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“A PROMESSA” de António de Macedo chega em exclusivo à Filmin com a colaboração da Cinemateca Portuguesa

Em colaboração com a Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema, a Filmin recebe a versão digitalizada de A Promessa do cineasta António de Macedo, marcando a efeméride dos 50 anos do primeiro filme português oficialmente selecionado para o Festival de Cannes.

António de Macedo, um dos fundadores do Cinema Novo português, levou pela primeira vez Portugal à selecção oficial do Festival de Cinema de Cannes, há 50 anos atrás. Cineasta com obra contínua no campo do fantástico e o autor de alguns dos maiores sucessos de bilheteira do cinema nacional, Macedo tornou-se uma figura insólita e original no panorama do cinema português. 

Integrado do Plano de Digitalização do Cinema Português, a Cinemateca Portuguesa- Museu do Cinema realizou o processo de digitalização do filme A Promessa, a obra mais icónica do realizador que marcou o cinema português pela sua irreverência devido às temáticas abordadas e a forma de apresentação dos corpos no grande ecrã. 

A Promessa parte da obra teatral homónima de Bernardo Santareno e assenta num trabalho de investigação sociológica levado a cabo nas aldeias piscatórias em que decorre a acção, com produção do Centro Português de Cinema. 

Maria do Mar e o seu marido, José, são jovens recém-casados que vivem numa aldeia de pescadores, Palheiros de Tocha, entre Aveiro e Figueira da Foz. A sua intimidade é no entanto perturbada por um voto de castidade que fizeram em consequência de uma tempestade que provocou o naufrágio do barco do pai do José, que conseguiu salvar-se, ficando aleijado de uma perna. Ambos vivem em permanente tensão, originada pela presença do Labareda, um cigano recolhido pelo casal, na sequência de uma disputa em que foi esfaqueado.

Nenhum outro cineasta do Cinema Novo utilizou o cinema como ferramenta para fazer passar problemas e mensagens da sociedade. A Promessa ressalta uma dimensão social marcada no realismo documental das imagens da aldeia e dos pescadores e o confronto do cineasta com o tema da alienação religiosa, uma das constantes da obra de Macedo. 

O filme é o repositório de questões sexuais que constituem o eixo do mesmo, da impotência à necrofilia, passando pela violação. Alvo de grande polémica na recepção em Portugal, foi a primeira obra portuguesa a mostrar dois corpos nus.

Até 2025, a Cinemateca Portuguesa irá digitalizar mais de 1000 filmes portugueses de longa e curta-metragem, no âmbito do Plano de Digitalização do Cinema Português que já está em curso. Este projeto tem como missão levar o património cinematográfico às gerações actuais e futuras, e irá, certamente, transformar a nossa compreensão colectiva do Cinema Português, seja por restabelecer o acesso a filmes caídos no esquecimento, por recuperar obras conhecidas através da disponibilização de cópias digitais de qualidade, ou por fomentar novas sinergias de programação.

É neste contexto que surge a primeira colaboração da Cinemateca Portuguesa com a Filmin, celebrando em conjunto a diversidade de formas de partilha deste património com o público.



Sobre António de Macedo

Frequenta o liceu e a faculdade (Escola Superior de Belas Artes de Lisboa), onde se licencia em Arquitectura. Ainda estudante começa a trabalhar como desenhador na Câmara Municipal de Lisboa, onde depois permanece como arquitecto. Cineasta amador na sua juventude (em 16 mm e 8 mm), foi a partir de um desses filmes (“Ode Triunfal”, em 8 mm, sobre o poema de Pessoa) que consegue o patrocínio da Sociedade Central de Cervejas para o seu primeiro documentário industrial (“Verão Coincidente”, em 1963). Começa, de seguida, a rodar curtas-metragens para o produtor Francisco de Castro, com quem trabalha até 1974. Tendo abandonado a profissão de arquitecto em 1964 (para a rodagem de “Domingo à Tarde”, a sua primeira longa-metragem), dedica-se exclusivamente ao cinema a partir de então. Fundador das cooperativas Centro Português de Cinema (em 1970) e Cinequanon (em 1974), António de Macedo foi professor de Estética de Cinema no IADE e de Teoria e Prática de Realização Cinematográfica no Instituto de Novas Profissões (de 1970 a 1972). Duas décadas depois será professor de Análise da Imagem na Universidade Lusófona e de Realização Cinematográfica na Universidade Moderna. É o mais prolífico dos cineastas da geração do Cinema Novo. 



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