“Mundo Maravilha”
E se juntarmos a um Mundo Perfeito uns quantos Foguetes Maravilha? Talvez não seja má ideia e se continuamos nesta dos adjectivos favoráveis a moda ainda pega. A ver vamos...
Quando entramos num teatro, as luzes do público não se apagam totalmente e os actores começam a jogar ao 1, 2, 3 Macaquinhos do Chinês, sabemos que não é, de todo, teatro clássico que vamos ver.
Os portugueses Mundo Perfeito uniram-se aos brasileiros Foguetes Maravilha, um dos nomes mais aclamadas da nova dramaturgia brasileira e atracaram no cais do Teatro Maria Matos.
Durante a segunda edição do projecto Estúdios, em 2009, actores portugueses e brasileiros juntaram-se para criar três novos espectáculos em três semanas. Daqui nasceu a ideia de se pode levar à cena um texto escrito na noite anterior e sobretudo, o conceito de actores-criadores.
Na peça Mundo Maravilha não há personagens definidas do início ao fim; cada actor veste a pele de várias estórias, em vários locais, conforme seja necessário – seja para contar a história do isqueiro vermelho que está no bolso da rapariga da terceira fila, ou para interpretar o Leonardo e a sua amada Kate, numa história realmente parecida com o Titanic.
No final, não conseguimos realmente sintetizar a peça. Não há um tema principal ou um protagonista cuja história acompanhamos do início ao fim; ao contrário disso temos fragmentos de histórias, temos um exame de meteoros, temos um naufrágio no espaço, uma história de amor entre patinadores, considerações sobre pinguins e músicas. O que fazemos realmente estando naquele público é andar à deriva.
Nesta desconstrução da narrativa teatral, o que temos como certo e ponto de partida é precisamente isso, a partida. Os actores levam-nos numa viagem que criaram ao tentar abordar a temática da exploração, da aventura, dos navegadores – o que une portugueses aos seus irmãos brasileiros – e tudo isto não são senão metáforas e alegorias do nosso dia-a-dia.
Até dia 17 de Novembro, no Teatro Maria Matos, é ver este “Mundo Maravilha” e levar o Júlio Verne que há em nós.
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