ENTRARIA NESTA SALA_©Pedro Macedo_Framed Photos_Easy-Resize.com

Teletransporte e “Parteys” de riso no reinaugurado Teatro de Variedades

A reinauguração do Teatro Variedades, no dia 5 de outubro, teve participação dupla do Teatro do Elétrico com os espetáculos: Entraria nesta Sala e The Swimming Pool Party.

Ainda que não tenham sido escritos para este evento, não deixam, de certo modo, de ser uma estreia. Sendo agora encenados pelo próprio autor, fica tudo dentro do mesmo universo fantabulástico e característico de Ricardo Neves-Neves. Se por acaso alguém conseguir sair de um espetáculo deste encenador sem se ter rido uma única vez é porque tem sérios problemas de falta de humor. Para os conhecedores, sabem que se vão deparar com uma viagem pelo absurdo, que pode misturar os mais diversos e inimagináveis universos no palco.

Entraria Nesta Sala

Comecemos por este espetáculo, que contacom um elenco de quatro talentosos atores: Manuel Marques, Sissi Martins, Sílvia Rizzo e Ivo Alexandre que interpretam, respetivamente, António Silva, Beatriz Costa, Maria Vitória e Vasco Santana. Estas celebridades do cinema português dos anos 30 e 40 deslocam-se numa cápsula (cénico) moderníssimo até Berlim para alterar o curso da história, num enredo de diálogos inusitados e temas musicais conhecidos dos filmes dessa época.

Focando no trabalho interpretativo, senti uma certa nostalgia ao voltar a ver Sílvia Rizzo no registo cómico. Enquanto espectadora que já viu alguns dos seus trabalhos, especialmente em televisão, foi uma surpresa muito agradável vê-la em teatro e tão comprometida com esta Titi conservadora dos bons costumes, exceto quando se deixa levar pelo galante António Silva. Este galã encontra-se a cargo de Manuel Marques que trabalhou recentemente com o encenador em A Noite de Reis. Também mais conhecido dos trabalhos televisivos como comediante, é delicioso ver a dedicação que entrega a estas personagens-tipo.

Ivo Alexandre parece a reencarnação do próprio Vasco Santana em fisicalidade e carisma. Mas é a sua parelha amorosa, no meu ver, o grande brilharete desta comédia de aventuras e absurdos históricos. Sissi Martins tem dados cartas na cena do teatro musical; Tem recebido muito boas críticas com o espetáculo Laura, de Filipe La Féria, e mostra aqui o quão merecedora de mais e melhores críticas ela é. Não consigo imaginar ninguém melhor para o papel de Beatriz Costa; Tem uma energia contagiante e uma voz segura e bastante afinada e acredito que qualquer aluno ou ator de teatro musical, que tenha a oportunidade de ver a sua dedicação, ficará com vontade de partilhar o placo com ela.

Este grupo pequeno de atores e a cumplicidade que transparecem torna esta aventura intimista. É como se o próprio público entrasse com eles num teletransporte – a pedido de uma Nossa Senhora, mas que só fala espanhol – para salvar a humanidade do desumano genocida alemão.

Dos vários espetáculos que já vi deste criador entendo que a imprevisibilidade é um dos fatores de sucesso que tem feito dele um dos artistas de teatro mais requisitados do momento.

As récitas continuam em cena até dia 27 de outubro, de quarta a domingo às 19 horas no mais recente edifício do Parque Mayer.

FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA

Texto e Encenação Ricardo Neves-Neves

Com Ivo Alexandre, Manuel Marques, Sílvia Rizzo e Sissi Martins

Direção Musical Artur Guimarães e António Andrade Santos
Maestro António Andrade Santos

Músicos
António Andrade Santos (guitarra portuguesa), Nélson Aleixo / Miguel Silva (viola de fado), Sérgio Fiúza (baixo acústico)

Cenografia Catarina Amaro
Figurinos 
Rafaela Mapril
Desenho de Luz 
Cristina Piedade
Desenho de Som 
Sérgio Milhano/Pontozurca
Sonoplastia 
Sérgio Delgado

Assistente de Figurinos Margarida Silva
Confecção de Figurinos 
Ana Baltar, Ana Santos e Maria Afonso
Construção Adereços de Figurinos Marisa Fernandes
Coreografia e movimento 
Marco Mercier
Caracterização e cabelos 
Carlos Feio
Assistente de Caracterização 
Inês Cotrim
Fotografias e vídeo promocional 
Pedro Macedo / Framed Films

Fotografias de cena Estelle Valente

Ilustrações Promocionais Tiago Albuquerque
Design Gráfico 
José Cruz

Assistência de Encenação José Leite
Segundos Assistentes de Encenação 
Santiago Galvão e Maria Inês Antunes
Apoio aos Ensaios 
Joana Campelo

Coordenação técnica TdE Cristina Piedade
Coordenação de Produção / Comunicação e Assessoria de Imprensa TdE 
Mafalda Simões
Produção TdE 
Carolina Gonçalves
Produção Culturproject 
Nuno Pratas

Coprodução Teatro Variedades, Cineteatro Louletano, Teatro do Eléctrico, Culturproject

Apoio ao espectáculo Antena 2, Com a mestria da UPAL

O Teatro do Eléctrico é uma estrutura apoiada pela República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes, pelo Cineteatro Louletano/Câmara Municipal de Loulé e pela Câmara Municipal de Lisboa.

M12 | 55 MIN

The Swimming Pool Party

Num registo ainda cómico, porém, com pontadas de sarcasmo, assistimos a um enredo de telenovela mexicana onde todas as personagens têm os seus 15 minutos de fama.

O que inicialmente parece um evento muito promissor revela-se num conjunto de pessoas mesquinhas e egoístas, incapazes de saírem da sua bolha. Desvenda-se um cenário de privilegiados versus abandonados através, não só, dos figurinos que apresentam uma hierarquia daquela amostra de sociedade, mas essencialmente das relações e dos monólogos a que assistimos.

Destaco as interpretações das personagens que se encontram no fundo da pirâmide hierárquica desta festa de aparências. Marta Andrino e Ana Cloe apresentam uma dedicação que mostra empatia pelo drama da vida das suas sofridas personagens e uma expressividade que, aos mais atentos, pode até ser um presságio de um desfecho terrível e inesperado. Para a personagem de Sandra Faleiro esse desfecho é semelhante ao de um espetáculo canibalesco, encenado anteriormente. E por mais cliché que possa parecer, a atriz presenteia-nos com uma performance deslumbrante. A seu lado, Filipe Vargas veste divertidamente mais uma personagem altiva e vaidosa, contudo um pouco mais comedida em comparação com a sua Olívia, em Noite de Reis.

Tudo isto acompanhado de interlúdios de uma história de luxúria homosexual com as personagens de José Leite e Ruben Madureira, que deixa a paternidade para segundo plano.

As relações são superficiais e as conversas não podiam deixar de assim o ser. O prémio de personagem mais oca vai para a senhora da peruca-cão, a mais desvairada e que diz party de um modo peculiar, vestida pela sempre Celeste – Ana Brito e Cunha.

Entre interlúdios musicais e conversas vazias há ainda momentos de humilhação pública que avizinham vingança! Talvez o facto de a piscina não ficar pronta para a “partey”, aliado à tensão entre a dicotomia social presente, seja prenúncio dos podres que se vão descobrindo por detrás de tantas aparências.

A riqueza dos cenários é outra característca muito atrativa nestas encenações. Ao entrar na sala, deparamo-nos com um fundo arburístico de um verde berrante com os músicos camuflados, fora do seu lugar habitual – no fosso, que aqui é ocupado pela fatídica piscina.

Para ver em cena no renovado Teatro Variedades só até dia 27 de outubro, de quarta a sexta às 21h30 e sábados e domingos às 16h00.

FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA

Texto e Encenação Ricardo Neves-Neves

Com Ana Brito e Cunha, Ana Cloe, Ana Marta Contente, Filipe Vargas, José Leite, Marta Andrino, Ruben Madureira, Sandra Faleiro e Santiago Galvão

Direção Musical Artur Guimarães e António Andrade Santos

Maestro António Andrade Santos

Músicos António Andrade Santos (piano), Carolina Rodrigues (violoncelo), Helena Silva / Carolina Duarte (violino), Precília Diamantino (viola d’arco), Ricardo Vitorino / David Lopes (trompete), Rita Nunes / Nádia Santos (saxofone), Sérgio Fiúza (contrabaixo e baixo eléctrico), Teresa Braga (bateria), Vítor Faria / Paulo Alves (trombone)

Cenografia Catarina Amaro

Figurinos Rafaela Mapril

Desenho de Luz Cristina Piedade

Desenho de Som Sérgio Milhano/Pontozurca

Sonoplastia Sérgio Delgado

Assistência de Figurinos Margarida Silva

Confecção de Figurinos Ana Baltar, Ana Santos, Maria Afonso

Construção Adereços de Figurinos Marisa Fernandes

Coreografia e Movimento Marco Mercier

Caracterização e cabelos Carlos Feio

Assistente de Caracterização Inês Cotrim

Fotografias e vídeo promocional Pedro Macedo / Framed Films

Fotografias de cena Estelle Valente

Ilustrações Promocionais Tiago Albuquerque

Design Gráfico José Cruz

Assistência de Encenação José Leite

Segundos Assistentes de Encenação Santiago Galvão e Maria Inês Antunes

Coordenação técnica TdE Cristina Piedade

Coordenação de Produção / Comunicação e Assessoria de Imprensa TdE Mafalda Simões

Produção TdE Carolina Gonçalves

Produção Culturproject Nuno Pratas

Coprodução Teatro Variedades, Cineteatro Louletano, Teatro do Eléctrico, Culturproject

Apoio ao espectáculo Antena 2, Com a mestria da UPAL

O Teatro do Eléctrico é uma estrutura apoiada pela República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes, pelo Cineteatro Louletano/Câmara Municipal de Loulé e pela Câmara Municipal de Lisboa.

M12 | 90 MIN



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