Rede Circuito destaca resultados do Relatório de Atividades 2023
Uma análise essencial ao impacto das salas de música ao vivo em Portugal
A Rede Circuito, composta por 21 espaços dedicados à música popular ao vivo em Portugal, revelou os dados do Relatório de Atividades de 2023. Este documento apresenta uma análise detalhada sobre o impacto cultural, social e económico das salas associadas, além de evidenciar desafios estruturais do setor. Fundada em 2020, a Circuito tem como missão proteger e valorizar estas salas, fomentando a circulação de artistas e públicos em território nacional. Surgiu como resposta à crise pandémica, consolidando-se como a principal rede nacional para a valorização das salas de música ao vivo. Através do apoio à criação artística e à circulação de espetáculos, a rede procura transformar estas salas em polos de inovação cultural e comunitária.
Entre as salas integrantes destacam-se o Musicbox, Lux Frágil, Maus Hábitos e Hot Clube de Portugal, bem como outros espaços de menor dimensão, mas igualmente relevantes, como o Salão Brazil, o Ferro Bar ou o RCA Club. A rede é composta por 15 espaços comerciais e 6 associações sem fins lucrativos, espalhados de Norte a Sul do país, mas com uma forte concentração em Lisboa.
O Relatório de Atividades 2023 está disponível para consulta pública, promovendo um debate alargado sobre o futuro da música ao vivo em Portugal, onde se destacam os seguintes pontos.
Programação e público
Em 2023, as 14 salas analisadas programaram um total de 3.082 atuações, que atraíram 367.801 espectadores. A programação variada incluiu 28,8% de atuações ao vivo, 68,4% de DJ sets e 2,8% de live acts. Em média, cada espetáculo contou com 119 espectadores.
Impacto económico
As receitas de bilheteira ultrapassaram os 3 milhões de euros, sublinhando o papel destes espaços não apenas no sector cultural, mas também na economia noturna.
Representatividade de género
Embora 35% das bandas/artistas programados incluam elementos não masculinos, 75,3% dos artistas programados foram identificados como do género masculino. Este dado reflete a necessidade de maior equidade e inclusão de minorias de género no panorama musical.
Descentralização cultural
Apesar de existirem espaços Circuito fora das grandes metrópoles, 75,4% dos artistas nacionais programados residem em Lisboa, enquanto apenas 10,7% são do Porto. Esta centralização restringe o acesso à cultura noutras regiões.
Desafios e caminhos para o futuro
A análise do relatório aponta para vários desafios urgentes:
- Equidade de género: Promover maior diversidade no alinhamento das programações.
- Descentralização: Incentivar atividades culturais fora da Área Metropolitana de Lisboa, fortalecendo espaços em regiões menos representadas.
- Apoio estrutural: A necessidade de proteção e financiamento das salas, especialmente num momento em que algumas encerraram, como a Casa Independente e o Lounge.
As conclusões deste relatório ganham ainda maior importância pelo facto de quatro das salas já fecharam ou anunciaram o seu fecho: A Casa – Oficina dos Infantes, Casa Independente, Lounge e VALSA.
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