“Lux – Lucis”

"Na manhã seguinte tudo me pareceu um sonho"

Sente-se um silêncio avassalador na sala, vê-se esse silêncio pela música, pode parecer irónico mas Lux – Lucis é isso mesmo uma tela de pintura que nos ofusca os olhos e abre ouvidos seja pela rebeldia da guitarra elétrica, seja por brincarmos com o fogo num teatro, assim se nomeia o espetáculo em estreia do Drumming – Grupo de Percussão, com criação e direção artística de Miquel Bernat.

Destaca a essência da luz como energia, um dos alicerces da sociedade atual, traz uma conotação diferente e desconhecida, apenas dessa forma sentimos a nossa existência.

Declama-nos uma poesia do espaço, intimamente fundida com a música, que pretende solenemente encontrar o sereno. Desligar interruptores ao consumismo do século XXI, conduzindo à tona do palco uma experimentação livre e total dentro das capacidades sensoriais do público.

No fundo relembrar aos vícios humanos que a subtileza tem mais poder que a exorbitância, perdura no nosso corpo como uma melodia clássica, renovada a cada toque.

Muitas vezes repetimos fervorosamente que queremos escapar,  acabamos por fugir durante uma hora e meia de espetáculo, e no final quando nos encontramos percebemos que basta encararmos a escuridão, abrirmos a porta do armário sinistro para chegarmos à conclusão que o desconhecido é porto seguro para todas as artes e para todos os seres vivos.

Lux-Lucis salienta que precisamos da noite para criar dia, precisamos do silêncio para criar som, para ouvirmos o nosso eco.

Ficha artística

Criação e direção artística: Miquel Bernat
Obras de: Kate Neal, Mátyás Wettl, Juliana Hodkinson, David del Puerto, Igor C. Silva
Interpretação: Pedro Góis, João Miguel Braga Simões, Saulo Giovannini, Miguel Moreira, Miquel Bernat
Desenho de som: Süse Ribeiro
Desenho de Luz: Emanuel Pereira
Operação de som: Joel Azevedo
Assistência de operação de som: José Afonso
Coprodução: Drumming – Grupo de Percussão, TNSJ