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“Astérix – O combate dos chefes – edição especial” de R. Goscinny e A. Uderzo

Um javali, por Tutatis!

Cada álbum que verse sobre as aventuras de Astérix e restante pandilha é motivo de gáudio para os milhões que, um pouco por todo o mundo, seguem as peripécias dos gloriosos heróis oriundos de uma pequena aldeia, situada na península da Armórica, a norte da ancestral Gália, e que teimam em fazer frente ao poderoso império romano.  

Na companhia de Obélix, seu fiel companheira de armas e murros de potência galática, sob as ordens do chefe Matasétix e com a ajuda das poções de Panoramix, o druida, Astérix espalha o terror pelos amedrontados e erráticos inimigos, algo que continua muito presente neste O combate dos chefes (Asa, 2025), mas que tem a particularidade de trazer a palco uma feroz disputa entre os chefes da Gália.

Através de uma autêntica batalha pela liberdade, a narrativa deste livro tem início quando os romanos decidem recorrer a uma antiga lei gaulesa: se o chefe de uma aldeia perder um combate face ao seu congénere de outra, todos os seus se devem render. Assim, comandados pelo magnânimo César, os romanos organizam um duelo entre o pacífico chefe da aldeia de Astérix e o temível Amaisbêigualaix, um ser sem escrúpulos e aliado do império. A estratégia romana parece infalível, até porque Panoramix perde a memória e deixa de preparar a famosa poção mágica que dá força sobre-humana aos gauleses. Ou seja, sem poção, sem força. E, sem isso, a liberdade corre risco.

No entanto, a dupla Astérix e Obélix de tudo fará para encontrar forma de manter a aldeia fora do jugo dos romanos, tendo de recorrer a soluções, digamos, menos convencionais e mais criativas, provando que a inteligência pode derrubar a força bruta, mostrando que a coragem e astúcia (e, vá, um pouco de poção mágica…) podem fazer frente ao poder opressor, ávido em astúcia e manipulação.

Por outro lado, tal como é apanágio do universo criado por Goscinny e Uderzo, abordam-se, com várias doses de um particular humor e crítica social, temas universais, no caso a perda da memória como metáfora para a falta de identidade, e a importância da solidariedade para preservar a pertença cultural.  Editado originalmente em 1966, e como uma tiragem inicial em língua francesa de 600 mil exemplares, O combate dos chefes chega agora aos escaparates nacionais numa edição especial com mais 16 páginas.

Entre o material disponível salienta-se uma viagem pela revista Pilote, publicação que inicialmente acolheu e divulgou a série, a publicação inédita dos “bastidores” da produção (reproduções das páginas do argumento original e das respetivas vinhetas), assim como excertos dos color script da série de animação 3D sobre este livro, criada por Alain Chabat, realizador do filme Astérix e Obélix: Missão Cleópatra, e que estreou recentemente na Netflix.



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