COULD BE WORSE: THE MUSICAL
Ser Artista podia ser bem melhor quando tudo pode ficar pior.
Numa sociedade onde a cultura é tão pouco valorizada por quem mais deveria de o fazer e apoiar, deparamo-nos com um grupo de Artistas Anónimos numa “terapia” diária e prolongada em que vemos o “confronto” de vivências interiores e exteriores e que, nos conduzem a uma diversidade de “caminhos” possíveis que são transpostos em toda a decorrência da história de cada um e do próprio grupo em si.
Toda a acção se funde num aparente filme musicado em formato de teatro onde as mudanças e alternâncias circunstanciais e cénicas acontecem em directo na frente do espectador.
“Há uma mudança de ritmo, independentemente de haver cortes ou não” – diz André Godinho.
Todas as personagens acabam por ser reais, obviamente com oscilações temperamentais e ficção textual também.
Quase todos eles nos parecem inicialmente “descompensados” e/ou arrependidos da opção artística tomada até ali. No entanto, apesar de todas as negações, crises existenciais e dúvidas, acabam por entender que só vale a pena se a vida for vivida no respeito absoluto por aquilo que lhes vai na alma e que fazem de melhor.
“A vida acima de tudo, acima da arte, acima da morte.” – Será mesmo…?
“Eu conheço pessoas que têm problemas com pessoas.” – Todos conhecemos na verdade!
“Eu era actriz e realizadora – estava dentro e fora de mim… eu tenho ideias e vou continuar a ter.” – identificamo-nos aos milhares, certo?!
“It could be worse; it could be right; it could be nice.” – of course! No doubt!
Quase podemos dizer que se trata de uma cómica tragédia existencial onde tanto vemos a Paula a dedicar-se à “Food Art” porque se zangou e fartou de ser cantora, como temos o André onde no momento mais perfeito da sua vida de realizador… deixa o filho “fugir-lhe” em direcção àquela “nuvem” perfeita que só ele conseguia ver. A Cecília que afirma ser a pessoa mais infeliz do mundo porque não pode sair de casa sem um disfarce; a Mariana que vai pedir desculpa ao irmão porque descreveu em livro todos os seus defeitos e que afinal, no fundo, seriam naturalmente os dela também…; o João que inicialmente mal consegue falar sobre si ou sobre coisa nenhuma e acaba por fazer uma progressiva revolução interior, inesperadamente reflectida exteriormente em todo o grupo, quando diz “podíamos todos dar as mãos… é uma coisa simples… e toda a gente consegue fazer.”
Verdade! É uma coisa simples e toda a gente consegue fazer – dar as mãos… por amor à nossa própria essência de vida e que nos impulsiona sempre para o caminho certo ainda que passemos por trilhos errados.
Experienciemos então dar as mãos à Arte para que a vida esteja sempre acima de tudo… até da própria morte. Façamos portanto uma coisa simples – vamos ao Teatro “dar as mãos”?!
“It could be right”!

Estará em cena até dia 8 Março no São Luiz Teatro Municipal.
Quinta, 20h; Sexta e Sábado, 21h; Domingo, 17.30h na Sala Luis Miguel Cintra.
M/12; Duração: 1h40m (aprox.)
Ficha Técnica e Artística
Criação Cão Solteiro & André Godinho
Música Original PZ
Música original adicional Rodrigo Vaiapraia, Rui Antunes, Violeta Azevedo
Texto José Maria Vieira Mendes
Figurinos: Mariana Sá Nogueira
Cenografia vasco Araújo
Desenho de som João Moreira
Coreografia Sónia Baptista, Gonçalo Egito
Desenho de Luz Daniel Worm D’Assumpção
Preparação Vocal Rui Baeta
Mistura e Masterização Zé Nando Pimenta
Assistente de Figurinos Inês Ariana
Adereços de Figurinos Nuno Tomaz, João Caldas (tricot)
Costura Mestra Teresa Louro, Mestra Rosário Balbi
Construção de Cenografia Heróis ao Rubro
Produção e Fotografia Joana Dilão
Actores André Godinho, Cecília Henriques, Gonçalo Egito, João Duarte Costa, Mariana Magalhães, Patrícia da Silva, Paula Sá Nogueira, Rodrigo Vaiapraia e Tiago Jácome.
Textos para programa e conversa com os espectadores Maria Sequeira Mendes, Nuno Fonseca, Pedro Faro
Residência Artística O Espaço do Tempo – Montemor-o-Novo
Apoios Alfaparf/Catari/Escola Secundária Passos Manuel/Estrutura/Fundação Calouste Gulbenkian/Junta de Freguesia da Misericórdia/Lisboa Clube Rio de Janeiro/Perfumes & Companhia/Polo Cultural Gaivotas Boavista/Teatro Praga
Parceiros institucionais República Portuguesa – Cultura/Sociedade Portuguesa de Autores/Câmara Municipal de Lisboa
Co-produção Teatro Nacional São João/ São Luiz Teatro Municipal/Cão Solteiro
Agradecimentos Otelo Lapa, Ermelinda Fernandes, André e. Teodósio, Cátia Pinheiro, José Nunes, Joana Cunha Ferreira, João Bicho, João Brandão, João Cabral, Lucio Magri, Luísa Rodrigues, Maria Braga, Ricardo Santanna, Ricardo Teixeira, Tiago Pinhal Costa, Vítor Silva
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