VERTIGO – um filme sem qualidade…
«A reposição nos cinemas, em cópia digital e versão restaurada, de VERTIGO – A MULHER QUE VIVEU DUAS VEZES de Alfred Hitchcock, recentemente considerado como “O Melhor Filme de Todos os Tempos” numa votação da revista Sight & Sound, tem vindo a ser a justo título considerada como um grande acontecimento cinematográfico, tanto pela comunicação social como pela generalidade das pessoas que gostam de cinema. E se a classificação de VERTIGO como “o melhor filme de todos os tempos” é naturalmente passível de discussão e polémica, sobram poucas dúvidas de que se trata de uma obra-prima de Alfred Hitchcock e da História do Cinema.
Quem parece ter dúvidas é a Comissão de Classificação de Espectáculos, da Secretaria de Estado da Cultura, que acaba de negar a VERTIGO a classificação de FILME DE QUALIDADE…!
Este facto seria apenas ridículo, se não fosse sintoma muito mais grave da forma como o Estado continua a tratar o cinema entre nós.
Criada nos anos 80 do século passado, esta classificação destinava-se a isentar os distribuidores de cinema do pagamento da Taxa de Distribuição (devida pela estreia de cada filme), assim pretendendo estimular ou descriminar positivamente a estreia entre nós daquilo que já na altura se considerava cinema “de qualidade”. Essa taxa, cujo montante na altura era muito significativo e hoje em dia é apenas simbólico – 150 €uros – nunca foi alterada, como nunca foram alterados os (absurdos) critérios com que frequentemente a classificação dos filmes foi sendo atribuída. Com efeito, ao longo de décadas a classificação etária dos filmes em Portugal foi dando origem aos maiores dislates, mas sobretudo o Estado nunca teve qualquer preocupação em tratar seriamente os distribuidores que se dedicam à estreia entre nós de filmes “de qualidade”…
Pelo contrário, tanto na distribuição em salas de cinema, como na edição DVD, os distribuidores de bom cinema continuam a ser seriamente penalizados por uma Inspecção-Geral (IGAC), no âmbito da qual funciona esta célebre Classificação de Espectáculos, que recolhe da actividade cinematográfica milhões e milhões de euros, anualmente desviados do Cinema não se sabe muito bem para onde…
Mas pior do que isso, só mesmo considerar que VERTIGO não é um filme de qualidade!»
Comunicado Midas Filmes
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