa entrevista rápida e improvisada, que aconteceu no dia da ante estreia. «Sentas-te a escrever e as personagens ganham vida própria.» Eric L. Da Silva tem-nos habituado a textos em que o bom humor é uma constante: diverte-nos e faz-nos pensar.
JBWB 900 +info
JBWB 900 esteve em cena no Teatro Rápido, durante o mês de Junho. A criação esteve a cargo de João Brito e Wagner Borges.
JBWB – 900 assume-se como um momento para questionar aquilo que se faz em teatro, hoje em dia. «Vivemos um momento em que se criou uma espécie de bolha conceptual e quando se aborda um texto de forma mais “convencional” somos considerados canastrões. Acabamos por não ter espaço para a criação da personagem», diz João. Wagner acrescenta que estamos a sofrer de extremos e, por isso, nos encontramos um pouco perdidos.
Violência Fetiche do Homem Bom +info
A Associação Cultural Teatro Nacional 21 instalou-se no Teatro Nacional Dona Maria II para levar a cena um trabalho com a dramaturgia de Cláudia Lucas Chéu e com Albano Jerónimo, Miguel Raposo, Solange Freitas e Rúben Gomes, em palco. Um trabalho que nos conquistou pela abordagem filosófica e metafísica à “ética” perante a violência.
A inspiração para a peça surgiu, também ela, a partir de propostas essencialmente não teatrais: «Inspirei-me em músicas de Bach, no filme Funny Games. A primeira parte da peça colhe muito desse filme. A inspiração também surgiu de coisas como a Bíblia e a bondade de Jesus. Trabalhei sobretudo ideias que se encontram na base de cada cena», contou-nos Cláudia em conversa após o ensaio de imprensa. A dramaturga confessou que o texto tinha, inicialmente, o dobro do que tem agora e que foi através do processo de ensaios que acabou por eliminar texto. «Os ensaios demoraram um mês», disse Albano, «mas este é um processo que nunca acaba. Certamente que até à estreia vamos continuar a afinar coisas. O desafio é permamente.»
Gisberta +info
Foi uma peça que nos emocionou, de todas as vezes que entramos na sala 3 do Teatro Rápido, no mês de Maio. Com interpretação de Rita Ribeiro e texto, encenação e cenografia de Eduardo Gaspar, Gisberta traduziu-se em 15 minutos de coração apertado.
Durante o monólogo, Rita interpreta Alzira, uma mãe perdida entre a dor e o desgosto; uma mãe incapaz de perdoar a deus ou a si mesma por nunca ter aceite a vontade de ser “do seu menino”. Alzira é a mãe da transexual Gisberta, cuja vida terminou de forma violenta e bárbara, há 7 anos, no Porto.
“Gisberta” é um atropelo de emoção e de verdade. E de respeito pela dor e pelo amor. Não estranhem se saírem da sala 3 com um enorme aperto no coração e a alma lavada em lágrimas. A cenografia, a encenação, o texto e a magnífica interpretação de Rita Ribeiro podem ter esse efeito secundário: fazem com que nos sintamos humanos, em toda a sua fragilidade, mas também em consciência.
C10H14N2 +info
Um monólogo protagonizado por Rodrigo Saraiva e com assinatura de Sandra José. Arrebatador, pela emoção, verdade de palavras cruas, interpretadas com um coração asfixiado de dor.
Rodrigo veste o papel de um homem, vítima de cancro e de um grande desgosto de amor. E grande é, também, a sua interpretação, que nos toca e emociona. O olhar, os gestos, a «dança» com a luz e a ausência dela: Rodrigo encontra na cenografia o apoio para dar vida a um homem moribundo. É com certeza que afirmamos que esta peça lhe permitirá crescer (ainda) mais como actor. (…)
O homem que encontramos na sala 1 tem no lado esquerdo do peito um cancro, porque o coração, esse, foi partido pela mulher que amou.
Fumar causa elevada dependência, não comece a fumar. Substitua o verbo fumar por viver. Ou amar.
Um TOP 5, sem nenhuma ordem específica, pois todos estes trabalhos conseguiram – ainda que por motivos diferentes – marcar o nosso olhar, enquanto espectadores e amantes do teatro.
Deixamos um muito obrigado a todos aqueles que persistem, insistem e existem no teatro. Queremos muito aplaudi-los em 2014.
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