Mariana Rebelo @ Espaço Moche (10.04.2025)
Corpo presente, alma fervente.
Ao décimo dia de Abril e duas mãos cheias de ânsia e alegria para escutar Mariana Rebelo. Num espaço que se fez amparo, não fosse o timbre da artista um berço de algodão no qual se (re)pousa com tamanha delicadeza.
Mariana Rebelo fez-se acompanhar, em palco, de Miguel Galamba (no teclado e na guitarra). Em conjunto, fizeram ressoar “canto solto em parte incerta” (o primeiro EP da artista, lançado em 2023), como se fosse um entardecer à beira-mar, num dia quente de verão.
Numa viagem pelas várias músicas que compõem este primeiro trabalho de estúdio da Mariana, este concerto contou, também, com a presença de Rita Onofre e Gustavo Reinas. Em conjunto com Rita Onofre, entoaram uma canção que fizeram juntas e a «Aqui estou». Duas vozes que são compromisso com a esperança, com aquilo que se espera de um voo de pássaro livre. Na partilha com Gustavo Reinas, cantaram «Morada» (do mesmo) e a «Revolta». Uma conversa cantada que nos arrepiou e colocou em suspenso.
Mariana Rebelo falou-nos de recomeço. Em como «Começar tudo outra vez» não é uma coisa má. E não é mesmo. Pelo menos, a cada nova melodia, a cada novo despertar, sabemos que teremos a voz da Mariana, que principia e não acaba, que reinicia e é infinita.
Fez-se ouvir ainda «Amanhã ligo», resvalando entre o dançante e o jazzy, deambulando por entre vontades e contravontades. De seguida, «LUSCO-FUSCO», uma canção em colaboração com gamorybynight.
O corpo presente, a alma fervente, e o azul a ecoar. Sob um fundo envolto em nuvens, aquela hora pela qual aguardámos, ficar-nos-ia guardada, gravada, como um malmequer que bem (e tão bem) nos quer.
Quase no fim, a artista ainda nos brinda com uma nova composição musical, fazendo-se acompanhar do seu ukulele cor-de-rosa, tão expressivo, tão encantador.
Termina esta belíssima noite com «Super-herói de capa ou Nomofobia», na qual o público se junta, de pé, quase em bicos de pé, para alcançar aquele céu imenso que com este EP e com esta autenticidade se tornou possível.
Obrigada, Mariana.
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