Actor Imperfeito
Poemas de amor de William Shakespeare
No dia 4 de Dezembro, estreou “Actor Imperfeito” no Teatro do Bairro. Uma peça baseada nos sonetos de Shakespeare e em pequenos excertos das obras “Romeu e Julieta”, “Otelo” e “Canseiras de Amor em Vão”. O diálogo entre actores é bilingue, em inglês e português, celebrando a intemporalidade e universalidade dos sentimentos.
Ao longo dos três actos que constituem este enredo, dois triângulos amorosos desenvolvem-se, tendo como personagens centrais o poeta Will (Cláudio da Silva e Rafael Fonseca) e o seu patrono e amigo, o “Jovem Louro”, interpretado por Jaime Freitas. O primeiro triângulo é formado pelo Poeta, o Jovem e o Poeta Rival, terminando o Acto II com um duelo de florete e sonetos entre os dois escritores; o segundo inclui o Poeta, o Jovem e a amante de Will – a Mulher Morena – vista como a personificação do mal e da promiscuidade. Neste último triângulo, sentimentos como a paixão, confiança e infedilidade são experienciados em toda a sua intensidade, tanto verbalmente como a nível visual.
Para além de uma narrativa sobre relações de amor-ódio e amizade, “Actor Imperfeito é também um texto sobre a imperfeição da tradução: a tradução do que sentimos em gestos e palavras de uma língua noutra língua, a tradução do texto no corpo do actor, a tradução de um tempo noutro tempo, de um espaço noutro espaço. E sobretudo de um espaço interior e íntimo que é tantas vezes inefável e inexprimível, num espaço exterior e público onde imperam a convenção e os protocolos”, de acordo com a escritora Luísa Costa Gomes, responsável pelo texto e dramaturgia.
São poemas de amor de William Shakespeare, que transportam o espectador para uma época compreendida entre os séculos XVI e XVII, num cenário impregnado de sentidos e ideias que levitam pelo ar. A questão impõe-se: não seremos todos actores eternamente imperfeitos? Incapazes de decifrar o outro, e o alcançarmos na sua plenitude? O que será o amor e o ódio? A fidelidade e a traição? A derrota e o triunfo? Não serão apenas simples personificações criadas pelo Homem, a fim de falar sobre o tudo o que existe na sua alma turbulenta?
Uma peça que merece ser assistida pelos amantes da literatura de Shakespeare, bem como por aqueles que desejam conhecer melhor quem foi este pensador.
De 5 a 22 de Dezembro, no Teatro do Bairro. Mais informações aqui.
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