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A minha vida com Android

Ou a experiência Samsung Galaxy-S.

O lançamento do iPhone 4 faz lembrar quando o primeiro iPhone foi lançado. Redefinindo a categoria dos telemóveis, o iPhone e a suas aplicações vieram trazer uma nova forma de escolher os telemóveis que não passa por especificações técnicas mas sim pelo potencial de aplicações que nos poderão ser úteis. O iPhone fez a sua mossa no mercado e veio despertar a concorrência para todo um novo território no qual, ou entravam rápida e eficazmente, ou ficariam para trás nos anos em que uma Agenda no telemóvel ou a câmara de 3MP eram os grandes unique selling points.

No entanto, passado três anos (sim, porque só se passaram três anos) o lançamento do iPhone 4 vem num contexto de mercado totalmente diferente. A concorrência já tem as suas propostas de lojas virtuais e aplicações que tentam fazer frente ao iPhone. No entanto, entre as escassas e ainda tímidas opções disponíveis no mercado, uma parece jogar as suas cartas com destreza – o sistema operativo Android. Baseado no núcleo Linux e explorado pela Google, o Android é a opção Open Source ao domínio da Apple App Store, onde as regras para publicação e difusão das aplicações passam pela imaginação dos próprios utilizadores – e são na sua grande maioria gratuitas.

Apesar da existência do Android desde 2009 enquanto sistema operativo, foram poucos os modelos que apareceram no mercado que utilizassem bem o sistema operativo. Para além disso, por depender de desenvolvimentos de terceiros e ser uma plataforma em constante evolução, o sistema operativo era ainda beta e as aplicações eram escassas no momento do lançamento. Isto justifica flops passados em telemóveis patenteados da Google (relembramos o caso Nexus). Enquanto a Apple apostou em lançar um sistema operativo com aplicações já criadas e testadas, os telemóveis com sistema operativo Android, dentro do natural espírito do Open Source, foram por um caminho de testing as we go. Este espírito, enquanto bastante comum e natural entre a comunidade de developers, não foi tão bem aceite pelo público final que está habituado a produtos totalmente finalizados e não vêem a bons olhos a lógica sandbox do Android.

No entanto, o Android cresceu e, com ele, as próprias opções no Android Marketplace. E para tornar o bolo ainda mais apetecível, começaram a surgir telemóveis que utilizam o sistema operativo no seu puro potencial ao mesmo tempo que são máquinas de hardware poderosas. Falo agora especificamente no Samsung Galaxy-S.

Tivemos a oportunidade de experimentar o telemóvel após muito ouvirmos falar bem dele. A experiência com o Galaxy original não foi a mais agradável – mas sendo nós natural born geeks compreendemos que ainda se estava num longo caminho para aperfeiçoar o sistema e a própria loja. Foi com agradável surpresa e pura avidez que experimentámos o Galaxy-S. E a experiência não decepcionou.

Poderia falar dos pontos fortes – a fluidez, rapidez, resolução, memória, entre outras características que podem ler em qualquer site de reviews ou no site oficial da marca. O ecrã é enorme, a resolução nítida, a câmara fantástica e o som claro. Aliás, as especificações do telemóvel falam por si – apesar de dizermos que já não há uma busca por especificações de telemóveis, no momento em que todos oferecem uma integração com uma App Store vasta como a do Android, as especificações já entram novamente em jogo.

Quanto à navegação no próprio telemóvel, sentimos que existe um natural conflito de navegação entre os menus que a Samsung deverá exigir ter no telemóvel, incluindo as opções de configuração do mesmo, e as aplicações Android. Claramente sentimos que há uma integração um pouco martelada entre as duas empresas quando começamos a lidar com o telemóvel. Por isso, ele acaba por ter uma curva de aprendizagem mais elevada – ao ponto de se demorar um pouco até se perceber o que todos os botões, tabs e cliques fazem na homepage ou demorar a perceber onde se troca o toque do telemóvel. No entanto, após passear-se um pouco com o telemóvel, rapidamente se aprende todos os truques.

Quanto ao Android Marketplace, as opções de aplicações são vastas e variadas. No entanto, sentimos aqui algumas lacunas que, na nossa opinião, derivam de um padrão de “mimo” que nos foi incutido pelo líder do mercado das Aplicações – a Apple, lógico.

Em primeiro lugar, a categorização das aplicações é altamente genérica. Escolhe-se se se quer jogo ou aplicação, procuram-se nas categorias gerais – desde desporto a multimédia – e podemos procurar a aplicação por input do nome, por um ranking das principais aplicações gratuitas ou pelas novidades. A falta de mais opções de alfabetização ou pesquisa mais intuitiva acaba por prejudicar a pesquisa por aplicações. Quem conhece o iPhone dirá que não é muito diferente deste. No entanto, todas as aplicações passam por testes de qualidade antes de serem colocadas live na App Store, o que leva a uma filtragem natural e à existência de muito menos aplicações do que no Marketplace – mas as que existem funcionam bem!

Isto leva à segunda lacuna – o exagero de aplicações. Atenção – ainda bem que existem aplicações para todos os gostos. Mas a falta de um filtro de qualidade que é feito apenas pelas votações dos próprios utilizadores das aplicações, aliado a um sistema de pesquisa básico, leva a que os utilizadores acabem por ficar apenas nas primeiras páginas das listas de aplicações. Procurar mais extensivamente leva a um cansaço natural e acabamos por nos ficar apenas com as Top Apps.

Logo, a nosso ver, o Android Marketplace tem duas opções – ou começa a filtrar aplicações ou coloca um sistema de pesquisa mais exaustivo, permitindo aos utilizadores pesquisar por empresa, reviews ou até developers. Acreditamos que seria uma evolução positiva.

Da mesma forma, a integração entre Android e as opções nativas dos telefones deverá ser melhor trabalhada no futuro – não que a curva de aprendizagem seja assim tão notória, mas como já disse anteriormente, a Apple mimou-nos demais com o seu sistema ultra intuitivo e navegação integrada. Quem passeia entre as aplicações e as opções do telefone do iPhone sente sempre que está no mesmo ambiente. O mesmo não se passa no Galaxy-S.

No entanto, feita esta pequena adenda, o Samsung Galaxy-S justifica, sem sombra de dúvidas, o preço que apresenta. É um trunfo jogado na hora certa por parte da Samsung e é uma opção saudável ao iPhone. Não vamos usar a palavra killer como muitos gostam de usar. Existe um mercado vasto que dá espaço a mais que uma só empresa na corrida das App Stores. No entanto, depois de ter tido este modelo na mão, não conseguimos deixar de pensar no que é que será a próxima evolução do Android e qual será o próximo grande telemóvel a rentabilizar o sistema operativo. De algo temos a certeza – a Samsung vai continuar a sua aposta com o anúncio recente do lançamento de um Tablet Galaxy que utiliza sistema operativo Android. Cá iremos esperar ansiosamente por poder ter um nas nossas mãos e comprovar se a tendência continua positiva para este old new player do mercado.



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