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ModaLisboa Vision #3

Após três dias intensos a 42ª edição do ModaLisboa chegou ao fim, com coleções poderosas, distintas e com uma qualidade e bom gosto que maravilham o público. Luís Buchinho, Pedro Pedro, Lidjia Kolovrat, Alexandra Moura, Nuno Baltazar, Miguel Vieira e Filipe Faísca foram alguns dos estilistas que apresentaram no Pátio da Galé as suas propostas para o Outono/Inverno 2014.

Panteão foi o tema escolhido por Nuno Gama para dar início ao último dia da ModaLisboa. No entanto, foi na Praça do Comércio que o estilista apresentou as suas criações. Numa coleção que “desafia a capacidade individual de reinvenção do arquétipo da moderna vida portuguesa” com uma passerelle improvisada ao ar livre, e o recorde de 60 modeles – entre eles Raquel Prates, Paulo Pires, Isaac Alfaiate e muitas outras caras conhecidas – o criador surpreendeu o público. Com uma banda sonora tipicamente portuguesa, a banda da GNR desfilou em trajes de gala por uma das zonas mais nobres da capital e escoltou, na parte final do desfile, a grande inovação que foram as deslumbrantes silhuetas femininas com os brincos em filigrana tradicional de Viana.

Aleksandar Protic inspirou-se em velocidade e nas heroínas da Action Manga para a criação desta coleção. Nas cores, predominam o preto gótico e os cinzas que acompanham silhuetas estruturadas e simultaneamente suaves. Com matérias que variam entre lã, caxemira, seda, algodão e pele, conferindo um toque especial à coleção e tornando-a extremamente fácil de conjugar com a vida caótica do dia-a-dia cosmopolita.

Faktura foi a proposta de Ricardo Andrez para o próximo fall/winter apresentada na plataforma LAB. O designer que marca sempre pela inovação, voltou a surpreender com as particularidades e propriedades dos materiais. Peças acolchoadas e dinâmicas que abrem os horizontes e unem o universo feminino e masculino numa única coleção – ou num único look, visto que os vestidos e as saias não se apoderam somente das silhuetas femininas alargando-se também às masculinas. Algodão e neoprene em intensas tonalidades de azul, bordeaux, branco, cinzento e alguns apontamentos de bege dão forma à coleção.

Com uma combinação de cores fortes, Pedro Pedro apresenta uma coleção apaixonante com um certo glamour freakish. Inspirado pela fotógrafa norte-americana Diane Arbus, o estilista pretende mostrar o quão difícil é esta vida de «bastidores de circo». Escolher os materiais e os modelos, desenhar, criar, montar tudo, construir tudo do zero, dar o show e assim que termina estamos de volta ao nado e o ciclo reinicia-se. É precisamente este o ciclo que o estilista pretende transmitir com a sua nova coleção. Começar no austero e avançar até atingir um glamour estonteante. Modelos longos e fluídos, cortes geométricos e retoques de inspiração sport que se espalham entre o rosa, o laranja, o castanho e o verde petróleo e terminam em peças de genuína Haute couture, com acabamentos metalizados.

Para Dino Alves, os relevos dos objetos do quotidiano são o mote da nova coleção. A proposta para a próxima estação surgiu da imagem quotidiana com que todos já nos deparámos, tanto nos outros como em nós próprios. Objetos banais que trazemos nos bolsos e que se desenham através do relevo que criam pela volumetria que têm. Quão impressionante seria se pudéssemos observar tão facilmente a alma das pessoas como observamos os objetos que elas transportam. A coleção apresenta-nos peças simples com cortes pouco conceptuais. Linhas direitas e uma estrutura ampla em comunhão com novos jogos de cor. Um comentário irónico sobre a realidade. Quanto menos coisas temos, mais nos lembramos de sítios onde guardar o nosso vazio.

Uma noite de Inverno com todo o glamour com que o designer Miguel Vieira é caracterizado é a proposta da próxima estação. As cores frias – preto, branco, púrpura suave e cinzento mascavado – completam-se com silhuetas totalmente clean e sincronicamente sofisticadas. Smokings, peças oversized, golas leves e ombros descaídos são complementados com pequenos cristais detalhados que iluminam toda a coleção. Estilo e elegância numa completa sintonia.

A fechar a primeira edição da ModaLisboa deste ano, o estilista Filipe Faísca surpreendeu todos os presentes. «Sem poetas, sem artistas, os homens rapidamente se cansariam da monotonia da natureza. A ideia grandiosa que os homens têm do universo colapsaria a uma velocidade vertiginosa.» O criador colocou marcas longitudinais pela passerelle fora, nas quais desfilaram grandes ícones da moda portuguesa. Um regresso ao clássico com um conforto e simplicidade desportiva sem par. Uma representação singular do movimento citadino e um nevoeiro de fumo que ecoava por entre a coleção. Dominada pelo amarelo Dijon, o preto gótico, o vermelho tráfego, o azul entropia e o inox, as silhuetas da coleção Entropy conquistaram o público, complementadas pela perfeição que qualquer par de Louboutin outorga – ou não fossem estes high heels de sola vermelha os mais cobiçados do mundo.



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