SWITCH CONFERENCE
A Switch Conference é uma conferência de empreendedorismo, criatividade, inovação e tecnologia. Sendo uma das maiores referências europeias na área, atrai pessoas de vários países e proporciona uma valiosa oportunidade de networking. "Connecting the Dots" foi o tema da edição de 2012 que decorreu no ISCTE nos dias 15 e 16 de Junho
O host Ricardo Sousa, 19 anos, abriu o evento dizendo que, mais do que uma conferência, a Switch é uma excelente oportunidade de networking, com possibilidade de estabelecer relações a longo-prazo. Não escapa a alusão de que em Portugal a pontualidade não é um valor primado, adiando, por isso, uns minutos o início das talks.
Luca Sartoni da Calypso12 foi o primeiro speaker e falou de como preparar o pitch perfeito para divulgar uma ideia. Em tom de provocação, disse que era a primeira vez que estava em Espanha, brincando com a confusão de identidade de Portugal tida por alguns. Considera que estar num palco é uma oportunidade única, um privilégio, e que deve ser tratada como tal. Defende que, para ser bem sucedido, um discurso tem de ser perceptível, emocional e memorável.
Seguiu-se João Lopes Martins da Muchbeta, que explicou que as startups falham, ora por dificuldades de implementação, por dificuldades de venda, por falta de dinheiro ou simplesmente por falta de amor. Aconselha-nos, por fim, a fazer o mesmo que o levou a construir a sua bem sucedida plataforma Niiiws: mantermo-nos no core do nosso negócio. Esta ideia também foi passada pelo tão aguardado Kevin Hartz, CEO da EventBrite, que falou da sua própria experiência na empresa, considerando que o seu sucesso se deveu a ter identificado três grandes tendências: social media, o crescimento do mobile e big data. Kevin disse que devemos estar atentos a outras novas tendências e estar abertos a oportunidades inesperadas.
O carismático Ricardo Diniz, navegador na Portugal’s Ocean Race, começou por contar a sua história de vida. Enquanto escrevia e desenhava no quadro, explicou como sempre foi mau aluno, sobretudo porque as ondas lhe foram muito mais apelativas. Tendo vivido em Londres enquanto criança, em Portugal tem mentalidade de turista, é fascinado e apaixonado pelo País, pasmando-se, portanto, com o facto de os portugueses se queixarem tanto. Contagia o público com o seu discurso apaixonado que realça a vantagem competitiva de Portugal – o oceano -, que é também a sua paixão. Num discurso emocional (e emocionante), de “seguir o teu coração” e “aproveitar ao máximo as oportunidades”, diz que não gosta de desmotivação, disponibilizando o seu email para quem quer que se sentisse deprimido.
Miguel Vicente da Microsoft fez o seu discurso com imagens de David Hasselhoff, Spiderman, DragonBall e Chuck Norris, mantendo sempre a audiência entretida com as respectivas alusões. Atacou o “the big guy myth”, o mito de que existem aqueles “grandes” que são tão diferentes de nós, cujo estatuto está demasiado longe para podermos alcançar, mas que, no final de contas, têm duas pernas, dois braços e uma cabeça – “human test passed”. Para Miguel, o que realmente importa são as ideias e o talento, que na era da Internet podem, mais facilmente, levar-nos ao sucesso.
“No one gives a fuck about your startup” – disse Elizabeth Varley, co-fundadora da TechHub – “…unless you give them a reason to be interested”. Elizabeth defendeu que o que interessa não é a ideia, mas a execução – ninguém vai acertar à primeira, portanto há que tentar rápido. Esta é, aliás, uma ideia passada por muitos speakers: Fail early, Fail fast.
Pedro Santos, CEO da All-Desk, disse que há muito capital para investir na Europa, mas que se se quiser ter um negócio global, e não regional, há que apostar no mercado dos Estados Unidos. Considera que Silicon Valley deve ser bem estudado, mas que não é necessário operar lá para se ter sucesso. Bobbie Johnson, co-fundador da MATTER, foi mais longe: “Esqueçam Silicon Valley, se forem para lá são destruídos. Vocês podem tornar Lisboa a próxima Silicon Valley”. Comparou, para este efeito, Londres a Shanzhai (onde se copia, e se melhora), o Antes com o Agora, o Velho com o Novo. Roxanne Varza, da TechBaguette, também partilha esta ideia: “Silicon Valley é bom mas a Europa está a acordar”, razão pela qual permaneceu na Europa. Veio explicar-nos como melhorar a tech scene na Europa e instiga-nos a: investir, aconselhar e colaborar. No período Q&A, um membro da audiência lamenta que os Venture Capitalists e Business Angels em Portugal não sejam bons, sobretudo porque “dependem demasiado de fundos do governo”. Não foi a única vez que esta ideia foi mencionada na conferência.
Bobbie Johnson também tem o seu dizer em relação ao crowdfunding: “Se querem ganhar dinheiro em crowdfunding percebam que as pessoas não são investidores, são believers”. Já Carlos Silva veio promover a Seedrs – que, ao contrário do crowdfunding, “não é caridade”. A Seedrs estabelece e agiliza a conexão entre pequenos investidores, que queiram também ser shareholders.
Hamish Forsyth, da Oneleap, falou do poder das conexões assimétricas e de como Oneleap as facilitava. Argumentou que, porque nos tende a conectar com pessoas parecidas connosco, a Internet está a falhar o seu objectivo principal – a democratização do acesso à informação. Ainda menos optimista em relação ao rumo que a Internet está a tomar é Andrew Keen, host da Keen On. “A visibilidade [proporcionada pelas redes sociais] é uma armadilha” – diz Andrew, pondo mesmo em questão a ideia de que os seres humanos são seres sociais.
Jess Erickson, PR da Four Sektor, realçou a importância das relações públicas para uma startup, dando várias dicas de como divulgá-la bem, fazendo os jornalistas escrever sobre nós. Robin Wauters, editor europeu do The Next Web, também disse que devemos convencer os bloggers a escrever sobre nós, explicando que estes gostam de encontrar a agulha no palheiro, e que, logo, é necessário ter algo autêntico, único e cativante.
Paulo Rosado, CEO da Outsystems, explicou como uma startup deve expandir o seu negócio para o estrangeiro. Defende que o problema dos produtos portugueses é serem demasiado abrangentes, e que, não sendo especializados como a concorrência internacional, os seus produtos são “fuzzy”. “Dumbify your offer” é o seu conselho.
Miguel Gonçalves, da Spark Agency, quer acabar de vez com o Europass. Pensa revolucionar os cartões-de-visita e os CVs com a app SiliconCard. Quando questionado por Luca Sartoni sobre a originalidade do projecto responde: “Não é preciso ser diferente, é preciso ser melhor”.
João Vasconcelos, director executivo da Startup Lisboa, explicou porque é que Lisboa é uma startup city: a autenticidade, os preços competitivos, a facilidade com que se fazem negócios e a localização privilegiada.
Onyeka Nwelue, escritor e fundador da Blues&Hills, disse que é difícil vender arte na Nigéria: “O problema para os artistas na Nigéria não é a economia, é a mentalidade”. Thomas Madsen-Mygdal, da Podio, sugeriu que apostássemos na reinvenção e não na inovação. Carlos Gonçalves, CEO da AViLA, explicou o conceito de escritórios virtuais fornecidos pela sua empresa.
O Open Talent deu oportunidade a vários speakers de falarem das suas experiências e projectos em seis minutos, e houve de tudo: desde Gonçalo Silva, que viajou por 25 países sobre o patrocínio da Fundação Lapa do Lobo, ao discurso (quase) mudo de Nuno Pereira que surgiu em oposição ao discurso frenético e extasiante de Fernando Moreira, que tantos aplausos arrancou.
As últimas talks foram o pitch dos vencedores da Startup Competition – a Tuizzi (mais sobre este projecto no artigo da Startup Competition), e o discurso de Cristina Fonseca, co-fundadora da Talkdesk, que quer que até as pequenas empresas tenham um call-center. O evento encerrou com os agradecimentos de Ricardo Sousa, que agradeceu à audiência, aos speakers, aos partners, mas sobretudo à equipa.
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