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Cristina Branco revisita José Afonso com nova canção

«Teresa Torga» recupera a força simbólica feminina na obra do cantautor de Abril

Cristina Branco está de volta com um novo single que amplia a homenagem iniciada há quase duas décadas ao legado de José Afonso. Em pleno mês de Abril, a cantora lança «Teresa Torga», uma nova leitura de uma das figuras femininas mais enigmáticas do universo de Zeca, desta vez abordada sob uma perspetiva íntima e profundamente feminina. O tema já está disponível em todas as plataformas digitais.

«As mulheres são simbólicas e omnipresentes na obra de Zeca Afonso», afirma Cristina Branco. «Teresa Torga foi notícia de jornal por dançar nua na rua, em 1975. O seu silêncio sempre me soou a luta muda. Cinquenta anos depois, em tantos lugares, pouco ou nada mudou.» Estas palavras ilustram bem a força do novo single: uma canção com raízes no passado, mas olhos postos no presente e no futuro, onde o papel da mulher continua a ser questionado e redefinido.

Acompanhada do núcleo de músicos que participou no aclamado álbum “Abril” (2007), Cristina Branco volta a rodear-se de excelência: Ricardo Dias (piano), Bernardo Moreira (contrabaixo), Alexandre Frazão (bateria), Mário Delgado (guitarra) e, agora, o jovem saxofonista Tomás Marques. O resultado é uma interpretação sóbria e poderosa, que respeita a herança de José Afonso mas propõe uma leitura renovada, à luz da atualidade.

«Teresa Torga» será apresentada ao vivo a 25 de Abril, no Mercado da Ribeira, em Tavira, e fará parte da digressão nacional “Cristina Branco canta José Afonso”, que já passou por várias cidades em 2024 e continuará em 2025. Os próximos concertos confirmados decorrem a 26 de Abril no Centro Cultural de Viana do Castelo e a 17 de Dezembro na Casa da Música, no Porto.

Com quase 30 anos de carreira, Cristina Branco tornou-se uma das grandes intérpretes da música portuguesa. Desde a estreia discográfica com “Cristina Branco in Holland” (1997), que a artista tem vindo a afirmar um percurso singular, onde o fado se cruza com a literatura, o jazz e a contemporaneidade. A sua voz clara e o rigor artístico colocaram-na em destaque em vários palcos europeus, com álbuns como “Murmúrios” (1998), “Post-Scriptum” (2000) ou “Fado Tango” (2011) a cimentarem a sua reputação internacional.

O álbum “Abril”, lançado em 2007, foi um momento de viragem na sua carreira: um tributo ao repertório de José Afonso que revelou uma nova faceta da cantora, mais politizada e comprometida com a memória coletiva. Seguiram-se discos inovadores como “Menina” (2016), “Branco” (2018) e “Eva” (2020), onde colaborou com autores e músicos de diferentes estilos, construindo uma ponte entre tradição e modernidade.

Em 2023, editou “Mãe”, um registo que prolonga esta busca pessoal e artística, com canções originais e colaborações que exploram os limites emocionais do fado. Em 2024, o regresso de “Abril – Cristina Branco canta José Afonso” aos palcos nacionais reafirma essa vontade de revisitar a história com um olhar atual e sensível, como prova esta nova interpretação de «Teresa Torga».

Mais do que uma simples homenagem, Cristina Branco continua a atualizar a memória de Zeca, convocando novas leituras, novos significados e novas vozes para canções que, 50 anos depois da Revolução dos Cravos, continuam a ressoar com uma força impressionante.



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