iPhone 6 & iPhone 6 Plus
O tamanho importa
Antes de ter nas mãos os novos dispositivos da Apple tinha a intenção de escrever dois artigos. O lançamento de um iPhone de 5,5 polegadas (iPhone 6 Plus) parecia merecer um artigo próprio devido à sua singularidade e as novas possibilidades que um ecrã desse tamanho pode oferecer no dia-a-dia. Bastaram alguns dias de utilização para chegar à conclusão que o iPhone 6 é o melhor smartphone que alguma vez utilizei e que o iPhone 6 Plus é uma grande desilusão.
Tal como já acontece com praticamente todos os dispositivos Apple, o iPhone 6 representa, ao nível do design, o fim de uma linha, juntado-se assim ao MacBook Air, o MacBook Pro, o iMac e iPad. As 4,7 polegadas do ecrã são o sweet spot para dispositivos móveis. Ergonomicamente o iPhone 6 é uma agradável surpresa e bastante mais cómodo que o seu antecessor muito devido ao cantos arredondados que de certa forma fazem lembrar as versões mais antigas do aparelho. Os botões físicos sofreram algumas modificações. O “On/Off/Sleep” passou do topo para o lado esquerdo (poderá ter impacto para quem usa os botões de volume como shutter da câmera), deixou de existir um botão dedicado ao mute (finalmente!) e os botões de volume aumentaram de tamanho. Gostando ou não da Apple, é dificil não gostar do design do iPhone 6. Uma peça de joalharia, leve, fina e com um poder tremendo no seu interior.
As opções de armazenamento são difíceis de compreender. O modelo mais “barato” tem 16GB de espaço disponível. A segunda opção são 64GB, existindo pela primeira vez um iPhone com 128GB de memória. Porque razão a versão “base” não tem 32GB? Existe um aspecto em que a Apple é realmente única: ter grandes margens de lucro. Ao “empurrar” os cliente para os 64GB, que para a grande maioria é um exagero, a Apple consegue “sacar” valiosos dólares ao bolso dos consumidores. A Apple podia e devia ter uma opção com 32GB que seria a versão “base” do iPhone. Com os 16GB dei por mim a ter que apagar aplicações só para conseguir instalar um novo update do sistema operativo.
Ao nível do desempenho é muito difícil encontrar um ponto negativo. O novo chip e as novas funcionalidades que o iOS 8 disponibiliza permitem uma experiência ainda mais fluída e graficamente alguns jogos já estão ao nível das consolas portáteis. Infelizmente, mesmo com a aquisição da Beats, a Apple continua a não apostar na vertente áudio do iPhone. Os auscultadores são os mesmos do iPhone 5 e deixam muito a desejar tanto em qualidade como ergonomia. O som do speaker do iPhone continua a ser muito pobre em relação com alguns dispositivos Android como o HTC One. Sendo a música uma das paixões da Apple é de esperar muito mais. Claramente esse será um trunfo para ser jogado mais tarde, quem sabe no modelo “s” do iPhone 6.
Como já é hábito a câmera tem um desempenho excepcional. É difícil utilizar aquelas chavões como “a melhor câmera num smartphone” visto existirem cada vez mais modelos com câmeras totalmente distintas e com outras características. O que é inquestionável é que a união entre o hardware e software oferecem a melhor relação experiência/qualidade possível num smartphone.
A filmar, a Apple adicionou ainda mais frames à opção de slow-motion. O problema com este modo é que ao exportar o video para uma qualquer outra plataforma “não Apple” o mesmo perde o efeito Aqui fica um exemplo de um video que foi capturado no modo slow-motion e depois feito o upload para o youtube.
O iPhone grande
Quando o iPad foi apresentado muitos críticos apontaram o tablet como sendo um iPhone em ponto grande. Rapidamente se percebeu que os planos da Apple eram outros e a App Store começou a ser inundada de aplicações especialmente desenhadas para o iPad que o tornaram num dispositivo radicalmente diferente do iPhone. Ao pegar num iPhone 6 Plus sente-se a necessidade de o utilizar como um iPad, isto é, o tamanho do ecrã exige aplicações diferentes, optimizadas e com outras funcionalidades. A Apple adicionou algumas funcionalidades “extra” em algumas das suas aplicações (Notas, calendário, etc) no “modo horizontal” mas ao contrário do que existe para iPad não foi criada nenhuma diferenciação entre aplicações de iPhone e de iPhone Plus.
Estéticamente o Plus é exactamente igual ao iPhone 6 mas tendo um ecrã de 5,5 polegadas e mantendo o espaço dedicado ao botão físico em baixo e antenas em cima, parece maior que outros phablets que utilizam praticamente todo o espaço com o ecrã. Para além da maior capacidade da bateria a Apple decidiu colocar pela primeira vez um estabilizador óptico de imagem na câmera. A grande maioria dos utilizadores não vai notar qualquer diferença. Onde os utilizadores vão notar diferença é no bolso. Para além do preço o tamanho do dispositivo é impeditivo para ser transportado em bolsos mais apertados.
Um ecrã grande traz obviamente muitas vantagens em aplicações como editores de texto e de imagem, bem como nos jogos. Vale a pena recordar que a PS Vita tem também 5,5 polegadas e é um dispositivo dedicado a gamers. Infelizmente, ao contrário do que acontece em outros phablets, não foram implementadas suficientes funcionalidades que tirem partido do tamanho do ecrã (por exemplo a execução lado a lado de aplicações que a Samsung implementou no Galaxy Note).
É provável que na próxima versão do iOS sejam apresentadas novidades em relação às funcionalidades disponiveis no iPhone 6 Plus.
iOS 8
Depois da enorme alteração visual implementada na versão anterior, na versão 8 do “mais avançado sistema operativo para dispositivos móveis” existem duas palavras chave: abertura e continuidade.
Conhecida pelas restrições (excessivas?) do sistema operativo (SO) a Apple decidiu “abrir a porta” a um conjunto de funcionalidades que têm impacto directo no core do SO. Finalmente é possível instalar teclados diferentes, colocar widgets na barra de notificações e ter outras opções nos botões de contexto das aplicações (por exemplo, ao abrir um atalho é possível, consoante as aplicações instaladas, escolher o que se pretende efectuar com o mesmo para além das opções pré-definidas pela Apple). A conectividade entre o iPhone e os outros produtos Apple surge como segunda grande feature do iOS8. É possível estar no Mac a escrever um documento em Pages e automaticamente o mesmo está disponível no iPhone no exacto local onde o deixámos. Este hand-off está presente em grande parte das aplicações Apple e com o tempo irá ser implementado por outras aplicações. É também possível utilizar o Airdrop com um Mac (passar documentos, imagens, etc) e utilizar as funcionalidades do telefone directamente no Mac (ou iPad). Por exemplo, ao chegar a casa podemos deixar o telefone na sala o e atender/efectuar uma chamada directamente no Mac do escritório.
Uma outra funcionalidade bastante importante é o “Family Sharing” que permite associar várias contas Apple a um mesmo grupo (familia). A cada uma das contas são dadas permissões que permitem por exemplo a partilha de aplicações adquiridas, de discos e de livros. É também possível desta forma restringir as funcionalidades de outras contas bloqueando, por exemplo, as compras na Apple Store. Se um utilizador do grupo que não tenha permissão para efectuar uma compra tentar fazê-lo surge uma mensagem no iPhone de quem tem essa permissão permitindo a aceitação ou não da compra. Para esta funcionalidade estar activa é obrigatório que as contas partilhem o mesmo cartão de crédito.
Uma última nota para o “assistente pessoal”, Siri. Esta funcionalidade que permite efectuar tarefas por voz, como pesquisar a web, enviar mensagens, criar lembretes, etc, faz parte integrante do sistema da Apple deste o iOS 5. Infelizmente, três anos depois, o português – a 5ª língua mais falada no mundo, a 3ª mais falada no hemisfério ocidental e a mais falada no hemisfério sul da Terra – continua a não fazer parte do cardápio. Contudo já é possível utilizar a funcionalidade de “ditado”, isto é, em algumas aplicações basta ditar o que se pretende escrever que “magicamente” surge no ecrã.
Conclusão
No passado a Apple seguia uma linha muito própria e aparentava uma imunidade às movimentações do mercado. Após a morte de Steve Jobs notou-se uma mudança nesse trilho. O iPad mini foi o primeiro produto Apple que surgiu como resposta ao mercado que reagiu de uma forma entusiasta. O mesmo está a acontecer com o iPhone 6 Plus. Criado especialmente para os consumidores asiáticos e alguns entusiastas, a versão Plus do iPhone 6 está a ser um verdadeiro sucesso de vendas. Na última keynote onde foram apresentados os novos iPad’s verificou-se que o mini não sofreu nenhuma alteração que justifique a compra de um novo modelo. Com o iPhone 6 Plus a intormeter-se no mercado do iPad mini vai ser interessante analisar o que a Apple pretende fazer com esse especifico modelo.
Em 2012 quando tive a oportunidade de experimentar o primeiro iPad mini fiquei com a sensação que caso fosse possivel atender chamadas o mini podia ser muito bem o meu telefone. Eu sou um grande fã do iPad, das aplicações nativas de iPad, de ler jornais e revistas no iPad. Esperava que o iPhone 6 Plus fosse mais do que um iPhone 6 em tamanho XL. Quem está no mercado para comprar um phablet tem outras soluções que permitem tirar melhor partido do tamanho de ecrã.
No que se refere ao iPhone 6 é difícil encontrar um ponto negativo. Este devia ter sido o único telefone lançado pela Apple este ano mantendo a coerência que a marca já nos habituou.
Um agradecimento especial à Vodafone Portugal que emprestou por alguns dias as duas versões do iPhone 6.
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