“Parker. O Golpe” de Richard Stark.
Uma história de ladrões. Uma novela gráfica de Darwyn Cooke.
Ao folhear as páginas de “O Golpe” sente-se logo a promessa de uma boa história, daquelas que nos fazem ler mais rápido quando o fim se aproxima.
As páginas a amarelo e preto (lembro-me logo do nome que se dá aos policiais em Itália “letteratura gialla” – “literatura amarela”) relatam como um grupo de ladrões profissionais leva a cabo um golpe tremendo: roubar uma cidade inteira. Mas esta é uma cidade especial, porque além de ter uma riquíssima mina de cobre, está edificada dento de um desfiladeiro fechado e de onde só se pode escapar por uma única estrada. O arquitecto desta façanha é Parker, sujeito taciturno, meticuloso e golpista profissional. Ao contrário de muitos ladrões, que ao deslumbrarem-se com a fortuna são apanhados, Parker tem como ética executar um golpe apenas quando necessário e com mínimo de efeitos colaterais.
Esta história enquadra-se num subgénero conhecido por “Caper Story”, os personagens principais cometem roubos ou burlas e quase sempre há uma pitada de humor (às vezes negro) à mistura. Um exemplo deste estilo é o muito conhecido filme “Ocean’s Eleven”.
É por isso fácil pegar neste livro e fugir para uma sombra, na praia ou na esplanada e desfrutar de uma grande história de ladrões.
“O Golpe” é um romance policial escrito por Richard Stark em 1964 e que em 2012 Darwyn Cooke adaptou e ilustrou. Nesta novela gráfica, editada em português pela Devir, é possível ler uma história de um dos autores norte-americanos de policiais mais importantes para o género e apreciar o trabalho de um dos mais talentosos desenhadores e argumentistas norte-americanos da última década. Para quem não conhece Richard Stark é um dos muitos pseudónimos que Donald E. Westlake usou ao longo da sua profícua carreira. Richard Stark foi o autor de uma série de histórias com Parker na personagem principal, ao todo 24 livros entre 1962 e 2008. Darwyn Cooke que já tinha um trabalho que se aproximava do género “noir” e policial, escolheu quatro obras de Stark, entre 2009 e 2013, adaptou-as e ilustrou-as, sendo que três delas já estão traduzidas para português: “The Hunter” (“O Caçador”), “The Outfit” (“A Organização”), “The Score” (“O Golpe”) e “Slayground” (cuja a edição em português está para breve segundo a editora). Estes quatro livros são um feliz encontro entre os enredos entusiasmantes de Stark e a dramaticidade do traço de Cooke. Este último é de tal maneira cuidadoso que para cada livro escolheu uma cor diferente para contrastar com o preto.
Quem nunca leu um livro pode ler “O Golpe” sem ter preocupações com o entendimento da história. Até acho que este livro pode ser o primeiro a ser lido, pois é uma história que introduz bem o personagem principal, Parker, e está repleta de situações de perigo e mistério. Se gostou e quer ler mais então é partir para “O Caçador”, seguido de “A Organização” e estes sim, devem ser lidos por esta ordem por causa da história. Este é um livro para um leitor adulto (dado o conteúdo da história) que se ainda não é fã de policiais pode ficar a sê-lo!
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