Cigarettes After Sex @MEO Arena (21.11.2024)
Uma noite em tons de cinza que em nada nos esmoreceu.
Texto por Patrícia Santos e fotografia por Graziela Costa.
Na noite de 21 de Novembro, quinta-feira, o Meo Arena encheu-se fogosamente para receber os Cigarettes After Sex. Este entusiasmo ardente determinava um público que, absorvendo muitas disparidades entre si, não deixava de ser simbiótico.
Um palco cru que quase nos falava, dotado tão somente dos instrumentos que seriam tocados (bateria, baixo e guitarra). Um palco vazio que quase nos gritava, de tão cheias que eram as emoções que sentíamos.
Desde o lançamento, em 2012, do EP “I.”, que os Cigarettes After Sex têm delineado muito bem o seu caminho artístico. Já nos habituaram a uma sonoridade muito característica a qual, caso queiramos, é expoente de amor. E o hábito que se faz rotina carece de cuidado, muito cuidado. E cada novo projecto apresentado pela banda é esse lugar seguro onde queremos entrar.
Uma noite em tons de cinza que em nada nos esmoreceu. Laivos de luz branca, entrecortados por um fumo denso, formavam a alavanca que nos prendeu (desde o início). E um balanço suave dos corpos ia alimentando a nossa paz interior à medida que a escuta ia ficando mais compenetrada a cada nova música.
A banda norte-americana de dream pop terá lançado o seu terceiro álbum “X’s” no presente ano, tendo-se ouvido músicas como «Dark Vacay», «Tejano Blue» e «X’s» que constituem o mesmo. Além disso, o repertório apresentado foi uma viagem imensa por estes dezasseis anos de existência da banda, com canções tocadas nomeadamente «Pistol», «Touch», «Falling in Love», «Nothing’s Gonna Hurt You Baby», «Young & Dumb», «Cry», «Sweet», «Sunsetz», «Heavenly», «Dreaming of You» e «Apocalypse», entre outras.
Os músicos dispunham-se a uma distância equidistante, formando quase uma figura triangular entre eles, o que denotou uma predisposição para o equilíbrio perfeito. E foi nesse ambiente harmonioso que decorreu este concerto. Um concerto que, apesar de pouco sujeito a variações, foi tudo aquilo que esperávamos. Afinal, a sobriedade do ser, cantando, pode transportar-nos para tantos lados…
Greg Gonzalez falou pouco, cantou muito e disse tudo. A sua voz de seda carrega consigo a consciência das emoções humanas. E isso vale só por si.
As canções iam sendo preenchidas por imagens que apareciam e desapareciam numa tela na retaguarda. A lua, a tempestade, a água, o fogo…através destes elementos, pudemos deslizar por entre a angústia, a tranquilidade, a ânsia, a vontade…
Houve duas bolas de espelhos, um falso fim, e muitíssimos minutos de música. No fundo, este concerto foi como chegar a uma cama de lençóis lavados e sentir que pertencemos a ela. Havíamos de ter uma noite descansada.
Promotor: Last Tour
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