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Don’t Panic

E se de repente um pacote oferecesse coisas? … Sem medos – isso é Don't Panic.

É já no próximo Sábado, 5 de Março, que a discoteca Space é the place onde os senhores por trás do anti-caos vão estar a bater velas (uma só, mas boa) e a soprar a dança, com muitas palminhas.

São o novo bebé, em forma de pack, que nasceu há um ano em Portugal e logo se dispersou por alguns dos spots mais under-above-ground da cena lisboeta (e um ou outro arredor esporádico).

Da cultura, dura e crua, à arte, pura e nua, várias são as áreas abrangidas pelo pacote que distribuem, assim como os sítios que os acolhem. O freguês nunca sai defraudado, e ainda leva um poster para casa (todos dignos de moldura, acrescente-se), semana após semana.

A Don´t Panic abeirou-se-nos por culpa de Adilson Lima de Auxiliador (ALA) e Carl von Winning (CvW). Mãos ao pack!

Quais são as vossas graças e o que têm feito com elas?

CvW: Carl, sou holandês, vivo em Portugal desde os doze, e agora adivinhem que idade tenho… (- És um puto). Basicamente, toda esta caminhada: depois de estudar em escolas inglesas, produção e vídeo, vim para cá trabalhar em televisão e publicidade. Uns anos depois tivemos uma brilhante ideia…

ALA: Eu sou o gajo da pila grande. Não… Sou Adilson, 34 anos, jovem bem-disposto, com um percurso profissional na área da Comunicação Empresarial, e um nómada por natureza. Andei por Nova Iorque, em Manhattan, a trabalhar em produção para cinema. Voltei para trabalhar numa produtora ligada à música (e a certos projectos que tanto dignificam a nossa música nacional…). Conheço o meu sócio, e antes de mais amigo, Carl, desde os doze anos de idade, a andar de skate. Uns anos depois abraçámos o projecto Don’t Panic à saída de uma discoteca em Londres, onde nos deram um pack para a mão que achámos muito interessante, e pareceu-nos um projecto fixe para arrancar em Portugal. Além de sermos desta área (comunicação), somos curiosos por natureza. E também gostamos de música, cinema, teatro, cultura e… e sexo.

Qual é o conceito por trás da Don’t Panic?

ALA: Existe um livro muito famoso que é o “Hitchhiker’s Guide To The Galaxy”, que é um livro de humor britânico, muito característico inglês, que toda a gente (re)conhece. É a mesma coisa com a Don’t Panic – este projecto é muito característico lá, e não há quem não saiba o que é. É como teres um projecto português e chamares-lhe “Às Armas E Aos Barões Assinalados” – diz tudo, mas só a quem está por dentro. O tema em si (Don´t Panic) representa o “no stress”, atitude descontraída, espalha a juventude, o entretenimento, a descontracção total. Man, tens um problema? Don´t Panic, it’s all cool.

CvW: E recebes um preservativo dentro do pack; ao fim da noite: Don´t Panic! Coisas assim…

E de há um ano para cá, como tem sido?

ALA: Uma pessoa tem de ter dez braços, quatro pernas, 50 ouvidos, e apenas um cérebro (que é para nem pensar na carga de trabalhos). Mas basicamente é um projecto que te toma 24 horas do teu dia. Tens clientes/parceiros que te ligam às 8h da manhã, porque já estão no escritório, e é uma marca que estás a promover, um… Botox, por exemplo; como tens um tipo que te liga à 2h da manhã, porque quer promover uma festa/evento, acordou há cinco horas e acha que te pode ligar tranquilamente. Nós atendemos! Mas obriga-nos a ter um elevado nível de cultura geral, nos vários quadrantes e áreas que trabalhamos que, se as descortinarmos um bocadinho, são quase todas!

Com que critérios escolhem os vossos artistas semanalmente?

CvW: Lançamos um tema mensal e convidamos três artistas para criarem uma expressão sobre o tema e o desafio lançado. Temos a capa do pack, que muda de duas em duas semanas, e o poster, que muda uma vez por mês. Podem ser artistas conceituados, ou que precisem ser lançados no mercado. No inicio, quando ninguém nos conhecia, não tínhamos ninguém a andar atrás de nós para desenhar, é claro. Agora, que o produto está na rua, já vêm ter connosco com interesse em desenhar capas, para ter um cartão-de-visita na rua e para trazer retorno ao nome dos artistas. Mas vamos começar a lançar um desafio – o “Concurso de Design”, que vai funcionar na net com votação pública.

ALA: Os jornalistas… também vivem de histórias, não é? (- É é!) Então, o tema deste mês – o Desejo – como é que surgiu? Fomos visitar um cliente à Ericeira (até levámos as pranchas, mas não tivemos tempo para surfar, foi uma chatice…), e vínhamos a pensar – É pá, então e o tema do próximo mês?

CvW: …Tinha de ter algo a ver com o Dia dos Namorados, mas não ser banal. Amor, mas uma “coisa” com mais sumo. Qualquer artista vai gostar do tema “Desejo”! E o resultado foi/é incrível! O tema da nossa festa de aniversário também é o Desejo – Planet Desire – porque é no Space (espaço), e criámos o “Planeta do Desejo”.

ALA: Dá-nos gozo pensar no tema. A partir desse momento pensamos nos artistas que se adaptam melhor a esse tema. Neste caso (Fevereiro) foi o Mário Belém – saiu fora da caixa!

E o resto do “pacote”?

ALA: Tentamos ter uma forte componente de divulgação cultural. Quando fazemos acções de rua temos um promotor que está de 5ª a Sábado a distribuir packs na rua, em locais que escolhemos previamente (conforme os eventos que estamos a promover nessa semana).

CvW: Damos sugestões à saída e/ou entrada dos eventos, mas também temos uma estratégia que inclui dar algo mais do que “aquele” flyer sozinho, a passear pelas ruas… Temos isto em expositores onde ninguém é forçado a levar. Se levam é porque acham interessante. Se não gostarem não apanham de novo. Não é intrusivo, é para quem quer. Quem leva – leva mesmo, e a cidade está a pedir mais!

Dá para (sobre)viver (só) com “isto”?

CvW: Além do envelope, que é a nossa trade mark, somos também conhecidos por fazer campanhas de street marketing. Algo que encaixe na promoção entre marcas. Temos ideias criativas de forma a financiar o nosso projecto. Don’t Panic não deixa de ser uma marca, mas não se associa a nenhuma outra, somos independentes. Temos apoios, para nós e para dar visibilidade aos artistas envolvidos, mas também contamos com pequenas entidades que contribuem para que seja possível a distribuição deste envelope. Deixamos as pessoas experimentar. Se funcionar para elas, também funciona para nós.

ALA: E tem corrido bem. São por vezes as entidades que nos voltam a contactar com vontade de repetir. E é um projecto low budget, ou seja: isto não é cheap, de “reles”, mas é barato e eficaz. É como as viagens low cost – pagas menos e chegas lá na mesma.

Não são um franchising – são uma família. A família internacional Don’t Panic veio de Londres, está no Rio, Berlim, Barcelona e querem continuar a crescer. Apoiam-se uns aos outros com os erros e as experiências dos mais antigos. Achavam que era fácil, mas não tem sido. E ainda bem, porque assim superam expectativas e transbordam retorno pessoal e motivação para continuar. Todos contentes.

O alinhamento da festa promete artistas e variedades com fartura (até inclui sushi para quem for cedo), por isso: Don’t Panic @ Space.

Fotografia de Andreia Costa



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