A Garota Não lança novo álbum “Ferry Gold”
Disco inspirado em memórias de infância e crítica social estreia ao vivo em Guimarães
“Ferry Gold” é o título do novo disco d’A Garota Não que foi apresentado ao vivo esta Sexta-feira, 2 de Maio, em Guimarães, com concerto esgotado no Centro Cultural Vila Flor. O álbum, cujo lançamento físico em CD acontece Segunda-Feira, dia 5 de Maio, e que chegará às plataformas digitais nas semanas seguintes, é descrito pela autora como um regresso emocional à infância passada em Tróia — um lugar de liberdade e imaginação, mas agora transfigurado por desigualdades e políticas de exclusão.
Entre canções com sabor a gelado de laranja e imagens de cambalhotas na areia fina, A Garota Não constrói um disco profundamente pessoal e político. “Ferry Gold” reflete sobre o que era Tróia e o que se tornou, funcionando como metáfora para tantas outras realidades portuguesas marcadas pela privatização do espaço público, a gentrificação e a perda de identidade comunitária. O tom é simultaneamente nostálgico e crítico, com letras que resgatam memórias para confrontar realidades atuais, mantendo o equilíbrio entre ternura e indignação.
A edição em vinil estará disponível dentro de alguns meses, e os pedidos em CD podem ser feitos via Bandcamp ou email direto para a artista. O disco será acompanhado por uma nova digressão nacional, com mais datas a anunciar.
Natural de Setúbal, Cátia Oliveira — nome verdadeiro d’A Garota Não — nasceu em 1983 no Hospital de S. Bernardo. Cresceu numa família numerosa e trabalhadora, onde aprendeu cedo a lidar com desafios. A infância foi marcada por problemas de saúde que a levaram à natação competitiva, e aos 16 anos começou a trabalhar para financiar os próprios estudos. Formou-se em Comunicação e Cultura na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, recusando rituais académicos e afirmando desde cedo uma atitude crítica.
Antes da música, passou pelo jornalismo, pela educação e pela intervenção social. Trabalhou com jovens e adultos com deficiência mental, escreveu reportagens sobre temas ambientais e sociais, e deu aulas de inglês no 1.º ciclo com canções inventadas por si — método que não agradou a toda a gente, mas que revelava já a sua vocação musical.
Em 2019 lançou o primeiro disco, “Rua das Marimbas nº7”, com produção de Sérgio Miendes, e em 2022 seguiu-se “2 de Abril”, que a afirmou como uma das vozes mais singulares e comprometidas da música portuguesa. Agora, com “Ferry Gold”, continua a escrever canções que não se esquecem de onde vieram, nem deixam de sonhar com o que ainda pode ser mudado.
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