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Disco Bloodbath

Mouth to Mouth.

Uma vez por mês, um grupo de pessoas originárias de vários locais de Londres juntam-se numa localização secreta, uma cave de um restaurante em Dalston que serve como um clube improvisado, procurando algo que não encontram normalmente nos super clubes – qualidade, identidade e boa música. Esta é a noite de Disco Bloodbath, um evento snobmente virado para clássicos de outras épocas, misturados com as escolhas actuais que são clássicos em potência.

O nome Disco Bloodbath vem de um livro supostamente autobiográfico de James St. James sobre a vida de clubbers em Nova Iorque e o assassinato de um deles – não é propriamente a escolha mais agradável quando se pensa em sair a noite, mas funciona para manter o misticismo.

Esta mesma aura de mistério é auxiliada pela pouca informação disponível sobre as noites e nenhuma sobre a localização, sendo esta divulgada através de conversas entre amigos, uma maneira de controlar o número de entradas e o tipo de pessoas que frequentem a festa.

A RDB esteve à conversa com os três principais dinamizadores das noites Disco Bloodbath: Damon, Ben e Dan.

RDB – Aposto que não tinham as vossas colecções quando nasceram. Qual é a vossa história?

Damon – Eu gosto de muitos géneros musicais. A minha infância foi passada na nova Zelândia no final da década de 70, início de 80 e os dois géneros que melhor me lembro de ouvir na rádio eram o AOR/soft rock americano, como Steely Dan, Fleetwood Mac e Hall&Oates e o New Wave/Synth Pop como Talking Heads, Blondie ou New Order. Ainda adoro este tipo de coisas e ambos são uma influência nos meus DJ sets.

Ben – A minha mãe costumava ouvir bastante Motown, Hall&Oates, The Eurythmics, Womack&Womack e todo o Pop standard dos 80s. Costumávamos ter uma cassete VHS sempre em pausa para gravar as músicas que gostávamos no Top of the Pops e no The Chart Show. Ainda tenho vários discos antigos dela que gosto de tocar como Roxy Music, Michael McDonald e alguns “disco one hit wonders“.

Dan – Eu vivo obcecado com música desde que me lembro e passo tanto tempo em clubes que já agora era melhor ser pago para estar lá!

Citam a noite Horse Meat Disco como maior influência e estão agradecidos com o número de noites com influências Disco que estão a aparecer todos os meses, cada uma com a sua própria interpretação: Italo, Salsoul ou Hi-NRG. Outras noites que juntam à sua lista são E.S.P., The Cosmic Truth, Tropicana, Late Night Audio e Lowlife.

RDB – Têm feito outras festas para além da vossa noutros locais. A localização é um local temporário para chegarem a clubes maiores ou pensam em manter a noite mais pequena ?

Dan – Temos imensa sorte em sermos convidados para alguns dos nossos clubes favoritos como Bugged Out, Horse Meat, Secretsundaze e Fabric e também já organizámos algumas festas maiores, mas espero manter sempre as mais pequenas, debaixo de radar em caves, porque é ai que a magia acontece.

Damon – Somos auto-conscientes em manter Disco Bloodbath num tamanho onde não perca o que a faz tão especial, por isso penso que não vamos ver a noite em super clubes num futuro próximo. Em termos de convites para outros clubes com DJs, acho que os maiores como Fabric, Bugged Out em Londres e o Warehouse Project em Manchester são óptimos no que fazem e ficamos contentes de lá ir quando nos querem.

Ben – Gosto de ambos os tipos, pequeno e íntimo ou enorme e apocalíptico – cada um tem o seu mérito!

RDB – Que artistas e géneros vos interessam agora?

Damon – Estou a adorar o House of House 12” que saiu agora na Whatever We Want. Também sou um grande fã das editoras Dissident e History Clock.

Ben – Oiço muita música mais melódica aparte do que toco em clubes. Gosto muito de Hauschka de momento, ele é de Düsseldorf e faz música experimental de piano. Também gosto do álbum de James Yuill e a compilação Sleepwalk de Optimo – ambos muito relaxados.

RDB – E quanto do vosso tempo é utilizado em trabalhos originais ou edits?

Damon – Acabámos de lançar a Disco Bloodbath Productions com o nosso amigo Ben Rymer dos GucciSoundsystem/DFA e tenho trabalhado em alguns remixes. O primeiro é para Franz Ferdinand [Ulysses] e acabou de ser lançado. O Ben [Rymer] e eu também estamos a lançar uma editora chamada Channel 83.

Dan – Também sou residente de Macho City e estou a abrir o meu próprio clube em Dalston.

Ben – A nível de outros projectos sou residente no Gold Dust, onde entre quatro bandas por noite (todas com componente electrónica) passo Synth Pop e Disco. Está a ir muito bem. Temos interesse de clubes maiores a pedirem-nos para fazer lá a noite, o que seria muito bom para as bandas pois há muita gente da indústria musical que aparece com regularidade.

Os sets são na sua grande maioria baseados em vinil, não por serem puristas mas porque a maioria das faixas que querem passar apenas se encontram disponíveis nesse formato – não têm nada contra o uso de CDs pois acreditam que o formato não é o mais importante quando se toca a música que se gosta.

RDB – O que acham do surgimento de tantos edits, com tantas editoras a prensá-los e White Labels a sair?

Damon – Os edits existem desde o início da música house nos anos 80, ou talvez mais por isso não acho que vão desaparecer tão cedo. Há bons edits e maus edits, tal como as faixas originais. Prefiro julgar um
disco individualmente pelo seu próprio mérito do que formar uma ideologia do tipo – todos os edits são maus – ou algo do género.

RDB – Falei com vários DJs de Londres e já tive pessoalmente o mesmo problema – a maioria das salas não tem pratos em condições – preferem trazer muitos CDs como salvaguarda ou tentam exigir que as salas tenham os pratos em condições para usar vinil?

Ben – Sim, é extremamente chato! Nas últimas vezes que toquei, tenho apanhado pratos em condições horríveis, para além de estarem mal ligados. Não tenho a certeza se usar vinil é importante mas a verdade é que adoro discos e estes são importantes para mim. Mas, sem dúvida, é muito útil trazer música em CD devido ao estado dos pratos. Uma vez, acidentalmente, deixei os CDs em casa e a sala só tinha um prato a funcionar. Foi um pesadelo!

Dan – Muitos dos clubes esquecem-se de tomar cuidado com os pratos, o que é uma pena! Preferíamos tocar a música em singles de vinil do que em CDs mas nem sempre é possível, por isso trazemos sempre CDs e agulhas a mais!

Apesar de isto tudo, Disco Bloodabath parece ser bem aceite pela nova geração. Conseguem passar vários estilos musicais incluindo mais pesados, aliciando pessoas de várias cenas, desde o indie, electro, fashionistas e fãs de minimal que procuram algo diferente. Tudo isto porque todas as escolhas são tão pensadas como divertidas, mesmo quando tocam para outros DJs.

RDB – Então e para onde vai a Disco Bloodbath?

Dan – Quem sabe!

Damon – Fazer mais remisturas. Esperamos descobrir mais música nova e velha e partilhá-la com as pessoas incríveis que vêm ao nosso clube todos os meses.

Ben – Para o inferno!



Existe 1 comentário

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  1. goncalo.pereira

    vim de la, infelizmente as 1130 da noite ja havia um fila a volta do quarteirao com mais de 100 pessoas facilmente… engraçado ver pessoas as voltas em aldgate east a procura do clube certo. infelizmente a minha costela portuguese / estar sobrio fez que nao quisesse ficar tanto tempo na rua com 0 graus.

    o convidado principal era JG Wilkes dos Optimo! ja me comentaram que estava a abarrotar.. e vai continuar a noite toda ate as 7.

    i'm getting high! on your love!


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