“Portugal, uma história de conquista” de John dos Passos
Não fosse a sua veracidade, poderia ser um romance histórico
Se há assunto explorado até à exaustão na história portuguesa, são os descobrimentos. Particularmente quando falamos de livros longos e plenos de factos e com uma grande ausência de narrativa, por isso é de apreciar quando é um escritor que versa sobre o assunto. Não só porque empresta outro interesse à coisa mas também porque oferece uma perspectiva que não é pura paranóia com factos e história. Sobretudo quando esse autor é o luso-descendente John dos Passos, dono de uma admirável versatilidade na prosa.
Ajudará também à dimensão humana da obra, que se lê como se de um romance tratasse, alguma obsessão que o autor nutria com a sua herança madeirense. Por isso, mais do que um texto histórico, “Portugal, uma história de conquista”, é um relato recheado de aventuras e intrigas, que não fosse a sua veracidade, poderia ser um romance histórico. Aliás, não existe uma única nota de rodapé, e o próprio título da obra – “story” no original, ao invés de “history” – é logo uma declaração da liberdade narrativa a que John dos Passos se propõe.
Tão importante como o que é dito em “Portugal, uma história de conquista” é o contexto em que foi escrito: numa altura do séc. XX em que ser Português, ou mesmo imigrante em Nova Iorque, era praticamente sinónimo de complexo de inferioridade. Complexo esse a que John nunca cedeu, orgulhando-se pelo contrário nas suas raízes lusófonas ao apresentar o povo português como bravos heróis exploradores. Assumidamente e sem pretensões, tal como a sua obra.
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