Sugestões para o Natal
Mão cheia de livros
Sempre fiéis à tradição natalícia de oferecer livros, cá estamos mais um ano com várias sugestões que podem fazer as delícias de pequenos e graúdos, lembrando que não há prenda melhor do que… um livro!
A primeira sugestão é para os mais novos e tem como grande tema a amizade, no caso entre Benjamim e Papoila, dois ratinhos que dão título ao livro publicado pela Nuvem de Letras e cuja autoria é do norte-americano Matthew Cordell, que recebeu os prémios White Ravins e Prémio Stregga por esta obra em tons pastel.
A história é uma espécie de revivalismo do conto tradicional da cigarra e da formiga, tendo o inverno como pano de fundo, assim como podem as diferenças sedimentar a amizade e a verdadeira importância da solidariedade.
Ainda no universo infantil (ou talvez não…), O pai Natal não vive no Polo Norte, de Afonso Cruz, publicado pela Fábula, mais do que questionar a origem do velhote das barbas brancas, é um exercício que mistura ironia, humor com uma certa provocação que não deixará ninguém indiferente. O posfácio de Joana Bértholo, dirigido a pais, educadores e todos os que se preocupam com a consciência social e humanista, é um excelente remate para as ilustrações e curta narrativa do autor.
Para os (muitos) amantes das desventuras de Lucky Luke, e recentemente chegado às livrarias, Os indomados, editado pela A Seita, versa sobre o desafio do mais conhecido cowboy solitário em estar longe do lar, em especial quando, pelo menos é o que pensa, irá realizar a sua derradeira missão, mas tudo é posto em causa quando Rose, uma menina obstinada e corajosa aparece no seu caminho e quase transforma Luke numa ama do velho oeste. As ilustrações são de Blutch, um dos maiores nomes da banda desenhada franco-belga, e esta edição inclui um caderno de extras, inédito na versão francesa, com esboços, exemplos de planificação, uma biografia e uma entrevista com o autor.
Em versão especial 60.º aniversário, Toda a Mafalda, da editora Iguana, com prefácio de Umberto Eco, é a prenda perfeita para todas as idades, especialmente quando se trata da edição completa que reúne todos os desenhos e tiras de Quino sobre a menina que todos conhecemos como uma personagem de seis anos sempre inconformada, única e inesquecível, cuja personalidade forte e de uma mente inquisidora, lança um olhar crítico sobre as complexidades e contradições do mundo em que vive e uma obstinação em não fechar os olhos, dizendo tudo o que pensa.
A derradeira sugestão para os mais novos é Constrói o T-Rex, da Presença, cujo desafio é construir, claro, um dinossauro com 70cm. Assustador! Falamos de um livro de Darren Naish que inclui 49 peças que proporcionam uma divertida interatividade e que é o contexto ideal para aprender por que razão o T. Rex usava as garras enormes e os dentes em forma de bala para atacar as presas ou como é que os dinossauros mais pequenos se uniam para atacar dinossauros maiores.
No que toca à área da não-ficção, destacamos três excelentes opções como possível prenda de Natal. Começamos por O que lêem os escritores, um desafio colocado pela editora Tinta da China a 28 escribas nacionais que partilham alguns dos títulos que mais os marcaram, por exemplo, Dulce Maria Cardoso, Francisco Bosco, Luísa Costa Gomes, Margarida Vale de Gato, Pedro Mexia ou Valério Romão.
A sustentabilidade é o cerne de A cidade viva, de Stefano Mancuso, um dos nomes maiores da Neurobiologia Vegetal, e o objetivo é refletir sobre a invasão do Homem ao espaço natural, de forma a criar um melhor habitat para um futuro mais ecológico e sustentável. Para o investigador italiano, a cidade do futuro terá de ser uma fitopolis, onde as relações entre plantas e animais se reaproximem da harmonia que encontramos na Natureza. A edição é da Pergaminho.
Em O poder da PHDA, Amelia Kelley, terapeuta, investigadora e docente de Psicologia na Universidade de Yorkville, Canadá, e coapresentadora do podcast The Sensitivity Doctors, partilha estratégias e exercícios para as mulheres tirarem proveito dos seus dons inexplorados. Nesta edição da Arena repensa-se a perturbação da hiperatividade e défice de atenção e, com base em pesquisas recentes, Kelley explica quais os desafios da PHDA nos adultos e o que pode e deve ser feito para potenciar os “dons” associados a esta condição e como trabalhar as suas especificidades, tornando-os aliados nas diferentes áreas da vida, falemos do trabalho, da parentalidade, do autocuidado ou relacionamentos.
Dedicado especialmente aos fãs do ator que deu vida a personagens lendárias como Tony Montana, em Scarface, ou o tenente-coronel Frank Slade, em Perfume de Mulher, Sonny Boy – Memórias, de Al Pacino, reúne as lembranças de um dos mais consagrados atores de sempre, também conhecido pela sua frontalidade, tal como este livro o demonstra, seja em palavras como em imagens, no caso dezenas de fotos que percorrem a vida pessoal e profissional do rapaz que cresceu nas ruas de South Bronx. Uma edição com selo Presença.
Explorando o (vasto) território da ficção, há muitas e excelentes sugestões, e para todos os gostos. Se aprecia contos, recomendamos vivamente o regresso aos livros de Teresa Veiga, autora três vezes vencedora do Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco/APE. Chama-se Vermelho delicado, é uma edição da Tinta da China e promete “raspar o verniz da normalidade e revelar as feridas profundas que se abrem em qualquer superfície humana”. O resultado são sete narrativas breves que dão voz a mulheres que abraçam sentimentos com a melancolia, as atmosferas primaveris, o amor ou a saudade, cujos palcos são pautados por ambientes góticos.
Publicado recentemente, O que a chama iluminou, mais recente romance de Afonso Cruz, transporta o leitor para uma viagem acidentada ao Chile no ano de 2019 que dá origem a uma novela-ensaio que convida à reflexão sobre temas tão diferentes como a política, a morte, a dor omnipresente, a memória, os acidentes inesperados e a filosofia. Uma edição responsabilidade da Companhia das Letras e que junta às (bonitas) palavras de Afonso Cruz, algumas fotos que ilustram o que se escreve, entre o preto e branco e a cor.
Outro destaque nacional é Os dias do ruído, de David Machado, editado pela D. Quixote. Romance intenso escrito em ambiente de muito suspense, thriller, vertigem e adrenalina. A trama tem como ponto de partida a morte de um terrorista islâmico que tinha por objetivo realizar um atentado em Paris, e Laura, fotojornalista e autora desse ato heroico, viaja pelo mundo para divulgar o livro que escreveu sobre esse acontecimento. No entanto, o tema é alvo de destaque nas redes sociais, originando um debate que levanta questões sobre feminismo, racismo, xenofobia e todo o tipo de extremismos. Uma das obras mais pessoais do autor que faz refletir sobre as contradições de atos, sentimentos e dramas que, por vezes, nos ultrapassam.
Ainda no que toca às edições na língua lusa, Fomos mais do que um erro, de Raul Minh’alma, é o livro ideal para os românticos. Benedita é a protagonista e tudo começa quando chega à Herdade do Aragão, acompanhada pelo namorado, que se prepara para fechar um grande negócio, estando longe de imaginar que aquele lugar vai mudar a sua vida para sempre. Minh’alma volta a apresentar um livro assente na complexidade das relações, neste caso com toxicidade e violência pelo meio, questionando se o amor pode mesmo vencer e libertar-se dessas amarras, atingindo-se a felicidade.
Passamos para um dos nomes grandes da literatura mundial e vencedor do Prémio Nobel da Literatura que encerra o projeto septologia. Falamos de Um novo nome – septologia VI-VII, de Jon Fosse, cuja trama se passa na altura que agora vivemos, a proximidade no Natal, e, pela primeira vez, Asle aceita o convite de passar a consoada em casa do seu vizinho Asleik. Neste livro, editado, como habitualmente, pela Cavalo de Ferro, Fosse volta a desafiar o leitor a entrar num mundo ímpar que aborda a transcendência da condição humana, o que torna o virar das páginas como uma experiência única e delicada.
Outra excelente prenda de Natal, principalmente para os milhares de seguidores de José Rodrigues dos Santos, é O protocolo caos, editado pela Planeta de Livros, a mais recente aventura de Tomás Noronha e inspirada em factos reais que transportam o leitor para a atualidade escaldante tendo como cenário a Rússia, com ecos nos Estados Unidos da América, e o perigoso poder que podem significar as redes sociais. Com o habitual e “viciante” ritmo cinematográfico, Noronha e Maria Flor estão novamente no epicentro de uma série de acontecimentos que podem colocar a segurança do mundo em risco, sendo que na origem deste turbilhão está uma enigmática mensagem.
Para os amantes do universo da fantasia e fantástico, Reino de Cinzas – Trono de Vidro 7, de Sarah J. Maas, é uma das prendas mais desejadas neste Natal. As quase 900 páginas do livro são um delicioso desafio para quem quer conhecer o final desta série recordista de vendas em todo o mundo. No epicentro da trama está Aelin Galathynius, que jurou salvar o seu povo, mas com consequências terríveis. Trancada num caixão de metal pela rainha dos Fae, tem de usar todas as suas forças para suportar meses de tortura. No entanto, os seus amigos espalham-se por diferentes terras. Em Terrasen, Aedion, Lysandra e restantes aliados esforçam-se por conter a ameaça iminente, porém, a força dessa aliança pode não ser suficiente para conter as hordas de Erawan e proteger Terrasen da destruição total. O destino vai sendo escrito, mas fica a dúvida: juntos erguer-se-ão ou essa união será o seu fim?
A derradeira sugestão é Querida tia, da escritora bestseller Valérie Perrin, o novo e muito aguardado romance de uma das autoras mais lidas em Portugal, cuja narrativa gira em torno de Colette, uma mulher sem história. Mas, tudo muda quando Agnès recebe um telefonema e julga ser engano. Isto porque é a polícia a dizer-lhe que Colette, a sua tia, acaba de morrer. Mas, como é que isso possível se o funeral aconteceu há três anos? Inicia-se assim uma história que reflete o mais humano e profundo de todos nós.
Bom Natal e boas leituras!
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