Nick Cave & The Bad Seeds @ MEO Arena (27.10.2024)
Um concerto muito bonito, uma comunhão emocional em crescendo que culminou num certo iluminar de alma, uma sensação de alma preenchida e serena.
O frenesim, as inquietações, a catarse estiveram lá, mas num tom mais maduro, pelo menos eu senti-as assim. Os coros de Gospel contribuíram para isso, ajudam a serenar e trazer o foco para as canções.
Um recinto Meo Arena bastante preenchido, balcões cheios e plateia em pé a ¾.
O público, na sua maioria, era composto por muitos fãs de longa data. Muitos já com alguns cabelos brancos, daqueles que apenas contribuem para aumentar o charme, como gosto de pensar.
Nick Cave foi um verdadeiro mestre de cerimónias, dono de uma expressão corporal e figura cativante, percorreu o palco e interagiu com o público várias vezes. Os ecrãs gigantes mostravam, ora imagens do público, ora imagens de Nick Cave, da banda e dos elementos do coro que os acompanham. Grandes planos a preto e branco onde podíamos ver em detalhe as expressões faciais e corporais dos músicos, em especial de Nick Cave e que nos devolviam a imagem, o público e a banda vistos do palco. Esta interação funcionava quase como um diálogo que fez, certamente, sentir a todos os presentes um aconchego e proximidade semelhantes ao que sentiríamos se estivéssemos numa sala pequena.
O alinhamento foi centrado no seu novo álbum, “Wild God” com algumas visitas a êxitos passados. As novas canções, apesar de recentes e possivelmente pouco conhecidas de grande parte do público, foram emocionantes e até arrebatadoras ao vivo. Referência e reverência para os temas «Wild God», que dá nome ao álbum, «Cinnamon Horses», «Conversation» e «Joy», que ganham vida extra ao vivo. Referência também para «O Wow O Wow (How Wondeful She Is)» canção em memória de Anita Lane, falecida em 2021, que foi acompanhada com projecção de imagens dela a falar e a dançar à beira-mar.
Dos êxitos antigos ouvimos «Bright Horses» cantada sublimemente por Brian Ennis, a vertiginosa «Tupelo», «O Children», «Jubilee Street», «From Her To Eternity», «Red Right Hand», entre outras.
Depois de interpretarem «White Elephant» saíram do palco pela primeira vez. O público não arredou pé. Seguiram-se. não um, mas dois encores, em que interpretaram êxitos como «Papa Won’t Leave You Henry» e «The Weeping Song». Nick Cave fechou o segundo encore com chave de ouro interpretando «Into My Arms» sentado ao piano.
Quase 3 horas de concerto, 22 canções, 2 encores, Nick Cave está vivo de corpo e alma e recomenda-se. Mesmo os estreantes num concerto ao vivo de Nick Cave não puderam ficar indiferentes a tamanha celebração. Atrevo-me a dizer que o gosto por Nick Cave e pelas suas músicas, uma vez adquirido, é algo que se mantém ao longo da vida toda.
Fotografias cedidas pela Last Tour
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