Alice Phoebe Lou @ Coliseu dos Recreios (30.04.2025)
Há quem nos saiba de cor.
Texto por Patrícia Santos e fotografia por Alice Neutel.
Alice Phoebe Lou encantou-nos no palco do Coliseu dos Recreios, na passada quarta-feira, dia 30 de Abril. Uma hora e meia de um concerto que muito nos deu e prendeu, que muito nos fez sentir e aplaudir.
A artista tem-nos habituado a uma delicadeza tão pormenorizada, que de cada vez que a escutamos, somos arrebatados por uma paixão que nos mantém despertos, vivos e capazes.
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A abertura do concerto seria feita por Cordelia, a cantora britânica cuja voz transborda serenidade e aconchego. Em início de Março do presente ano, lançou o seu primeiro álbum, “everything hurts (i love you)”, um conjunto de dez canções muito vinculativas e maduras. «Not So Sure», «Always a Boy», «Little Life» e «I’m Sorry» foram algumas das músicas entoadas. Perante cada palavra e cada melodia, a artista soube surpreender-nos, abanando-nos sem nos deter, empurrando-nos para um confronto com os nossos sentimentos.
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São 22h e, num palco despido de artifícios e artimanhas, surge Alice e a sua banda composta por quatro músicos (teclas, bateria, guitarra, baixo). «Angel» é a primeira música a ser interpretada. Esta canção é a que dá mote também ao seu mais recente álbum, “Shelter”, editado em 2023. Aparece-nos como um lugar idílico, assemelha-se a um entreacto ininterrupto que nos dá propósito.
“Hello everybody!”, começa por dizer. Agradece pelo abraço soalheiro com que a recebemos, partilha que adora tocar em Portugal, e ainda afirma que será um dos maiores concertos da tour. “Let’s have a smooth night tonight!” E assim seria. Afinal, a quietude não tem de ser aquele lugar latente e escondido.
«Touch» (2020), «Dusk» (2021) e «Shelter» (2023), é a tríade que temos o privilégio de escutar em seguida. Uma sequência que se faz de uma espécie de sopro que vem de uma montanha alta, em que nos libertamos do que nos magoa, sabendo contudo que, em alguns momentos, é isso o que nos ampara.
«Only When I» (2021) e «Open My Door» (2023), duas das suas canções mais ouvidas, dão-nos o embalo que se segue. E que colo certeiro. Da intimidade da sua voz, voltamos a nós. Escutamo-la em segredo, sem medo, como se fosse a nossa pedra filosofal. O amor, esse, vai-se construindo; enquanto isso, dançamos, vamo-nos distraindo.
Alice Phoebe Lou e o chão que pisa são um só. Fica sozinha em palco. Sorri-nos tão docemente, enquanto nos presenteia, no teclado, com «Lately» (2023) e «My Girl» (2023). Um enevoado de cores que a envolve, em contraste com a clareza do sentir em verso e com a simplicidade do que é límpido e brilhante.
Num acto quase contínuo, faz-se ouvir um cover da «Harvest Moon», de Neil Young. Uma canção-árvore feita de casca dura, de folhas perenes, das flores mais belas.
«Velvet Mood» (2021), «If You Were Here» (2021), «Lover // Over the Moon» (2021), «Glow» (2021), «Witches» (2020), «Dirty Mouth» (2021), «Lose My Head» (2023) e «Underworld» (2021), foram mais algumas das músicas que traçaram o caminho nada sinuoso e nada fortuito. O entoar que é porto seguro, as emoções que se vão realçando, o corpo que balança com a leveza de quem acredita que a queda não é – nem nunca será – uma condicionante.
O seu longo cabelo dourado, solto, determinado, bem preciso; as luzes bem demarcadas, nada pomposas, e bastante norteadas; a banda que a acompanhou e as suas várias matrizes, tão significativas e constantes… uma energia gerada e captada por cada um de nós, e que fez tanto sentido.
“Farewell, till next time!” – e a promessa de um regresso. Estamos já prontos!
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